60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

COMPORTAMENTO DE PINHÃO-MANSO (JATROPHA CURCAS L.) SOB DÉFICT HÍDRICO E FENOLOGIA DA ESPÉCIE PARA O ESTADO DE ALAGOAS.

Humberto Cristiano de Lins Wanderley Filho1
Claudiana Moura dos Santos1
Eduardo Vicente Rolim2
Lauricio Endres3

1. (1) Centro de Ciências Agrárias-UFAL
2. (2) Centro de Ciências Biológicas-UFAL
3. (3) Centro de Ciências Agrárias-UFAL, Prof. Dr. Orientador


INTRODUÇÃO:
Buscando novas alternativas para a substituição dos combustíveis fósseis e conseqüentemente a diminuição da poluição ambiental, a cultura do pinhão-manso (Jatropha curcas L.) vem se destacando como uma cultura viável para a produção do biodiesel, principalmente no nordeste brasileiro, pois é considerada uma planta rústica e se adapta bem em regiões semi-áridas. Esta planta perene pertencente à família das Euforbiáceas cresce rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade. O pinhão-manso é um arbusto grande, cuja altura normal é de dois a três metros, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais. O tronco ou fuste é dividido desde a base, em compridos ramos, com numerosas cicatrizes produzidas pela queda das folhas na estação seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas. Esse trabalho teve como objetivo estudar a fenologia e as trocas gasosas do pinhão-manso ao longo do ano no estado de Alagoas. Estes estudos podem servir de parâmetros para a implantação do pinhão-manso no estado.

METODOLOGIA:
Os experimentos com pinhão-manso foram montados em duas regiões: uma região semi-úmida, no município de Rio Largo, AL (09° 28’ S, 35° 49’ W e 127m) e uma semi-árida, no município de Igaci (0,9° 33’ S, 36° 38’ W e 240m). Em cada região foram coletados dados meteorológicos e feitas medidas de trocas gasosas com um IRGA em diferentes épocas do ano. Na região semi-úmida, foi acompanhada a fenologia da espécie. Os parâmetros avaliados foram: taxa de fotossíntese (A), transpiração (E), condutância estomática (gs), concentração de CO2 intracelular (Ci), altura da planta e diâmetro do caule, número de folhas, número de inflorescências, numero de flores, número de frutos por planta e número de botões fechados. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado, em 10 repetições, com 4 tratamentos em esquema fatorial (2 locais x 2 épocas). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS:
Na região semi-seca, os meses de chuva coincidem com os meses de chuva da região semi-úmida, a diferença está nas médias de chuva. No período de setembro a dezembro de 2006 a média de chuva na primeira região foi de 1,36 mm e na segunda foi de 4,57 mm. Durante o período do projeto foram verificadas duas florações e duas frutificações. O início da primeira floração foi no dia 09 de novembro de 2006 e a segunda floração dia 26 de março de 2007. O início da primeira frutificação ocorreu no dia 23 de novembro de 2006 e a segunda frutificação dia 11 de abril de 2007. O diâmetro do caule e altura da planta teve crescimento acelerado no período chuvoso. A condutância estomática foi maior na região semi-úmica. Os estômatos se fecharam na região semi-árida nos meses de outubro e dezembro. A transpiração foi menor em dezembro do que em outubro nas duas regiões. A fotossíntese foi maior no mês de outubro na região semi-úmida, refletindo a maior condutância estomática. Considerando todos os dados, a fotossíntese do pinhão-manso teve correlação positiva com a condutância estomática (r=0,32) e negativa com o déficit de pressão de vapor do ar (umidade relativa) (r=-0,32). Já a transpiração é influenciada principalmente pela condutância estomática (r=0,35).

CONCLUSÕES:
Na região semi-úmida, o pinhão-manso apresentou maior desenvolvimento que em Igaci, devido principalmente, a quantidade de chuva ser mais freqüente do que na região semi-árida. A altura da planta e o diâmetro do caule apresentaram um desenvolvimento acelerado nos períodos de maior precipitação e umidade relativa do ar, observados entre fevereiro a junho de 2007. O número de inflorescências, de flores, de botões fechados e de frutos por planta, mostraram que no mesmo período a planta apresenta-se em desenvolvimento reprodutivo. A disponibilidade de água no solo é fator importante para que as plantas de pinhão-manso mantenham os estômatos abertos para realização da fotossíntese e transpiração. O ar muito seco (déficit de pressão de vapor maior) induz ao fechamento estomático, podendo reduzir a fotossíntese e transpiração.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  pinhão-manso;, fotossíntese;, fenologia.

E-mail para contato: cristianowanderley@hotmail.com