60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva

ISOLAMENTO DE SALMONELLA EM ÁGUA E ÁGUA RESIDUÁRIA DE ABATEDOUROS

Fernanda Lúcia Alves Ferreira1
Luiz Augusto do Amaral2

1. Universidade Bandeirante de São Paulo, UNIBAN
2. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal


INTRODUÇÃO:
A disponibilidade de água em quantidade e qualidade na produção e manipulação de alimentos é vital na proteção da saúde humana e animal visto que ela é importante via de transmissão de agentes patogênicos. Nos abatedouros, a qualidade da água é fundamental, pois ela participa de importantes fases do processo de abate como a lavagem da carcaça. As águas residuárias de abatedouros são compostas principalmente pela água da lavagem dos currais e animais antes de serem abatidos, a água da lavagem das vísceras e da carcaça e a água da lavagem do piso e equipamentos resultante do processo de limpeza das instalações, que são possíveis rotas de contaminação dos efluentes. Portanto, assim como a água, as águas residuárias desempenham um importante papel na transmissão de microrganismos patogênicos que despertam grande preocupação em medicina humana e animal, entre eles a Salmonella spp., eliminada pelas fezes dos animais. A salmonelose é freqüentemente encarada como uma doença de veiculação hídrica que pode provocar desde uma leve gastroenterite até a morte. Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a contaminação de água e água residuária de abatedouros de bovinos e de suínos por bactérias do gênero Salmonella spp..

METODOLOGIA:
As amostras de água e águas residuárias foram colhidas em 10 abatedouros de bovinos e 5 de suínos, no período da manhã, entre julho e setembro de 2002 e janeiro e março de 2003, durante respectivamente o período de estiagem e de chuvas. As amostras foram colhidas em garrafas estéreis de 1000L nos seguintes pontos: na torneira localizada na entrada do estabelecimento, durante a lavagem das carcaças e na pré-lavagem dos abatedouros de bovinos e de suínos. Amostras de água do tanque de escaldadura também foram colhidas nos abatedouros de suínos. As águas residuárias sem tratamento foram colhidas após serem peneiradas ou após a sedimentação das partículas mais grosseiras uma vez que não foi possível colher as amostras antes das grades ou peneiras estáticas. Todas as amostras foram pré-enriquecidas diluindo 900mL da amostra em 100mL de água peptonada diluída dez vezes, e incubadas por 18 horas a 37°C. Após esse período, as amostras foram analisadas segundo metodologia descrita por Schoebitz & Montes (1984). As culturas características do gênero Salmonella foram testadas com os antígenos somático (O) e flagelar (H), utilizando soros polivalentes. Culturas representativas foram enviadas para o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo para identificação dos sorotipos.

RESULTADOS:
Durante o período de chuvas, nos abatedouros de bovinos, 10% (1 de 10) das amostras de água da pré-lavagem, 20% (2 de 10) das amostras do efluente e 10% (1 de 10) das amostras do efluente tratado continham salmonela. Na estiagem, de um total de 10 amostras do efluente sem tratamento, 4 continham salmonela (40%). Nos abatedouros de suínos, no período de chuvas, 75% (3 em 4) das amostras de água da pré-lavagem da sala de abate e 25% (1 em 4) das amostras do efluente tratado continham salmonela. Durante o período seco, 20% (1 de 5) das amostras de escorrimento da carcaça, 20% (1 de 5) das amostras da pré-lavagem, 20% (1 de 5) do efluente sem tratamento e 40% (2 de 5) do efluente tratado continham salmonela. Não foram isoladas salmonelas do tanque de escaldadura e da água utilizada no processo de abate. Os sorotipos predominantes foram S. agona (5 isolados), S. typhimurium (3 isolados), S. schwarzengrund (2 isolados) e S. senftenberg (2 isolados).

CONCLUSÕES:
A pesquisa da presença de Salmonella e o seu monitoramento são de extrema importância uma vez que a contaminação do meio ambiente por fezes de animais e particularmente por efluentes de abatedouros pode colocar em risco a saúde das populações humana e animal. Apesar de não ser possível definir qual das rotas de contaminação tem maior impacto na contaminação dos efluentes, o isolamento de Salmonella spp. nos abatedouros é importante para alertar sobre a contaminação generalizada do abatedouro e sobre a necessidade de adotar medidas que reduzam esta contaminação.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP



Palavras-chave:  contaminação, saúde pública, abatedouros

E-mail para contato: flaferreira@hotmail.com