60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas

ESTUDO SOROEPIDEMIOLÓGICO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) EM CAMINHONEIROS QUE TRAFEGAM NA BR 153

Grécia Carolina Pessoni1, 1
Marcos André de Matos3
Divânia Dias da Silva França1
Karlla Antonieta Amorim Caetano1
Letícia Rejane Silva1
Sheila Araújo Teles2

1. Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás/FEN/UFG
2. Prof. Dr./Orientadora
3. Ms Enfermeiro do Hospital das Clínicas da UFG


INTRODUÇÃO:
Globalmente, estima-se em aproximadamente 40 milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids. No Brasil, a estimativa é de 620.000 pessoas. A ocorrência dessa infecção depende, dentre outros determinantes, do comportamento humano. As formas de transmissão do HIV incluem a sexual, perinatal e parenteral. Alguns grupos são considerados em maior risco para infecção por este agente como, usuários de drogas, profissionais do sexo, populações confinadas, homossexuais e caminhoneiros. Os caminhoneiros permanecem longos períodos de tempo fora de casa, favorecendo a busca por parceiros não estáveis e práticas sexuais inseguras. Devido ao curto tempo exigido para entrega de mercadorias, muitos caminhoneiros, para se manterem em atividade, fazem uso de drogas psicoativas, principalmente "rebite", (combinação de anfetaminas e álcool). Tais comportamentos favorecem aquisição de doenças sexualmente transmissíveis como a infecção pelo HIV. Os constantes deslocamentos tornam esses indivíduos disseminadores dessas doenças. No Brasil, são poucas as investigações sobre a infecção pelo HIV em caminhoneiros. Portanto, a proposta deste estudo é avaliar a prevalência e identificar fatores de risco para esta virose em caminhoneiros que trafegam na Rodovia Federal BR-153, considerada uma das maiores do Brasil.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo observacional, de corte transversal. A amostra constituiu-se de 641 caminhoneiros que trafegam na rodovia BR-153 em Goiás. A coleta de dados foi realizada de outubro de 2005 a outubro de 2006 em um posto de reabastecimento de combustível no município de Aparecida de Goiânia. Os caminhoneiros que ali paravam, eram convidados a participar do estudo. Para coleta dos dados utilizou-se um questionário auto-aplicável sobre dados sócio-demográficos e fatores de risco para a infecção pelo HIV. A seguir, foram coletados 10 ml de sangue. A realização dos ensaios foi feita no Laboratório de Virologia do IPTSP/UFG. Todas as amostras foram testadas através do ensaio imunoenzimático (ELISA), para a detecção do anti-HIV 1 e 2. As amostras reagentes ao anti-HIV foram retestadas por Western blot. Todos os caminhoneiros foram contactados para devolução do resultado da sorologia por meio de carta. Os caminhoneiros reagentes ao anti-HIV foram contactados para obtenção de nova amostra sanguínea. A análise dos dados das entrevistas foi realizada em programa estatístico ―Epiinfo 6.0. Índices de prevalência foram calculados com intervalo de confiança de 95%. A análise descritiva foi realizada através de distribuição de freqüências, médias e desvio padrão.

RESULTADOS:
Do total de indivíduos, 99,2% era do sexo masculino e a média de idade de 40,6 anos. Verificou-se uma baixa escolaridade (média=7,2 anos) e renda familiar (média=5,7 salários mínimos). Considerando o tempo de profissão, os caminhoneiros possuíam em média 16,2 anos de experiência. Ainda, os indivíduos relataram em média 21,7 dias longe de casa. Os caminhoneiros referiram em média 4,2 parceiros nos últimos seis meses. Cinco (0,8; IC 95%: 0,3- 1,9) caminhoneiros foram anti-HIV positivos. Esse índice foi superior ao encontrado na população em geral (0,5%). Todos os caminhoneiros anti-HIV positivos eram casados, com idade variando de 33 a 48 anos. A maioria era natural dos estados do Sul do Brasil, com renda variando de três a 11 salários mínimos e três a oito anos de estudo. Três caminhoneiros possuíam 20 ou mais anos de profissão, e todos referiram longos períodos fora do lar. Portanto, todos apresentaram pelo menos um fator risco para infecção pelo HIV, ratificando-os como um grupo vulnerável a esta infecção, que pode funcionar como ponte de ligação entre grupos de prevalência elevada para as doenças sexualmente transmissíveis como a infecção pelo HIV/AIDS e a população em geral, disseminando esta infecção em curto espaço de tempo em grandes áreas geográficas.

CONCLUSÕES:
Do total de caminhoneiros investigados, 0,8% eram anti-HIV positivos. Este índice é 1,6 vezes maior do que o estimado para a população brasileira (BRASIL, 2002), ratificando-os como em maior risco para a infecção pelo HIV/AIDS. Todos apresentaram pelo menos um fator de risco para infecção pelo HIV. Ainda, a maioria desconsidera o uso de preservativos durante relações sexuais com parceira fixa. Os resultados do presente estudo reforçam a necessidade urgente de um programa de prevenção e promoção da saúde, específico para essa população, que vive frequentemente exposta ao risco de adquirir a infecção pelo HIV, bem como outras transmitidas de foram semelhante e, que devido as condições de trabalho, vive a margem dos serviços públicos de saúde.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Caminhoneiros, HIV, Soroepidemiologia

E-mail para contato: gcpessoni@gmail.com