60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia

DISCIPLINA: AÇÕES COMBINADAS QUE VISAM O CONTROLE PARA SE OBTER O PODER.

Tarcisio Timoteo1
Juliana Lopes Marcandalle Ferreira1

1. Faculdade Editora Nacional


INTRODUÇÃO:
A história das crianças relata que desde o início da idade moderna, as práticas educativas, tanto na educação familiar, quanto, mais tarde, na escola institucionalizada, utilizava-se de recursos disciplinares rigorosos. O objetivo deste trabalho tem como foco principal pesquisar as vertentes disciplinares e os motivos que as originaram bem como os que as mantém. Qual a relevância entre a instituição das disciplinas e o aprendizado? Seria possível dentro de uma sociedade capitalista atual ensinar sem disciplinar? Os professores são formados para ensinarem, desenvolverem o senso crítico formando cidadãos, ou para doutrinarem seus alunos à obediência? E a maneira que estes professores foram instruídos? Não teria sido na graduação à imposição de regras disciplinares a fim de serem dominados pelo poder – saber? As regras disciplinares seriam contra a própria natureza humana, uma vez que algumas escolas exigem que as crianças permaneçam sentadas durante quatro horas e meia, tendo como intervalo vinte minutos. Intervalo este que comporta regras de ocupação e lugares de circulação.

METODOLOGIA:
Foucault (1991) entende que a disciplina controla o corpo, realiza uma submissão de suas forças e impõe ao mesmo uma relação de docilidade. A sociedade disciplinar se organizou com uma técnica de poder que permite controlar as minúcias, com a disciplina e seus mecanismos comanda sem deixar escapar nenhum detalhe. Sendo assim a disciplina se faz presente no cotidiano do indivíduo em todas as relações. Beltrão (2000) defende uma nova pedagogia, na qual sairia de cena o “discurso” e entraria a ousadia da inovação, a singularidade das memórias, despidos das obrigações simplesmente. Compreende que os “corpos” discentes e docentes são submetidos à exaustão do tempo, das regras, e até mesmo das posições físicas que são delimitados a cada um. Singer (1997) aborda questões ligadas a formas alternativas de educação e desenvolve sua pesquisa com a observação de algumas escolas consideradas democráticas, as quais demonstram resistência aos mecanismos de poder impostos pela sociedade. O que se busca nessas instituições é a formação integral de alunos, conhecer e respeitar características individuais, promover a conscientização e participação de todos quanto à elaboração das regras.

RESULTADOS:
Pode-se dizer que a educação ao preocupar-se em “fabricar” indivíduos autônomos intenciona atender às necessidades do mercado de trabalho criado pela sociedade capitalista que por conseqüência gera uma “sociedade disciplinar”.

CONCLUSÕES:
Ao considerar a pesquisa de Foucault sobre a “sociedade disciplinar” e verificar suas concepções na educação, pode-se afirmar que a rigorosidade nas relações escolares é conseqüência de uma trajetória histórica cujo objetivo sempre foi manter o “status quo”, ou seja, a forma de poder hierárquica que movimenta a sociedade. Todo sistema disciplinar utiliza mecanismos, tais como: punição, vigilância, classificação e até recompensa; delimita lugares a serem ocupados e fabrica indivíduos úteis e dóceis. Observa-se que as escolas são estrategicamente estruturadas a fim de se obter o controle de quem entra ou sai, tal qual outras instituições como: prisões, hospitais, fábricas e quartéis. Mas não é somente nas instituições fechadas que ocorrem as relações de poder. Pode-se notá-las nas relações sociais como as religiosidades, associações beneficentes, nas relações entre médicos e pacientes, policiais e civis, professores e alunos... Quanto a esta última, observa-se pelo posicionamento de poder do professor diante dos alunos, que reconhecem e submetem-se a ele. Em todas essas relações a disciplina é de fundamental importância para sustentá-las. Durkheim defende a teoria de que a educação precisa ser obrigatória e que necessita de regras disciplinares para atender às necessidades e expectativas da sociedade na qual o sujeito está inserido. Ele desconsidera que as pessoas precisam ser livres para alcançarem a felicidade, como também para pensarem “diferente” e questionarem o Estado. Para as escolas consideradas democráticas o pensamento de liberdade na educação é essencial, pois nessas instituições os envolvidos além de participarem da elaboração das regras que vão conduzir os comportamentos, têm também a opção de fazerem escolhas que não são possíveis de serem feitas em outras instituições ou na própria na sociedade. Acreditam que nessa organização os alunos são livres, mas nota-se que esta “liberdade” comporta regras nas quais há relação de poder, uma vez que ao prevalecer a decisão da maioria outros têm de se submeter a ela.

Instituição de fomento: Faculdade Editora Nacional

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  educação, disciplina, pedagogia

E-mail para contato: julianamarcandalle@yahoo.com.br