60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 10. Teoria e Metodologia da História

MATERIAIS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA

Leila Maria Prates Teixeira1, 2, 3, 4
Karla Dias de Lima6, 5

1. Mestranda em História Regional e Local
2. Universidade do Estado da Bahia - UNEB
3. Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação / PPG
4. Colégio Nóbrega - Guanambi/BA
5. Secretaria de Educação do Estado da Bahia -SEC/BA
6. Graduada em Licenciatura Plena em História - UNEB


INTRODUÇÃO:
Percebendo a crescente importância dispensada, tanto pelos escritores como pelos professores, sobre a qualidade e intencionalidade do material didático, nas mais diversas áreas, que vem sendo disponibilizado para docentes e estudantes do Ensino Fundamental brasileiro, o objetivo deste trabalho foi analisar dois livros didáticos de épocas e autores diferentes, visando estabelecer uma comparação de suas diferenças entre espaço/tempo, a maneira como trabalham o conteúdo e principalmente como constroem o conhecimento estabelecendo relação com o aluno. O primeiro livro analisado foi História Geral: para uma geração consciente, Antiga e medieval, 7ª Série de Gilberto Cotrim e Álvaro Duarte de Alencar da editora Saraiva, publicado em 1984, o segundo livro foi Viver a História: Ensino Fundamental: 7ª Série de Cláudio Vicentino da editora Scipione, publicado em 2002.

METODOLOGIA:
Metodologicamente, este estudo apresenta abordagem qualitativa, sendo também do tipo bibliográfico, baseado em análise e confrontação de materiais impressos. Como pontos norteadores no transcorrer do trabalho foram observados se o material contemplava a construção de diversas noções e/ou conceitos, tais como: a História a ser trabalhada, como é apresentado e construído o sujeito histórico, a comparação entre a sociedade da época estudada e a atual, relações sociais e de trabalho, grupos, organização e instituições sociais, cultura, ilustrações e construção da cidadania, individualmente de cada um dos materiais, para daí então apresentar os fatores singular e opositores em cada um dos livros didáticos.

RESULTADOS:
O primeiro livro trabalha indiretamente o conteúdo, expondo-o narrativamente e simples, sem levantar discussão e entendimento histórico, sem conceder ao homem valor de sujeito da História, com pouco destaque às classes minoritárias. Trabalha as sociedades sem confronto com a atual. Mostra diversas formas de trabalhos, não demonstrando sua importância para o momento. Quanto a cultura, o tema não é aprofundado. Nas ilustrações predominam os monarcas, sem figuras das classes subalternas, com imagens pouco integradas ao entendimento textual, quando com títulos e legendas sem créditos e fontes. Apresenta sinais de uma visão histórica eurocêntrica, sem propaganda ou doutrina religiosa. No segundo livro, os conteúdos buscam repensar a História. Utiliza textos antigos e atuais, abordando a sociedade amplamente, com paralelos entre a atual e a estudada, mostrando classes dominadoras e excluídas. Sobrepõe o homem aos feitos, como pessoas transformadoras. Mostra relações sociais entre diferentes grupos, exemplificando e caracterizando sua importância na época. Aborda relações de trabalho e suas diversas fases, enfocando o homem como agente propulsor. A cultura vem inserida no estudo, revelando diferentes épocas e povos. Ilustrativamente há variedade Histórica e povos em geral, estabelecendo paralelo e interação com o texto, integrando-se a compreensão geral, com títulos, legendas, créditos e fontes. Há a preocupação em desconstruir preconceitos, sem apresentar tendência ou propaganda religiosa.

CONCLUSÕES:
Foi possível perceber que o primeiro autor segue uma linha Positivista, já que seu enfoque principal são para as classes dominantes, suas instituições e obras em todos os períodos históricos trabalhados. Já no segundo livro a corrente historiográfica apresentada é a História Social, já que os movimentos sociais são constantemente trabalhados pelo autor, inseridos nos contexto de analise. Ficou notória a melhoria do material didático de História, nestes 18 anos de intervalo, mesmo entendendo que o primeiro pode ter se submetido ao momento político, já que em 1984 o regime era de Ditadura Militar, enquanto o segundo, publicado em 2002, num sistema que já era democrático. Assim fica aparente a importância do professor no estudo, com análise profunda, do livro didático antes da aula, assim este passará a ser de grande auxílio na docência, pois uma escolha bem feita pode evitar problemas na formação dos discentes e na construção do conhecimento histórico nos diversos níveis de ensino. Além de que, mesmo com a melhoria dos materiais, os livros “antigos” ainda estão disponíveis para consulta e, sua abordagem dos conteúdos pode influenciar em como o aluno perceberá os acontecimentos históricos, possibilitando ou não o alcance de suas próprias conclusões.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  História, períodos históricos, Pedagogia crítica-social

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