60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A obrigatoriedade de rótulos e informações nutricionais nos produtos alimentícios industrializados e comercializados no Brasil tem acompanhado o aumento da consciência dos consumidores, que, por sua vez, se orientam cada vez mais por consumos (de alimentos, mas não só) que eles percebem e ou definem como mais “naturais”, “adequados”, “sadios”, “corretos”. Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa voltada à compreensão, por parte de freqüentadores de supermercados, do interior de São Paulo e de uma capital do Nordeste, acerca da leitura e relevância atribuídas aos rótulos de alimentos e ao “ecoconsumo”.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi desenvolvida em supermercados, de bairros diferentes, de uma capital do nordeste e uma cidade do interior do sudeste, em períodos distintos do dia, com 120 sujeitos, adolescentes de 13 a 19 anos, adultos de 20 a 59 anos e idosos acima de 60 anos, que participaram de entrevistas com abordagem sociocultural, apoiadas por questionário semi-estruturado.

RESULTADOS:

A percepção dos alimentos, por parte dos consumidores, responde a uma interação, nem sempre consciente, entre “informações objetivas”, contidas nos rótulos (prazo de validade, informação nutricional, nutrientes específicos entre outros), e expectativas subjetivas, por sua vez, porém, atreladas a uma “visão alimentar do mundo” (emagrecimento, modismos, socialização, imagens entre outros). Constatou-se predominância de mulheres no momento da compra dos gêneros alimentícios, sendo que estas são as mesmas que cozinham em casa e isso para elas assegura uma alimentação mais adequada e permeada de afetividade. Verificou-se também que mediante os rótulos as pessoas personificam os discursos: médico, estético e midiático. A maioria dos entrevistados não problematiza as implicações sócio-ambientais decorrentes do consumo de produtos alimentícios, demonstrando, assim, uma preocupação que incide mais sobre o que fazer com o lixo produzido do que adoção de atitudes para se produzir menos lixo. Os resultados foram analisados por intermédio da metodologia qualitativa e dos estudos culturais, na sua vertente latino-americana, com ênfase nas reflexões de Nestor García Canclini e Jesús Martín-Barbero.

CONCLUSÕES:

Desta forma, as autoras concluem que os rótulos dos alimentos influenciam na escolha do consumidor causando um imprinting cultural, e também a afirmação das suas necessidades em decorrência da internalização de valores intrínsecos à sociedade capitalista.

Palavras-chave: rótulos de alimento, identidade e cultura, consumo

E-mail para contato: erikamr@terra.com.br