60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Existe hoje uma grande preocupação em relação ao grau de tratamento, ao destino final dos esgotos e as suas consequências sobre o ambiente. Em decorrência destes aspectos, é crescente o uso das lagoas de estabilização como forma de tratamento para as águas residuárias. As lagoas de estabilização são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaerobia) e/ou redução fotossintética das algas (Jordão & Pessôa, 2005), e são caracterizadas pela simplicidade e eficiência do processo de remoção da matéria orgânica, baixo custo operacional e baixo custo de construção. Este trabalho se refere à pesquisa que foi desenvolvida na Estação de Tratamento de esgotos do bairro CPA III, localizada na cidade de Cuiabá – MT, objetivando avaliar através de variáveis físico-químicas, no período de estiagem e de chuva, o desempenho do sistema, o qual é constituido de uma lagoa facultativa seguida por duas lagoas de maturação.

METODOLOGIA:

Esta pesquisa foi realizada no sistema de lagoas de estabilização no bairro CPA III, localizado na cidade de Cuiabá/MT, operada pela Companhia de Saneamento da Capital (SANECAP). O sistema é constituído por uma lagoa facultativa e duas lagoas de maturação que tratam os esgotos provenientes dos bairros CPA II, CPA III e parte do CPA IV e Novo Mato Grosso, atendendo a um total de 42,3 mil habitantes. O monitoramento abrangeu o período compreendido entre 22 de março a 29 de agosto de 2007, totalizando 09 amostragens e contou ainda com os dados de 11 amostragens disponibilizados pelo primeiro ano do monitoramento realizado através do “Projeto piloto para operação, otimização e urbanização das lagoas de estabilização do bairro CPA III em Cuiabá/MT”, compreendida entre 24 de Julho de 2006 a 3 de Janeiro de 2007. Tais amostras foram realizadas em quatro pontos: P1: esgoto bruto, logo após a Calha Parshall ; P2: efluente da lagoa facultativa; P3: efluente a primeira lagoa de maturação; P4: efluente final do sistema. Foram avaliados nesses pontos as seguintes variáveis: alcalinidade, DQO, DQO filtrada, DBO, série de sólidos, nitrogênio amoniacal e Kjeldahl, fósforo total. Realizou-se ainda, medidas in situ nas lagoas, tais como: oxigênio dissolvido (OD), pH e temperatura. As coletas e as análises físico-químicas foram realizadas segundo as metodologias descritas pelo Standard Methods of the Examination Water and Wastewater, 20ª edição (1998).

RESULTADOS:

A eficiência média de remoção de DQO no sistema de tratamento foi igual a 70% no período chuvoso, no período de estiagem este valor foi de 57,86%. Portanto, o valor da eficiência média no período chuvoso encontra-se na faixa esperada para sistemas de lagoas de estabilização, o que não ocorre no período de seca. A eficiência média de remoção de DBO no período chuvoso foi de 74,84% e de 76,88% no período de seca, eficiências estas que se encontram abaixo da faixa de eficiência esperada para sistemas de lagoas de estabilização, que varia de 80 a 85%. A eficiência média de remoção de sólidos totais no período chuvoso foi de 48%, enquanto que no período de seca esse valor foi de 43%. A baixa remoção de sólidos nos dois períodos estudados é possivelmente influenciado pelo crescimento excessivo de algas nas lagoas de maturação, visto que elas representam praticamente a totalidade dos sólidos em suspensão presentes no efluente final. Quanto aos resultados de nutrientes, como fósforo e nitrogênio, as eficiências médias de remoção foram menores que 40%.

CONCLUSÕES:

O monitoramento do sistema de tratamento do bairro do CPA III durante o período de 22 de março de 2006 a 3 de Janeiro de 2007 permitiu verificar que a remoção de matéria orgânica é inferior ao sugerido na literatura e que, embora a remoção de nutrientes tenha sido satisfatória a sua concentração no efluente final ainda é considerado bastante elevado.

Instituição de fomento: FAPEMAT

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Lagoas de estabilização, Monitoramento, Eficiência

E-mail para contato: leandroo.bruno@gmail.com