60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

PRESSÃO ARTERIAL, ESTADO NUTRICIONAL E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, PARAÍBA.

Fernanda Licia Gurgel Fernandes1
Cássio José Nascimento Pereira1
Johnnatas Mikael Lopes1
Lívia Cristina Rodrigues Ferreira Lins1
Natane Daiana Silva Sousa1
Adriana de Azevedo Paiva1

1. Universidade Estadual da Paraíba-UEPB


INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares, tendo em vista a sua alta freqüência e graves conseqüências. Estudos epidemiológicos realizados no Brasil estabelecem que a prevalência de HAS em crianças e adolescentes varia de 3,6% a 16,6%. Nas últimas décadas vêm sendo sugerido que a HAS do adulto é uma doença que se inicia ainda na infância, o que tem aumentado o interesse pela avaliação da pressão arterial (PA) em crianças. O excesso de peso e, especialmente, a obesidade abdominal, correlacionam-se com a maioria dos fatores de risco cardiovascular, apresentando maior impacto sobre a elevação da PA. A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe que se classifique a anormalidade do peso corporal pelo índice de massa corporal (IMC) e a distribuição da gordura corporal pela circunferência abdominal (CA) ou pela circunferência da cintura (CC). Porém, ainda não foram estabelecidos pontos de corte para a predição de risco para crianças e adolescentes, no tocante à CC ou a CA. O presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre a pressão arterial, o estado nutricional e a composição corporal de escolares em escolas públicas da zona urbana do município de Campina Grande-PB.

METODOLOGIA:
Estudo transversal envolvendo 71 escolares de sete a dez anos de idade, matriculadas em escolas públicas de Campina Grande-PB. O critério de exclusão foi a presença de patologias que poderiam alterar a PA. A PA foi avaliada em dois dias diferentes, por um único examinador previamente treinado, com as crianças em repouso de dez minutos. As medidas foram realizadas em duplicata, com intervalo mínimo de três minutos, utilizando-se estetoscópio e esfigmomanômetro pediátricos da marca BDÒ. O diagnóstico da PA foi realizado com base nos critérios da "Task Force on Blood Presure Control in Children" (1996). Para as análises de associação, os valores de pressão arterial foram categorizados em: PA normal e PA limítrofe/elevada. A avaliação nutricional compreendeu a aferição do peso e da estatura, e a da composição corporal, a CC e as dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCS). Para classificação do estado nutricional utilizou-se o IMC segundo propostas do NCHS, 2000. As medidas da composição corporal foram obtidas através das referências propostas por Harrison et al. (1998) e Callaway et al. (1998). Os dados foram analisados no software EpiInfo v.6.04, considerando-se o nível de significância de 5% para as análises.

RESULTADOS:
Foram estudados 71 escolares com idade de sete a dez anos incompletos, provenientes de duas escolas municipais, sendo que 50,7% eram do sexo masculino. A média (DP) de idade observada foi de 8,9 anos (1,1 ano), sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos (p = 0,957). Verificou-se que 11,3% das crianças apresentaram PA elevada, e 2,8% PA limítrofe. Não houve associação significativa entre PA e sexo (p = 0,188) e PA e faixa etária (p = 0,070). A avaliação nutricional permitiu verificar que 11,3% das crianças apresentaram baixo peso e 5,6% sobrepeso/obesidade. As médias (DP) de DCT, DCS e CC foram, respectivamente, 9,9 mm (2,8 mm), 6,8 mm (2,0 mm) e 57,1 cm (5,0 cm). Observou-se associação significativa entre a PA e o estado nutricional, segundo o IMC (p < 0,001), sendo que 100,0% das crianças com baixo peso tiveram PA normal e 100,0% das crianças com sobrepeso/obesidade tiveram PA limítrofe/elevada. Comparando-se crianças com PA normal e crianças com PA limítrofe/elevada, verificaram-se médias (DP) de DCT de 9,3 mm (2,2 mm) e 13,6 mm (3,4 mm); DCS de 6,3 mm (1,3 mm) e 10,0 mm (2,6 mm); e, CC de 55,9 cm (3,5 cm) e 64,5 cm (6,2 cm), respectivamente, com diferença estatisticamente significativa (p < 0,001).

CONCLUSÕES:
Os resultados da presente pesquisa mostraram que houve uma alta prevalência de PA elevada nas crianças, e ainda, que as crianças com PA elevada foram as que apresentaram as maiores medidas relativas à avaliação do estado nutricional e da composição corporal. Estudos epidemiológicos mostraram que não só a etiologia de grande parte das doenças cardiovasculares tem sua raiz na infância, podendo ser identificados precocemente, como também os fatores ambientais, tais como o estado nutricional, influenciam significantemente o aparecimento da HAS e da obesidade. Esses resultados reforçam os achados de recentes pesquisas, e alertam para a necessidade do monitoramento precoce da PA, do estado nutricional e composição corporal infantil. Sendo a HAS na infância determinada por um conjunto de fatores, é essencial educar a criança e os pais acerca da importância da alteração do estilo de vida, a manutenção do peso corporal adequado e a prática de exercícios físicos para a prevenção desta grave patologia.

Instituição de fomento: Universidade Estadual da Paraíba - UEPB- (PIBIC/ CNPq)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Hipertensão, Estado nutricional, Crianças

E-mail para contato: fernandalicia.gurgel@hotmail.com