60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

RESISTÊNCIA BACTERIANA COMO INDICADOR DA NECESIDADE PARA IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMA DE USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE CAMPINA GRANDE-PB

Patrícia Maria de Freitas e Silva3
Francisco Fábio Martins de Oliveira1
Lindomar de Farias Belém4
Larissa Chaves Costa1
Pedro Saulo Pachu dos Santos1
Daniele de Sousa Araújo2

1. Universidade Estadual da Paraíba
2. Faculdade Leão Sampaio
3. Profª.Ms. - Farmácia- UEPB.Orientadora
4. Profª.Dra. -Farmácia-UEPB- Co-Orientadora


INTRODUÇÃO:
Dentre as várias normas regulamentadas pelo PCIH (Programa de Controle de Infecções Hospitalares) através da portaria 2618/98, não se encontra inserida a obrigatoriedade da existência de laboratórios de Microbiologia dentro de hospitais, capazes de detectar resistência bacteriana através de dados laboratoriais. Muitos hospitais no Brasil que não dispõem do seu próprio laboratório de Microbiologia costumam terceirizar os serviços de Microbiologia, fato este que, na maioria das vezes gera demanda reprimida, em função da necessidade de economia financeira. A conseqüência para este fato é um mau funcionamento das comissões de controle de infecção hospitalar que catalogam dados de resistência bacteriana apenas com base em evidências clínicas de falha terapêutica ao tratamento. O objetivo do presente trabalho é demonstrar que dados oriundos de um laboratório de Microbiologia desempenham um papel crítico no contexto da racionalização de antibióticos, pois é responsável pela identificação de bactérias e realização de testes de sensibilidade, sendo a fonte para estudos epidemiológicos e planejamento estratégico dentro de um hospital, inclusive, alertando sobre a necessidade de se instituir um programa de educação continuada sobre uso racional de antimicrobianos no hospital.

METODOLOGIA:
Materiais clínicos provenientes de infecções surgidas após 72 horas de internação hospitalar foram devidamente colhidos com swab estéreis, imersos em caldo BHI e imediatamente encaminhados ao laboratório de Microbiologia do hospital. Foram semeados em agar sangue, agar manitol salgado e agar EMB e incubados a 35ºC durante 18-24 horas.A identificação das bactérias Gram-negativas fermentadoras crescidas nos citados meios de cultura foi realizada através de meios TSI, MIO, Lisina,Uréia, citrato, fenilalanina, Vm/VP. As bactérias não fermentadoras foram identificadas através do kit BBL crystal E/NF. Posteriormente, foram realizados os testes de sensibilidade aos antimicrobianos, utilizando escala de Mac Farlando nº 5. Vários antimicrobianos foram testados, porém aqui enfatizaremos apenas aqueles utilizados na rotina clínica do hospital, tais como, cefalotina, cefoxitina, cefalexina, ceftriaxona, ciprofloxacina, sulfametoxazol-trimetoprim e oxacilina .

RESULTADOS:
Foram estudados 40 pacientes portadores de infecções hospitalares no período de Janeiro a Março de 2008, sendo que 19 apresentavam infecção de ferida cirúrgica, 12 apresentavam infecção urinária, 05 hemoculturas positivas e 04 infecções de escaras. Destas, 32 bactérias foram devidamente isoladas, sendo que 22 (68,8%) foram Gram-negativas com predominância de Escherichia coli (31,8%) e Pseudomonas aeruginosa (31,8%) e (28,1%) foram Gram-positivas com predominância de Staphylococcus aureus (66,7%). Os dados que causaram impacto foram relativos aos altos índices de resistência aos antibióticos mais utilizados na rotina daquele hospital. Em relação às Pseudomonas e E.coli, respectivamente, as resistências foram: para cefalotina (100% e 85,7%), cefalexina (100% e 100%), cefoxitina (100% 100%), ceftriaxona (100% e 85,7%), sulfa (100% e 100%), ciprofloxacina (85,7% e 57,14%).Em relação aos Gram-positivos, a resistência dos Staphylococcus aureus de 55,5% à oxacilina impressionou a todos, pois não se imaginava que cepas de MRSA circulassem naquele hospital, fato este que implicará em sérias medidas de proteção como,no mínimo, o isolamento do portador de tal bactéria.

CONCLUSÕES:
Por mais que os dados clínicos apontassem para a necessidade de se repensar o uso de antimicrobianos no hospital em questão, o funcionamento do laboratório de Microbiologia, literalmente alardeou os profissionais sobre a necessidade de se instituir um sério Programa de educação médica continuada sobre a racionalização dos antimicrobianos, evitando a seleção de cepas resistentes pelo uso abusivo de determinados antibióticos e envolvendo restrição do número de antimicrobianos no formulário terapêutico, além de correta profilaxia antimicrobiana em cirurgia. Na verdade, é preciso que se monte uma verdadeira estratégia de procedimentos para a racionalização dos antimicrobianos como proteção aos que utilizam os serviços do hospital em questão.



Palavras-chave:  infecção, antimicrobianos, resistência

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