60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O projeto, em fase de execução, propõe um estudo exploratório que busque mapear a situação das licenciaturas no país nos últimos 10 anos a partir de dois pontos de vista: da situação expressa pelas estatísticas educacionais (com base nos dados do INEP) e da perspectiva da literatura sobre formação de professores. Sua relevância está relacionada à necessidade de conhecer-se mais a fundo a situação da formação de professores no Brasil, especialmente âmbito das licenciaturas, uma vez que observamos a escassez de professores das disciplinas específicas da educação básica e o crescente esvaziamento de tais cursos nas instituições de ensino superior do país. Espera-se que seus resultados possam contribuir com subsídios para a elaboração de políticas públicas e institucionais de formação de professores. O projeto, na íntegra, reúne um grupo de 5 bolsistas, sendo que o presente pôster tem por objetivo apresentar os resultados parciais obtidos com o trabalho de 3 delas, bolsistas da PUC-Campinas. Os demais dados serão apresentados nos pôsteres específicos das bolsistas do CNPq.

METODOLOGIA:

A análise estatística foi realizada a partir de dados divulgados pelo INEP, em especial as sinopses da educação superior, observando-se o número de cursos de licenciatura no país e sua evolução nos últimos 10 anos, sua distribuição por região (quando possível), por categoria e dependência administrativa das IES e, também, pela modalidade de realização (presencial ou à distância). Após seleção e tabulação dos dados, procedemos a uma análise qualitativa, que busca compreender a evolução da licenciatura no país à luz da literatura educacional. O “estado-da-arte” está sendo feito a partir do levantamento de dados em bases eletrônicas, como o portal do Scielo e da ANPED e nos anais de dois dos principais eventos da área de educação, o ENDIPE e as reuniões anuais da ANPED. Trabalhos de estado-da-arte são de caráter bibliográfico, buscam mapear e discutir a produção em um campo do conhecimento, englobando dimensões quantitativas e qualitativas. Nosso projeto, a ser expandido em outras fases, pretende observar as tendências, os temas emergentes e silenciados, assim como os possíveis núcleos de interesse científico e social ainda carentes de sistematização, com intuito de contribuir para a consolidação da pesquisa na área e para o aprimoramento da formação de professores no Brasil.

RESULTADOS:

A análise tem demonstrado a existência de poucos estudos voltados à formação de professores das licenciaturas. A temática não é abordada em profundidade nem pela área de educação nem pelas áreas básicas a que estes cursos estariam ligados. O único evento com destaque às licenciaturas é o ENDIPE, talvez em decorrência de sua especificidade (Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino). Podemos considerar que, atualmente, o ENDIPE constitui-se no principal fórum para discussão relacionadas à formação nas licenciaturas. As variações no modo de apresentação dos dados pelo INEP têm dificultado o levantamento dos dados, impossibilitando, em muitos casos, comparações e a obtenção de dados fidedignos. Muitas vezes, tivemos que reduzir o tempo de análise proposto, iniciando em 2000. Apesar destas dificuldades, as análises realizadas até o momento permitiram-nos observar que, nos últimos 7 anos, todos os cursos de licenciatura na modalidade presencial analisados apresentaram tendência ao crescimento, com exceção de educação artística que tem se mantido estável. Embora com algumas alternâncias, o número de ingressantes e concluintes também não aponta para a “falência” dos cursos de licenciatura no Brasil, contrariando as percepções com que iniciamos o trabalho.

CONCLUSÕES:

As análises do estado-da-arte feitas até agora permitem-nos afirmar a falta de sistematização das pesquisas sobre licenciaturas no Brasil e mesmo questionar o status atribuído a esta temática de investigação pela própria área da educação. No que diz respeito ao desenvolvimento dos cursos de licenciatura no país, os dados apresentaram-se contrários a nossa suposição inicial, uma vez que, em nossa vivência cotidiana, tínhamos a percepção de diminuição gradativa do número de cursos e de alunos, percepção reforçada pela crescente falta de docentes qualificados para atuar na educação básica. No entanto, os dados encontrados sobre os cursos de licenciatura presenciais não apontam, numa análise preliminar, para uma “crise quantitativa” na formação de professores para a docência de disciplinas específicas, o que nos abre uma série de indagações e nos motiva a continuar no aprofundamento dos estudos. Entre estas buscas, destaca-se a tentativa de compreender a relação aparentemente contraditória entre falta de docentes qualificados e a expansão do número de concluintes nos cursos de graduação, bem como entre essa expansão e o cotidiano de fechamento de cursos de formação de professores que presenciamos em nossa atuação profissional.

Instituição de fomento: FAPIC/Reitoria/PUC-Campinas

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: formação de professores, licenciaturas, políticas educacionais

E-mail para contato: grazielagp@puc-campinas.edu.br