60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 69. Relações Públicas e Propaganda

COMUNICAÇÃO EM REDES SOCIAIS DO TERCEIRO SETOR: UMA LEITURA A PARTIR DA REDE AMIGA DA CRIANÇA DE SÃO LUÍS – MA

Kamila de Mesquita Campos1

1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA


INTRODUÇÃO:
Através da observação da Rede Amiga da Criança - RAC, acompanhamos o processo de formação de redes pelo Movimento de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes - MDDCA de São Luís - MA, identificando as estratégias utilizadas, benefícios e desafios enfrentados e o papel da comunicação, e dos seus instrumentos, nesse processo de articulação. O interesse por este estudo surge da constatação de que o mundo contemporâneo vem passando por um processo de transformação social, econômico e político nunca visto antes. Os organismos que compõem o Terceiro Setor sentiram também essas transformações e tiveram que se adequar, buscando alternativas para sua manutenção e sobrevivência, além de repensar as formas de atuação, divisão do trabalho e até estabelecimento e conservação de uma imagem confiável. A comunicação organizacional surge como um elemento estratégico para lhes oferecer coerência interna e visibilidade, dinamizando o relacionamento com os atores internos e externos, levando as suas pautas até a sociedade e contribuindo para que sejam eficientes e alcancem seus objetivos. Além disso, a troca ou o somatório dos conhecimentos possibilitam a formação e a informação que, por sua vez, dita o nível do poder de pressão, organização, mobilização e mudança.

METODOLOGIA:
Inicialmente, realizou-se um levantamento bibliográfico sobre os conceitos ligados ao tema, como movimentos sociais, ONGs, terceiro setor, cidadania, redes sociais, NTCIs e comunicação organizacional. Para investigar a rotina e funcionamento da RAC, uma observação direta aconteceu com visitas à Unidade de Apoio, participação em reuniões e acompanhamento de algumas atividades. Buscando aprofundar e esclarecer os dados obtidos até então, uma análise qualitativa foi realizada com os representantes das organizações na RAC, aplicando um roteiro aberto e flexível na técnica da auditoria de opinião. Além disso, houve a análise dos instrumentos de comunicação, publicações e documentos administrativos.

RESULTADOS:
Mesmo existindo um conceito de rede no qual todas se apóiam, cada uma o adapta de acordo com suas necessidades, desenvolvendo modelos e instrumentos de gestão. A criação de instrumentais como protocolos, fichas, documentos etc., que explicitam compromissos e competências e monitoram o seu cumprimento facilita a convivência e a sistematização dos dados, pois planejar, avaliar e monitorar em rede é essencial. No caso da RAC, podemos citar o protocolo de intenções, os projetos articulados, as sistematizações de experiência, GT’s, assembléias, relatórios e a Unidade de Apoio. Aspectos gerais que as caracterizam, como flexibilidade, isonomia, adesão voluntária etc., vem sendo empregados na RAC. Do ponto de vista da comunicação organizacional, os dados levantados apontam que o trabalho desenvolvido tem sido importante. A comunicação tem auxiliado na transparência, credibilidade, motivação e sentimento de pertença do grupo, fortalecendo e proporcionando a divulgação da atuação da rede através de boletins, e-mails, eventos, matérias em jornais e encontros mensais dos representantes das organizações nas assembléias e GT’s. Por se tratar de um sistema aberto, as organizações estão em processo constante de interação, havendo permeabilidade de valores, culturas e práticas de gestão.

CONCLUSÕES:
Apesar dos desafios a serem enfrentados, nota-se que o trabalho em rede é uma alternativa viável que fortalece o Terceiro Setor, garantindo maior capacidade de mobilização, troca de experiências, captação e compartilhamento de recursos. Permite a ampliação da atuação, potencialização de resultados, captação de recursos, maior visibilidade e credibilidade das organizações e movimentos perante parceiros e sociedade. Assim, o papel da comunicação deve ir além da troca de informações, pois, por ter participação voluntária, o sucesso da rede também depende de motivação e vontade de interação. Deve ser um instrumento para auxiliar na transparência, credibilidade e sentimento de pertença do grupo, fortalecendo a rede e influenciando no estabelecimento e consolidação da imagem organizacional. As Novas Tecnologias de Comunicação e Informação vêm exercendo papel importante, encurtando distâncias e agilizando a troca de informação. Por se tratar de uma ligação entre várias organizações que estão em rede, mas também possuem uma existência independente, é preciso ter sensibilidade para utilizar os instrumentos e canais de comunicação adequados. A promoção de eventos, pesquisa de opinião e a sistematização de dados que possibilitem a disseminação das experiências e mobilização é fundamental.

Instituição de fomento: Agência de Notícias dos Direitos da Infância - ANDI e Fundação W.K. Kellogg



Palavras-chave:  Redes sociais, Terceiro Setor, comunicação organizacional

E-mail para contato: kamila_mesquita@hotmail.com