60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E QUALIDADE DE ENSINO – UMA ANÁLISE DOS COLÉGIOS TÉCNICOS FEDERAIS

Regiane de Souza Costa1, 2, 4
Lucília Augusta Lino de Paula1, 2, 3, 5

1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
2. Instituto de Educação
3. Prof. Drª. - Departamento de Teoria e Planejamento de Ensino - Orientadora
4. Graduanda em Licenciatura em Educação Física
5. Diretora do Instituto Multidiscplinar


INTRODUÇÃO:
O presente trabalho engloba uma série de pesquisas integradas que investigam a Educação Profissional, buscando construir um perfil sócio-econômico dos agentes sociais (estudantes, pais e professores), suas trajetórias escolares, bem como a relação família-escola e sua influência na produção da qualidade de ensino nas instituições federais. Busca sistematizar resultados sobre as características dos jovens de 1º ano, que freqüentam 2 escolas da Rede Federal: CTUR – Colégio Técnico da Universidade Rural e EAFA/ES – Escola Agrotécnica Federal de Alegre. Essa pesquisa é um recorte do Projeto “Educação Profissional e Qualidade de Ensino: Investigando a Interação Família-Escola”, financiada pelo CNPq (Edital 19/2004/Universal), abrangendo pesquisas do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ. Tal projeto, de maior âmbito investigativo, estuda mais 5 instituições federais: CEFET Rio Pomba/MG; CEFET/RJ; CEFET Nova Iguaçu; EAFA/ES e EAS/MG, respectivamente, Escolas Agrotécnicas Federais de Alegre e Salinas, abrangendo na sua totalidade Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Assim, caminha-se para análise da realidade das instituições técnicas e agrotécnicas que trazem consigo a marca de excelência escolar, tão valiosa e reveladora para a Educação Brasileira.

METODOLOGIA:
Tal pesquisa recorreu a uma metodologia qualitativa, no que se refere à análise de dados, como o Projeto Político Pedagógico das instituições, fichas de matrícula, Histórico dos alunos, dados disponibilizados pelo MEC/INEP, como o ENEM, observações de campo, como a participação em reuniões de pais, traduzindo um caráter exploratório do ambiente escolar. Elaborou-se, também, um instrumento quantitativo, a saber, três questionários baseados naqueles desenvolvidos pelo SOCED/PUC RJ (Grupo de Estudos em Sociologia da Educação), que por sua vez foi inspirado nos do SAEB (Sistema de Avaliação em Educação Básica), aplicados aos alunos, pais e professores. Estes questionários constituem um survey que caracterizam esses agentes e suas práticas sociais, permitindo delinear os processos de socialização e representação da qualidade de ensino nas instituições, conjugando abordagens micro e macro-sociais, que permitem captar as variações econômicas, políticas, demográficas e conjunturais. Depois de testados e adaptados às escolas, os questionários foram aplicados e os dados tabulados a partir do programa SPSS, o que permitiu uma análise descritiva, interpretativa e estatística, que associadas à análise documental, observações de campo e relatórios permitiram uma consolidação dos resultados.

RESULTADOS:
Tanto no CTUR quanto na EAFA foram aplicados questionários aos alunos de 1˚ ano dos cursos Médio/Técnico, totalizando, respectivamente, 110 alunos e 105 alunos, com a média de idade de 15 anos. Quanto ao questionário dos pais o retorno foi de 74 no CTUR e 35 na EAFA. No que tange às trajetórias escolares, no CTUR, 51,8% e na EAFA, 11,4% dos alunos cursaram o Ensino Fundamental todo em escola particular e 28,2% (CTUR) e 71,4% (EAFA) em escola pública. Quanto ao meio mais utilizado para informação, o que mais se evidencia é TV com 75,5% e 56,9%; em segundo lugar está Internet com 13,7% e 19,7%, seguidas de jornais com 4,9% e 10,9%, respectivamente na EAFA e no CTUR. A maioria dos questionários de ambas as escolas foi respondida pelas mães (72%), o que denota a posição cêntrica da mãe no acompanhamento da escolaridade dos filhos. Quanto à profissão dos pais e sua escolarização encontrou-se um leque diversificado de ocupações e a predominância daqueles que cursaram o ensino médio. Quanto aos fatores de escolha da instituição, ambas as escolas (pais e alunos) tiveram percentuais acima de 95% para o item Uma escola de prestígio; Oferece uma boa formação cultural, 85%; Sucesso no vestibular, item mais marcado pelos pais do CTUR (98,6%) e menor incidência afirmativa na EAFA (77,1%).

CONCLUSÕES:
Os estudantes analisados apresentaram bom desempenho escolar, resultante, provavelmente, da integração entre a qualidade do ensino oferecido pela escola e as condições socioeconômicas oferecidas pelas famílias, que demonstram interesse, participação e empenho na escolarização dos filhos, contribuindo, assim, para o aumento e a manutenção do rendimento escolar. Partindo da análise dos agentes estudados evidencia-se que eles compõem uma camada da sociedade bastante heterogênea, composta por famílias de perfil socioeconômico diverso. Supõe-se que os alunos, mesmo aqueles que procedem de camadas menos providas de capital (econômico, cultural, social etc.), ao se matricularem nessa escola, estão de alguma forma inseridos à elite educacional. Mediante investimentos em estratégias educativas e escolares, as famílias estão simultaneamente adicionando capital simbólico às qualificações escolares dos seus filhos e, garantindo, assim, uma aproximação social de setores das elites que reforçam a aquisição de novas formas de capital. Além disso, pode-se inferir que a escola, como instituição de prestígio (fato confirmado pela disputa por vagas, capacitação dos professores e a parceria família-escola) atrai uma clientela que também a visualiza como um trampolim de acesso ao ensino superior.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Produção da Qualidade de Ensino, Relação família-escola

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