60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA DA PEROXIDASE OBTIDA DE EXTRATOS BRUTOS DE VEGETAIS DA REGIÃO DE IMPERATRIZ-MA

Andréia Cardoso Pereira1
Elizabeth Nunes Fernandes1

1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


INTRODUÇÃO:
As reações catalisadas por enzimas vêm sendo usadas com diferentes propósitos como a determinação de fármacos, inibidores e outros. Há um grande interesse no desenvolvimento de métodos enzimáticos empregando-se extratos brutos de vegetais no lugar de enzimas purificadas devido a disponibilidade de material, baixo custo, alta concentração enzimática e boa estabilidade dos extratos. A peroxidase é uma enzima que tem papel importante no metabolismo fisiológico das plantas e pode ser usada em procedimentos analíticos para a determinação de espécies químicas de interesse. Existe um grande interesse comercial por esta enzima devido as suas múltiplas aplicações (indústria de papel e celulose, de alimentos, análises bioquímicas). Vegetais como abobrinha, mandioca, pepino dentre outros têm sido fonte de peroxidase entretanto, estudos anteriores revelaram que a atividade enzimática da peroxidase pode variar de vegetal para vegetal dependendo das condições de cultura, clima e vegetação. O Brasil possui grande variedade de vegetais, mas ainda são poucos os estudos em busca de novas fontes de enzimas. Assim, este trabalho consiste em avaliar a atividade da peroxidase em algumas fontes vegetais procedentes de cultivo local e comparar os dados obtidos com aqueles fornecidos pela literatura

METODOLOGIA:
Os vegetais utilizados neste trabalho foram adquiridos em quatro locais diferentes: dois supermercados e duas feiras livres da cidade de Imperatriz, procedentes de diversos locais de cultivo da região. Os vegetais selecionados foram: macaxeira, abobrinha, pepino, inhame e batata-doce. Após a lavagem e secagem, 25 g do tecido vegetal descascado são picados e homogeneizados em liqüidificador com 100mL de tampão fosfato 0,1 mol. L-1(pH 6,5), contendo 2,5g do agente protetor (PVPs:polivinilpirrolidonas). Em seguida, o homogenato é filtrado em quatro camadas de gazes e centrifugado a 25000xg (1800 r.p.m.) durante 15 min a 4ºC. A solução sobrenadante é dividida em diversas alíquotas, armazenadas em refrigerador a 4º, usadas como fonte de peroxidase e empregadas nas determinações da atividade enzimática..A atividade da enzima peroxidase presente no extrato bruto, foi determinada medindo-se a variação de absorbância (λ = 470 nm) do tetraguaiacol formado na reação enzimática. Nessa determinação foram usados 0,2 mL da solução sobrenadante (homogenato), 2,7 ml da solução de guaiacol 0,05mol.L-1 e 0,1 mL da solução de peróxido de hidrogênio 10,3 mmol.l-1 em tampão fosfato 0,1 mol.L-1 (pH 6,5), a 25º C.

RESULTADOS:
Os seguintes dados correspondem à média dos valores de atividade (unidades.mL-1) da enzima peroxidase dos diferentes tecidos vegetais de origem local selecionados conforme a disponibilidade da região : Abobrinha-1.575; Batata-doce-2.0, Inhame-1,075, Macaxeira-1.8 e Pepino-1.575., destacando o inhame com o maior valor de atividade e a batata doce com a menor atividade enzimática. Segundo os estudos já realizados, os vegetais que apresentaram as maiores atividades foram o nabo, o rabanete e a abobrinha. Para cada vegetal estudado foram coletadas quatro amostras advindas de locais diferentes da região. Dessa forma constatou-se variações entre os valores da atividade enzimática encontradas nas amostras do mesmo vegetal. Os seguintes números indicam os valores da menor e maior atividade, respectivamente, encontrada: Abobrinha (0.9–2.8); batata-doce (1.4-2.7); inhame (0.7–1.4); Macaxeira (1.1–3.5); Pepino (1.0–2.1). Apesar de todas serem procedentes da região, o valor da atividade sofre alterações para o mesmo vegetal. Isso indica que essas variações estão associadas às condições de cultivo de cada uml, pois além das próprias condições da região, as condições de cultura que cada vegetal recebe também têm influência sobre a atividade da enzima peroxidase presente no vegetal.

CONCLUSÕES:
Na literatura encontramos vários estudos da atividade enzimática de diversos vegetais tais como inhame, mandioca, alcachofra, batata doce, nabo, rabanete e abobrinha. Tais vegetais não são, em sua maioria, de fácil obtenção em nossa região, sendo assim, os extratos brutos estudados neste trabalho obtidos de vegetais cultivados na região de Imperatriz apresentaram atividade enzimática da peroxidase significativa, podendo ser utilizados em diversas metodologias analíticas.Além disso, os estudos realizados nas condições descritas revelaram que a atividade enzimática da peroxidase pode variar entre as espécies e sofre influências das condições de cultivo. Os estudos realizados anteriormente por outros autores serviram de parâmetros comparativos para os resultados encontrados neste trabalho que indicaram que as variações observadas também estão relacionadas com a diversidade regional de onde foram feitos os referidos estudos. Em virtude da grande biodiversidade encontrada no Brasil, há certamente um número grande de procedimentos analíticos que poderão ser desenvolvidos empregando extratos brutos vegetais para determinação de vários analitos. Assim, o conhecimento e o emprego de tais materiais em diversas metodologias analíticas vêm crescendo nos últimos tempos.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Peroxidase, Atividade Enzimática, Extrato Bruto

E-mail para contato: andreiaqmc@hotmail.com