60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

LETRAMENTO DIGITAL E APRENDIZAGEM NA ERA DA INTERNET: UM DESAFIO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Ana Paula Pontes de Castro1
Janaína Ovídio de Carvalho1
Laura Campos de Oliveira e Souza1
Lélia Dias de Souza1
Pedro Henrique Nobre Rittmeyer1
Maria Teresa de Assunção Freitas1

1. Universidade Federal de Juiz de Fora


INTRODUÇÃO:
Este trabalho se refere à pesquisa “Letramento Digital e Aprendizagem na Era da Internet: um Desafio para a Formação de Professores”(financiada pelo CNPq e FAPEMIG) que foi realizada pelo Grupo de Pesquisa Linguagem, Interação e Conhecimento, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. O trabalho tem como enfoque teórico-metodológico a abordagem histórico-cultural envolvendo a teoria psicológica da construção social do conhecimento de Vygotsky e a teoria enunciativa da linguagem de Bakhtin. Buscamos compreender, através de suas práticas discursivas, como professores em preparação e professores atuantes nas redes de ensino fundamental e médio de Juiz de Fora, estão enfrentando e se posicionando diante da cultura tecnológica da informática com o que ela oportuniza através do computador e da internet, construindo com estes docentes, em sua formação inicial e/ou continuada, um conhecimento compartilhado sobre as possibilidades levantadas pela cibercultura no campo do letramento e da aprendizagem, levando-os a uma reflexão que possibilitasse uma ação transformadora de sua prática educativa. Outro objetivo foi a criação de estratégias metodológicas que possibilitassem intervir na realidade investigada numa perspectiva de mudança. Assim, nos preocupamos em constituir essa pesquisa como um espaço de formação.

METODOLOGIA:
Trabalhamos com uma pesquisa qualitativa de abordagem histórico-cultural. Organizamos um campo central com duas frentes de trabalho. Na primeira, trabalhamos com professores de ensino fundamental de uma escola particular em sessões reflexivas e na segunda com professores de escolas públicas municipais em grupos focais reflexivos. Também desenvolvemos 04 sub-grupos nos quais dois se dedicaram ao trabalho com formação inicial de professores e dois se envolveram com formação continuada. O sub-grupo I atuou com um Curso de Pedagogia presencial da Universidade Federal de Juiz de Fora; o sub-grupo II focalizou o Projeto Veredas (curso de formação de professores à distância); o sub-grupo III focalizou um grupo de professores de escolas públicas abordando a relação da internet com o trabalho da pesquisa escolar; o sub-grupo IV acompanhou o desenvolvimento de um projeto (Jovens navegando pela cidade) com alunos de uma escola pública municipal. As estratégias metodológicas utilizadas (entrevistas dialógicas individuais e coletivas, encontros dialógicos, sessões reflexivas e grupos focais reflexivos) objetivaram provocar mudanças nos participantes envolvidos na pesquisa. Percebemos que pesquisas de intervenção, que funcionam como um espaço de formação e integram um trabalho reflexivo sobre a própria prática pedagógica podem ser importantes alternativas para um efetivo uso do computador/internet na escola.

RESULTADOS:
Com os trabalhos desenvolvidos nos sub-grupos I e II (formação inicial e continuada de professores), pudemos compreender como os professores dos cursos de formação, tanto presenciais quanto a distância, ainda não se integraram de fato à cibercultura. O sub-projeto III funcionou como um projeto piloto para o Campo central pois trabalhou com sessões reflexivas, testando a metodologia e mostrando-nos a sua viabilidade. No Projeto Central, trabalhamos com uma escola particular refletindo com os professores através de sessões reflexivas, levando-os a enfrentar um movimento de transformação. Já o trabalho com grupos focais reflexivos realizado com professores de escolas públicas da rede municipal discutiu sobre seu uso do computador/internet no curso oferecido pela secretaria municipal de educação de Juiz de Fora. Os professores não trabalham com o computador/internet e não discutem sobre as possibilidades abertas pelas tecnologias na sua formação inicial e na certa terão dificuldades para incluí-los em sua prática futura. Na formação continuada a dificuldade persiste, pois o computador/internet é visto apenas em seu aspecto instrucionista.

CONCLUSÕES:
Torna-se necessário um esforço para um conhecimento mais profundo do computador/internet, seus programas e formas de utilização para que se possa adequá-los às necessidades e objetivos educativos. Não basta equipar as escolas com laboratórios de informática e oferecer para os professores cursos de iniciação a esses instrumentos. Deve haver uma discussão maior sobre o que se altera na aprendizagem com o uso dessas tecnologias. É necessário que toda a organização escolar seja repensada, em termos de espaços e tempos compatíveis com a lógica dessas tecnologias e também a própria organização curricular. É preciso que haja sua inclusão no projeto político pedagógico da escola. Pesquisas como a que realizamos são importantes para que as ações de formação não fiquem reduzidas a meros treinamentos para o uso instrucionista do computador/internet, mas que se constituam como um espaço de formação de professores. Nesse sentido, o papel da universidade é rever seu processo de formação inicial de professores e aproximar-se da realidade das escolas de ensino fundamental e médio, inserindo-se nelas através de pesquisas que envolvam o professor ativamente no processo de investigação de sua própria prática, descrevendo, informando, confrontando e elaborando propostas para implementar mudanças.

Instituição de fomento: CNPq e FAPEMIG

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  computador/internet, formação de professores, ensino-aprendizagem

E-mail para contato: anapaulapcastro@yahoo.com.br