60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana

MAPEAMENTO E ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO USO DA TERRA NO MUNICÍPIO DE PAULÍNIA (SP), 1964 - 2007

Cinthia de Almeida Galindo1
Gustavo Rocha Gonçalves1
Joseane Carina Borges de Carvalho2
Lindon Fonseca Matias3

1. Bolsista de Iniciação Científica – CNPq/Departamento de Geografia/UNICAMP
2. Doutoranda do Departamento de Geografia/UNICAMP
3. Prof. Dr./Orientador do Departamento de Geografia/UNICAMP


INTRODUÇÃO:
O município de Paulínia, localizado a nordeste do Estado de São Paulo, a 118 Km da capital, faz parte da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Paulínia possui privilegiada localização, com importante acesso a rodovias (Via Anhangüera, Rodovia dos Bandeirantes, Rodovia D Pedro I, dentre outras) e proximidade de grandes centros urbanos (Campinas, São Paulo), além de ferrovia, hidrovia e aeroporto próximos. Até 1964, Paulínia era um distrito do município de Campinas, com apenas 10.708 habitantes, a área considerada urbana não passava de alguns poucos quarteirões. Após sua emancipação, e a instalação dos complexos industriais da Rhodia, a partir de 1942, e da REPLAN (Refinaria de Paulínia), após 1968, o município experimentou um crescimento acelerado, tanto no que se refere à sua população quanto à sua economia. Desse modo, ocorreu a passagem de um cenário agrícola para urbano-industrial, ou seja, transformações em suas formas de uso da terra, com conseqüências de relevância econômica, social e ambiental para o município. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi realizar uma análise das transformações ocorridas no território paulinense no que diz respeito às principais mudanças verificadas nas formas de uso da terra durante o período de 1964 a 2007.

METODOLOGIA:
Para verificar as principais transformações ocorridas no território paulinense, desde sua emancipação, foram realizados três mapeamentos das formas de uso e ocupação da terra do município (1964, 1984 e 2007); tais mapas foram realizados com base na metodologia proposta pelo IBGE (2006), em escala de detalhe, 1:10.000, e posteriormente em escala 1:50.000 com as informações generalizadas por classes de uso da terra. Os mapas referentes aos anos de 1964 e 1984 foram feitos com base em levantamentos aerofotogramétricos. Já o mapa referente ao ano de 2007 foi produzido através do processamento e interpretação de imagens do satélite CBERS-2, sensor CCD, resolução espacial de 20 metros, registrada no mês de setembro de 2007. Informações complementares foram verificadas no sítio do Google Earth e em trabalhos de campo. Foi utilizado o software ArcGIS 9.2 (ESRI) para processamento dos dados. Na delimitação das formas de uso da terra foi adotado o sistema multinível de classificação proposto pelo IBGE (2006), segundo a identificação de classes (nível I), subclasses (nível II) e unidades (nível III). Por exemplo, a classe (I) Áreas antrópicas não agrícolas, tem como subclasse (II) Áreas urbanizadas, que por sua vez tem como unidades (III) Cidades e vilas e Complexo industrial.

RESULTADOS:
Os principais resultados demonstram que o município, cuja extensão é de 138,50 km2, sofreu significativas mudanças nas formas de uso da terra, especialmente no que diz respeito à expansão da área urbana que ocupava 0,19% do território em 1964 e 35,23% em 2007; já as áreas agrícolas ocupavam 69,48% e passaram para 44,91% no mesmo período, com destaque para a presença predominante da cultura canavieira; e a área ocupada por vegetação natural passou de 27,74% para 18,40% do município, no período estudado. A área central da cidade e seus arredores mais próximos se estruturaram sobre áreas que eram de vegetação natural, enquanto o processo de urbanização que se deu ao norte do Rio Atibaia ocorreu predominantemente sobre áreas antes utilizadas para agricultura. Outro fato importante a ser salientado é que a urbanização se expandiu de tal forma que ocupou áreas muito próximas às margens dos corpos dágua, devastando porções de matas ciliares, aumentando assim a poluição e o assoreamento. A análise efetuada aponta que as mudanças verificadas não estão ocorrendo segundo um planejamento territorial adequado e, como conseqüências, estão surgindo problemas de ordem socioambiental, revelando as contradições presentes no processo de produção do espaço geográfico no município.

CONCLUSÕES:
O crescimento da porcentagem do município referente às Áreas antrópicas não-agrícolas, subclasse Áreas urbanizadas, de 0,19% em 1964, para 35,23% em 2007, evidencia o intenso processo de expansão urbana que se deu no município desde de sua emancipação, acompanhada da industrialização e de um grande fluxo migratório para o município, conseqüência da busca de empregos relacionados às políticas governamentais de descentralização industrial da Região Metropolitana de São Paulo em direção ao interior paulista na década de 1960, políticas que se materializaram em Paulínia, principalmente, com a implantação da REPLAN em 1972, tornando o município um centro de desenvolvimento atrativo em termos de emprego e de qualidade de vida. O rápido processo de diversificação da economia local, a partir de 1968, constitui um importante núcleo petroquímico de relevância regional, evidenciando que o processo de urbanização caracteriza-se pela maneira intensa de transformação e expansão das formas de uso e ocupação do território, buscando ocupar áreas cada vez mais apropriadas à reprodução do capital sem muitas vezes atentar para as restrições sociais e geoambientais existentes.

Instituição de fomento: FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Uso da terra, Paulínia, Expansão urbana

E-mail para contato: cicka_@hotmail.com