60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana

MAPEAMENTO DO USO DA TERRA NA CIDADE DE PAULÍNIA (SP): DESENVOLVIMENTO DE ASPECTOS METODOLÓGICOS PARA DETALHAMENTO INTRA-URBANO

Bárbara Oliveira Marguti2, 1
Fernanda Otero de Farias2, 1
Joseane Carina Borges de Carvalho3, 1
Lindon Fonseca Matias1, 4

1. Departamento de Geografia/UNICAMP
2. Bolsista de Iniciação Científica CNPq
3. Doutoranda em Geografia
4. Prof. Dr./Orientador


INTRODUÇÃO:
A cidade de Paulínia com população urbana estimada de 72.000 habitantes (IBGE, 2007), inserida na Região Metropolitana de Campinas (RMC), localiza-se a 118 km ao noroeste da capital do Estado de São Paulo. Até os anos quarenta do século passado, Paulínia não passava de uma pequena vila agrícola, porém, gradativamente, o município foi recebendo população de diversos lugares, acolhendo empresas e expandindo sua área urbana de 0,26 km2 (1964) para 49 km2 (2007) e, como decorrência, um significativo número de problemas socioambientais é observado. Não diferente de muitas cidades brasileiras, Paulínia também acaba por ser alvo do período desenvolvimentista do país (1950/1960), onde se destaca a Refinaria do Planalto Paulista (REPLAN), implantada no município desde 1972, tornando-se o maior pólo petroquímico da América Latina e, conseqüentemente, uma das cidades mais importantes economicamente, sendo responsável por 9,8% do PIB da Região de Campinas e 2,0% do PIB do Estado de São Paulo. Assim, o projeto teve como objetivo desenvolver uma metodologia de mapeamento com técnicas de geoprocessamento para análise das principais formas de uso da terra na cidade, visando contribuir para um diagnóstico dos principais problemas socioambientais existentes no município.

METODOLOGIA:
A estratégia metodológica estabelecida para a construção de um diagnóstico sobre a ocupação intra-urbana, baseia-se na aplicação de técnicas de geoprocessamento, com aporte no software ArcGIS 9.2 (ESRI) na elaboração de mapas temáticos, quantificação de dados e elaboração de relatórios. A primeira diretriz metodológica foi a escolha de uma escala cartográfica que permitisse, de forma detalhada, retratar os processos que ocorrem no espaço urbano, assim a escala adotada foi de 1:2.000. Na seqüência, definiu-se a unidade espacial de lote como a mais condizente para registro do uso da terra urbano. Posteriormente, construiu-se uma classificação do uso da terra para estabelecer uma legenda que traduzisse esta escala de detalhe, para tanto, adotou-se o Manual de Uso da Terra do IBGE (2006), que possui uma sistemática de classes, sub-classes, unidades, subunidades e atividades, que permite o registro do uso da terra do nível mais detalhado em cada lote até o agrupamento em classes por áreas mais amplas. As etapas do mapeamento resumem-se no preparo dos mapas de campo, impressão dos mapas, registro do uso da terra por lote, aquisição de coordenadas com receptor GPS, registro fotográfico, lançamento dos dados na base digital, produção do mapa temático, quantificação e análise dos dados.

RESULTADOS:
O principal desafio enfrentado é que na maioria dos trabalhos realizados sobre o tema, a escala de mapeamento é de semi-detalhe, o que ocasiona um agrupamento de classes de uso muito genérico (por exemplo, residencial, serviços, industrial), que não permite uma análise adequada sobre os processos vigentes no interior da área urbana. Baseados na necessidade de um aporte metodológico que enfrente tal questão, a metodologia descrita foi empregada no mapeamento do uso da terra na cidade de Paulínia nos meses de outubro/07 a março/08. Na visita à Paulínia observou-se que apesar de uma aparente homogeneidade entre as áreas da cidade, o mapeamento permitiu, por exemplo, localizar habitações construídas com material precário em meio a outras melhor estruturadas. Observa-se assim, que a visualização do padrão de moradia, de ocupação e das condições de vida da população contribuem para o processo de seleção de indicadores e dados para a caracterização socioambiental do município, uma vez que permite observar as características particulares de suas diversas formas de uso.

CONCLUSÕES:
O mapeamento de detalhe demonstrou ser um importante instrumento para análise das principais transformações ocorridas nas formas de uso da terra de Paulínia, podendo contribuir para construção de um diagnóstico dos principais problemas sociais e ambientais existentes na cidade, o que inclui as diferentes atividades realizadas no espaço intra-urbano e sua relação direta com a população. A metodologia proporcionou uma visão detalhada de como a terra urbana é ocupada, visto que a maioria dos trabalhos não permite o conhecimento das diferenças internas, considerando-o como um espaço homogêneo.

Instituição de fomento: FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo



Palavras-chave:  uso da terra, espaço intra-urbano, metodologia

E-mail para contato: joseane@ige.unicamp.br