60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 4. Metabolismo e Bioenergética

EFEITOS DE DIFERENTES DOSES DO ESTERÓIDE ANABÓLICO DECANOATO DE NANDROLONA SOBRE AS RESERVAS DE GLICIGÊNIO DE RATOS SUBMETIDOS A EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA

Sergio Ricardo Boff1, 2
Mauricio Cavacchini da Silveira2
Wagner José da Silva2
Carlos Alberto Silva2
Rozangela Verlengia2
Silvia Cristina Crepaldi Alves2

1. Academia de Ensino Superior
2. Unimep


INTRODUÇÃO:
O uso dos Esteróides Anabólicos Androgênicos, justifica-se pela estética, melhora no rendimento e pelo seu uso clínico, na terapêutica de diversas doenças. O hormônio sintético mais utilizado é o Decanoato de Nandrolona, usado por muitos atletas, para melhorar sua performance, pois, potencializa a síntese protéica causando hipertrofia da musculatura esquelética, com as respostas realçadas quando combinado a exercícios de força. O músculo esquelético utiliza preferencialmente a glicose como substrato energético, a captação de glicose é modulada pelo sistema endócrino, com a insulina translocando transportadores de glicose tipo 4 para a membrana, elevando a captação de glicose a qual será oxidada ou armazenada, pois, 70 a 85 % da glicose captada em repouso é armazenada como glicogênio. O conteúdo de glicogênio no músculo esquelético está relacionado à capacidade aeróbia do organismo, de forma que as alterações no perfil enzimático, das mitocôndrias e das reservas glicogênicas são os responsáveis pela eficiência muscular, a depleção das reservas de glicogênio é o evento marcador do estado de exaustão. Este trabalho visa analisar os efeitos do Decanoato de Nandrolona associado ao exercício resistido sobre os níveis de glicose e glicogênio muscular e hepático de ratos.

METODOLOGIA:
Foram utilizados 24 ratos Wistar, machos adultos (peso de 376  4,4g), divididos em grupos de 4 animais, os quais foram submetidos a um programa de treinamento anaeróbio que consistiu em 35 sessões de saltos em meio líquido com sobrecarga de peso acoplada ao tórax, sendo 50% do peso corporal do 1º ao 25º dia, 60% do peso entre o 26º e 30º e 70% do peso corporal do 31º ao 35º dia. Em cada sessão, os animais realizavam 4 séries de 10 saltos, entre as séries houve um intervalo de 30 segundos. Foi utilizado o Decanoato de Nandrolona, nas doses de 0,1mg/Kg, 1,0mg/kg; 5,0mg/kg; 10,0mg/kg e 20,0mg/kg, nos diferentes grupos experimentais, injetado intra muscular, três vezes por semana, na região do quadríceps. Os animais do grupo Controle receberam injeções de Propileno Glicol. Após o treinamento, os animais foram decaptados sendo coletados sangue e tecidos para as seguintes análises: Glicemia, Glicogênio Muscular Esquelético e Hepático. As comparações foram efetuadas por meio de teste t de Student, considerando como nível de significância valores de p≤ 0,05.

RESULTADOS:
Glicemia: Todos estavam normoglicêmicos para ratos. Glicogênio muscular e hepático: Na dose de 0,1mg/Kg, houve elevação no glicogênio do músculo sóleo (60%, 0,50  0,06 C x 0,81  0,07 0,1mg); gastrocnêmio porção branca (14,7%, 0,68  0,01 C x 0,78  0,01 0,1mg) e gastrocnêmio porção vermelha (54%, 0,50  0,06 C x 0,77  0,07 0,1mg). No músculo sóleo nas concentrações de 1,0 e 20mg/Kg observamos aumento atingindo 46% quando exposto a 1,0 mg/Kg (0,50  0,06 C x 0,63  0,11 1,0mg) e 35% quando exposto a 20mg/Kg (0,50  0,06 C x 0,58  0,08 20,0mg). Com relação a musculatura respiratória, as reservas dos músculos diafragma, intercostal não foram modificadas (1,0 ou 20mg/Kg), por outro lado, o músculo abdominal apresentou um aumento de 65% (0,43  0,10 C x 0,71  0,10 1,0mg). No gastrocnêmio verificamos que a porção branca não apresentou modificação, já na porção vermelha ocorreu elevação quando exposto a dose de 1,0mg/Kg (0,50  0,06 C x 0,64  0,12 1,0mg). No comportamento das reservas hepáticas de glicogênio houve redução frente a altas doses atingindo 23,6 %, 75,7% e 59% respectivamente na presença de 5.0, 10 e 20 mg/Kg do esteróide, não ocorrendo modificação na dose de 0,1 mg/Kg.

CONCLUSÕES:
As doses de Decanoato de Nandrolona que apresentaram-se mais efetivas no aumento das reservas de glicogênio muscular esquelético foram 0,1mg/kg e 1,0mg/kg, cabendo salientar o papel do esteróide anabólico androgênico como um importante fator estimulatório da glicogênese, manifestado nestas concentrações; já com relação ao figado, exceto a dose de 0,1mg/Kg, todas mostraram ser redutoras das reservas de glicogênio. Esse dado é relevante clinicamente, considerando o uso clínico dos esteróides no tratamento auxiliar de doenças nas quais a perda de massa muscular é intensa; vale destacar a necessidade de atenção à dose prescrita de anabólico ao paciente, uma vez que nos dias atuais, as terapias com Esteróides Anabólicos Androgênicos vêm sendo cada vez mais empregadas, e podem variar de acordo com o tipo de droga e a concentração administrada.



Palavras-chave:  Decanoato de Nandrolona, Glicogênio, Esteróide Anabólico

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