60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo

POLÍTICA CURRICULAR: OPINIÕES DE PROFESSORES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DOS PCN

Rafaela Reis Azevedo de Oliveira1
Carolina Ilídia Soares de Faria1
Daniele Freitas de Araújo1
Patrícia Werneck Silva de Oliveira1
Beatriz de Basto Teixeira2

1. Universidade Federal de Juiz de Fora/ Dpto. Ciências Sociais
2. Prof. Dra. Beatriz de Basto Teixeira - Dpto. Ciências Sociais/ UFJF - Orientador


INTRODUÇÃO:
Este trabalho apresenta resultados finais da pesquisa “PCN do Ensino Fundamental: Teoria e Prática do Currículo na Rede Estadual de Juiz de Fora” desenvolvida no período de agosto de 2004 a junho de 2006. A pesquisa foi desenvolvida como um survey, que visava coletar as opiniões de professores da rede estadual de ensino fundamental na cidade de Juiz de Fora (MG) sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC. Seus resultados colaboravam para o entendimento do processo de implementação dessa política curricular.

METODOLOGIA:
A pesquisa utilizou técnicas quantitativas de pesquisa, predominantemente. Foi aplicado questionário aos professores do ensino fundamental lotados em escolas da rede pública estadual situadas no perímetro urbano da cidade de Juiz de Fora (MG). Por meio do questionário foram obtidos dados relativos a: perfil do professor; rotina das reuniões da escola; sobre os PCN; e sobre a disciplina ministrada. Os dados acerca das escolas foram colhidos através de uma ficha informativa, que visava traçar um perfil das instituições de ensino, de modo que pudéssemos compará-las, ressaltando as convergências e divergências quanto a aspectos diversos do ambiente escolar. Os dados foram processados por meio do SPSS (Statistical Package for Social Research). Foram respondidos 421 questionários, o que representou cerca de 35% dos professores atuantes nas instituições alvo da pesquisa.

RESULTADOS:
Os dados processados por meio do SPSS permitiram que algumas respostas fossem oferecidas a respeito do que ocorria com os PCN nas escolas. Soubemos que a política foi recebida por meio de cursos de formação de professores, pela divulgação na época da sua publicação pelo MEC, pelos livros didáticos. Está sendo implementada de forma difusa, “híbrida”, como ocorre com as políticas curriculares na interpretação dos autores pesquisadores da área. Os educadores nas escolas julgam o texto de fácil entendimento, consideram que ele inovou pouco em relação ao que já era praticado. Não há da parte dos nossos entrevistados uma preocupação explícita com a implementação da política; há elementos dela que eles usam, outros não. Mas os diferentes entendimentos que mostram de alguns conceitos presentes nos PCN evidenciam que o contato com uma política tem mesmo uma dimensão de interpretação. As dinâmicas das reuniões nas escolas, suas pautas, como indicadas por nossos entrevistados, não são adequadas à discussão de uma política curricular, nem exatamente momentos de discussão pedagógica. Não há evidência de pressão por parte dos órgãos intermediários e centrais da educação pela implementação dos PCN. O receio inicial de que virassem um currículo nacional não se verificou.

CONCLUSÕES:
Os resultados da pesquisa revelaram que os professores não utilizavam as orientações dos PCN de maneira sistemática; conheceram-nas em função de concursos públicos ou cursos de formação; e ainda não conseguem se apropriar de forma criativa dos Parâmetros do MEC, o que seria condição para implementação dessa política curricular no contexto de cada escola. Os dados de 2006 foram encadeados aos de outros trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa. Essa seqüência de investigações, que culminou no trabalho agora apresentado, pretendeu observar o que Stephen Ball e Richard Bowe chamam de ciclo da política, que compreende desde o “contexto da demanda” até “da prática”, quando a política chega a seus destinatários. Resultou disso a observação de que a implementação de uma política curricular acontece em sucessivos processos de hibridação, no movimento que passa pelos vários contextos do ciclo de uma política. São processos de negociação entre diferentes visões sobre educação, currículo e o processo educativo, que fazem com que desde os elaboradores da política até os professores acatem novas orientações, rejeitem outras recomendações, ressignifiquem aspectos de sua própria prática e criem um currículo que é híbrido de todas essas influências.

Instituição de fomento: FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais), CNPq e UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Política curricular, política educacional, Parâmetros Curriculares Nacionais

E-mail para contato: rafareis2001@yahoo.com.br