60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social

ALFABETIZAÇÃO E TERCEIRA IDADE: INCLUSÃO SOCIAL

ANGÉLICA APARECIDA VALENZA1
HUGO PIRES JUNIOR2

1. Psicologia/CESUMAR - Centro Universitário de Maringá
2. Professor Orientador


INTRODUÇÃO:
Os idosos fazem parte de uma camada significativa da população tendo sido, em períodos diversos, indivíduos que contribuíram para o desenvolvimento das suas comunidades. Estes indivíduos deverão deparar-se, na atualidade, com realidades em que se percebem incapazes levando-os a transformar-se em excluídos potenciais. Tais realidades são representadas pelas novas tecnologias e pelo limitado acesso a elas sendo este determinado, via de regra, pela não habilitação intelectual dos idosos decorrente da ausência do processo de alfabetização gerador, a curto prazo, de impeditivo para a interação pessoal e social destes indivíduos. Ouvir esta população em suas necessidades, para em seguida criar mecanismos que leve a efetiva participação social, integrando-a no processo informativo por meio da habilitação intelectual (princípio básico da alfabetização) econômica e cultural parecer ser necessário. Este trabalho tem o objetivo de caracterizar a concepção do idoso integrado a grupo social diferenciado (vila rural) a respeito da alfabetização, visando, a partir dos dados levantados, propor métodos e técnicas que sejam facilitadores no processo de aprendizado das vivencias sociais futuras.

METODOLOGIA:
A amostra foi constituída por dez indivíduos idosos sendo cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino integrados a um núcleo social diferenciado (vila rural). O instrumento de observação foi um roteiro de entrevista gravada sendo as falas transcritas e analisadas. Os dados foram organizados em três categorias: (a) alfabetização na infância, (b) educação no decorrer da vida e (c) opinião a respeito da alfabetização na terceira idade.

RESULTADOS:
Em relação à categoria (a) os dados demonstram uma carência quase absoluta do processo educacional entre os sujeitos dos dois gêneros onde a tradição do “não estudo” aliado a dificuldades para a aquisição de instrução básica, “teve que trabalhar para ajudar na casa” redunda na realidade futura de aceitar qualquer trabalho por não ter tido oportunidade de estudar “o trabalho é pesado, não se pode escolher serviço”. É observado a mesma tendência em relação à categoria (b) onde a carência inicial persiste e onde as necessidades básicas não resolvidas alijam o indivíduo de oportunidades de transformação da sua realidade. Na categoria (c) as falas privilegiam a necessidade do aprendizado, “quanto mais aprende melhor é” ... “um pouco que a pessoa aprende já serve”, como levam a uma descaracterização do processo “pra que estudar hoje!!... daqui três ano eu me formasse, eu morria! Prá que estuda? Nois véio não precisa de estuda!” (sic). Esta posição pode ser compreendida, no entanto, há de ser considerada as possibilidades de readaptação e de criação do homem ao seu meio, possibilitada principalmente pelo processo educacional formação mesmo quando apresenta idade avançada (idoso). No entanto a abordagem educacional com idosos requer uma imersão no seu universo para compreendê-lo e uma prática pedagógica específica, considerando as características físicas, psicológicas e sociais dessa faixa etária.

CONCLUSÕES:
A vida do idoso na Vila Rural não prioriza as atividades intelectuais, decorrentes do processo de alfabetização, não requer “homem letrado” a realidade é de subsistência (plantio de lavouras, criação de animais para o próprio consumo), pois num ambiente rural, o que conta mesmo é a prática. Estas atividades rotineiras, no entanto, não apagam a percepção dos sujeitos a respeito das suas necessidades de conhecimento e de acesso a ele possibilitado pela leitura, o que gera, no idoso, uma sensação de tempo perdido levando-o a acalentar sonhos de um dia aprender a ler e a escrever, para ser pessoas autônomas. Os sujeitos valorizam a alfabetização e anseiam, no entanto, qualquer proposta a ser implantada deverá considerar a realidade desta população (saúde, dificuldades de locomoção, p.ex.) o que exigirá o esforço, constante, da pesquisa para a sua implementação.



Palavras-chave:  Terceira idade, Alfabetização, Inclusão social

E-mail para contato: aa.valenza@hotmail.com