A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
CARACTERIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL DA MATA ATLÂNTICA NO SUDESTE BRASILEIRO: ESTUDO DE CASO NO ESPÍRITO SANTO
Gustavo Marcos Fontes Barbosa1 Carla Madureira1, 2
1. Universidade Federal do Rio de Janeiro 2. Prof. Dr. departamento de geografia - IGEO
INTRODUÇÃO:Dentre os biomas, a Mata Atlântica é atualmente considerada a mais ameaçada devido ao seu estado crítico – nela se concentra cerca de 70% da população brasileira. Sua distribuição abrange 15 estados brasileiros das regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste, o que contribui para uma composição diversificada de fitofisionomias.
Apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda contém uma parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, com altíssimos níveis de endemismo. Seus remanescentes regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem escarpas e encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso.
É no sudeste brasileiro que se encontram as maiores aglomerações populacionais e complexos industriais que se configuram em importantes pressões sobre os recursos naturais.
O presente trabalho objetiva quantificar e analisar a distribuição da cobertura florestal nos municípios do Espírito Santo, confrontando os resultados obtidos com indicadores de crescimento demográfico e econômico (PIB). Buscar-se-á a correlação da situação de cada município frente aos vetores de crescimento diagnosticados (Censos Demográficos do IBGE, 1991/2000), através de mapeamentos temáticos e análises estatísticas.
METODOLOGIA:Para a realização deste trabalho utilizamos a base dos municípios do IBGE, sendo calculado o crescimento da população rural/urbana e o PIB, num intervalo de tempo entre os censos de 1991-2000. Também se optou pela reclassificação do mapa da cobertura vegetal do bioma Mata Atlântica, elaborado pelo PROBIO/MMA, nas classes: floresta, não florestado e formação pioneira.
Todos os dados foram estruturados em um banco no sistema ArcGIS, o que permitiu o cálculo do percentual de floresta por município e o desenvolvimento de uma matriz de dados referentes a pressão populacional. Através dela foi gerado o indicador de pressão antrópica.RESULTADOS:A distribuição dos percentuais florestais no estado mostra que os municípios com maior quantidade de florestas se encontram na porção sul. Este fato se explica por ser a região de relevo movimentado, onde a acessibilidade para determinados usos é dificultada.
As taxas de crescimento econômico, demográfico e de urbanização do estado não apresentaram um padrão espacial, apesar de que alguns municípios se destaquem, principalmente os localizados no litoral.
Os mapas também possibilitam a observação de que apesar da área de maior concentração de remanescentes florestais se encontrar na zona caracterizada como metropolitana, que apresenta diferentes pressões e altas taxas de urbanização, as condicionantes do relevo continuam sendo o fator preponderante para a manutenção destes remanescentes.
Nos municípios ao norte, que apresentam áreas de florestas inferiores ao limite de reserva legal para a Mata Atlântica (20%) há o predomínio de atividades econômicas de maior expressão espacial, como o reflorestamento e a agricultura.
As pressões sobre os remanescentes obtidas pelos indicadores de crescimento demográfico e econômico indicaram uma homogeneidade de valores altos para todo o estado, embora perceba-se uma concentração maior na porção sul e litoral.CONCLUSÕES:Este trabalho faz parte de uma análise maior envolvendo toda a região sudeste. A análise do estado do Espírito Santo permitiu se confirmar a hipótese de que as condicionantes do relevo são impositivas para a conservação de ecossistemas, em detrimento das pressões. Apesar disto é extremamente importante que ações que auxiliem na minimização de pressões sejam efetivadas o mais rapidamente possível, priorizando-se as áreas de baixadas, mais vulneráveis.
Estes dados são muito importantes para a tomada de decisão sobre as questões relacionadas às políticas de conservação e recuperação de ecossistemas, que no panorama atual podem ainda reverter em incentivos fiscais para o poder municipal.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Cobertura vegetal, pressões antrópicas, mata atlântica
E-mail para contato: gustavochina@yahoo.com.br
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