60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

INFLUENCIA PSICOLÓGICA NO CÂNCER: UM ESTUDO COM UM GRUPO DE MULHERES COM CÂNCER UTERINO.

Ângela Vieira Alves1

1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA.


INTRODUÇÃO:
No cotidiano, em geral, percebe-se que as pessoas com neoplasia maligna apresentam um estilo de vida patológico. Então, sob o impulso gerado nas observações do cotidiano, procedeu-se a uma pesquisa de campo que teve como objetivos verificar a ligação entre conflitos emocionais na área da sexualidade e o desenvolvimento de câncer uterino nas mulheres que participaram da pesquisa e proporcionar aos profissionais da saúde, especialmente aos que atuam na área da saúde mental, o conhecimento de que situações emocionalmente estressantes, aliadas a fatores biológicos, podem desencadear um processo cancerígeno. O trabalho iniciou-se com uma revisão da historia do câncer, destacando-se registros do passado e trabalhos recentes sobre a etiologia, evolução e o tratamento do câncer. Na metodologia, se utilizou para levantamento dos dados, a entrevista não-estruturada e a técnica projetiva Desenhos-Estórias do professor Trinca. Os dados por sua vez, foram interpretados através da análise de conteúdo com o apoio da fenomenologia. O relatório da pesquisa apresentará as conclusões resultantes da análise e interpretação dos dados. Por fim, serão feitas algumas reflexões concernentes ao que vem sendo feito para atender física e psicologicamente a mulher afetada pelo câncer de útero.

METODOLOGIA:
Participaram desta pesquisa quatro mulheres portadoras de cânceres uterinos, em tratamento no Hospital da F.A.P. (Fundação Assistencial da Paraíba) e hospedadas no CERTO (Centro de Recuperação para Pacientes Oncológicos), ambos localizados em Campina Grande. A escolha destas, foi feita aleatoriamente pelo setor de assistência psicológica do referido hospital. O projeto previa investigar dez mulheres, mas apenas quatro tomaram parte da pesquisa; destas, apenas duas se dispuseram a realizar a entrevista e o psicodiagnóstico, as outras duas só responderam as questões da entrevista. Os instrumentos utilizados foram à entrevista semi-estruturada, constituída por questões de identificação das pacientes e da história de suas patologias e o teste Desenho-Estórias do professor Trinca, constituído por cinco produções gráficas, no qual, em cada desenho, o examinando cria uma estória, passando-se a fase de “inquérito” realizada pelo pesquisador, que irá considerar a verbalização do sujeito, o título dado ao desenho e a interpretação da produção gráfica; a análise e interpretação dos dados foram feitas a partir de um referencial fenomenológico que relaciona a fala com o todo e as partes do discurso com o contexto onde os conteúdos são gerados.

RESULTADOS:
Caso 1: os pais trabalhavam fora de casa; o pai tinha ciúmes da mãe; esta paciente foi trabalhar em casa de família aos 12 anos; casou-se aos 13 anos; o marido a desprezava; perdeu o primeiro filho; separou-se; casou novamente; teve 5 filhos, os 3 primeiros morreram; aos 29 anos retirou o apêndice, um cisto no ovário e ligou as trompas; aos 30 anos retirou um caroço no baço e outro no fígado; aos 36 anos fez uma histerectomia. Foi entrevistada aos 44 anos. Caso 2: perdeu a mãe aos 3 anos; o pai era muito ignorante; cuidou da casa e dos irmãos; depois foi morar com a tia; casou-se aos 18 anos, tiveram 11 filhos, 2 abortos; submeteu-se a uma histerectomia. Foi entrevistada aos 68 anos. Caso 3: perdeu a mãe aos 2 anos; o pai morreu de câncer de intestino, quando a mesma tinha 18 anos; foi morar com um tio muito ignorante; casou; teve 2 filhos; aos 42 anos foi submetida a uma histectomia. Foi entrevistada aos 43 anos. Caso 4: o pai batia na mãe e separaram-se quando ela tinha 2 anos; casou-se aos 17 anos; deixou o marido porque achava que ele estava envolvido com drogas; casou-se com um “velho” ciumento, gosta dele porque ele é honesto; ele mantém relação sexual extraconjugal; ira se submeter a uma histerectomia. Foi entrevistada aos 47 anos.

CONCLUSÕES:
Neste trabalho, verificou-se que a historia de vida dos portadores de câncer é marcada por circunstancias emocionais estressantes que, aliadas a distúrbios orgânicos, podem ter tornado possível o desenvolvimento de suas neoplasias malignas. Outros elementos que se sobressaíram nesta investigação foram às condições de vida socioeconômicas precárias dos doentes, que, por si só, são estressantes e o exercício de atividades de intenso esforço físico Os dados coletados em relação ao câncer de útero nesta pesquisa indicaram que este órgão se tornou o órgão de choque para a expressão dos conflitos familiares e sexuais não resolvidos. Das quatro mulheres participantes da pesquisa, duas vivenciaram conflitos emocionais na área da sexualidade com seus esposos, e as outras duas perderam suas mães em suas infâncias, os pais eram ignorantes e não lhes proporcionaram assistência afetiva adequada. Quanto às produções gráficas, o útero foi representado por um jarro sem vida, por um porco com caroço na barriga e flores mutiladas, estas representações são as memórias do útero projetadas nos desenhos; figuras humanas também estão ilustradas nos desenhos.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Estresse, Câncer, Útero

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