60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS: DIÁLOGOS SOBRE NATUREZA, CONSUMO E EDUCAÇÃO

Andréia da Silva Pereira1
Lila Francisca de Oliveira Reis Matos1
Gecilane Ferreira1
Giselly Rodrigues das Neves Silva Gomes1
Germano Guarim Neto2

1. Mestrandos Programa de Pós-Graduação em Educação - UFMT
2. Prof. Dr.- Programa de Pós-Graduação em Educação - UFMT - Orientador


INTRODUÇÃO:
É inegável a presença contínua dos meios de comunicação em nosso cotidiano. Porém, essa onipresença ainda necessita ser analisada menos ingenuamente, pois, reflete variavelmente em nossa maneira de ver o mundo e em nossa leitura cotidiana. O recebimento de imagens, sobretudo via comunicação de massa, pode levar a alienação causada pelo embotamento da sensibilidade e da reflexão. A fragmentação dos discursos e sua proliferação conduzem à recepção acrítica do texto, que se faz objeto de consumo imediato. Para a educação, o mundo contemporâneo com suas múltiplas possibilidades é um desafio. O emprego simultâneo de linguagem verbal e não – verbal faz parte da nossa cultura. Esta utilização implica em um reforço, e corroboram no processo de produção de cultura onde se utilizam do imaginário popular, mitos e paradigmas, tornando então, necessário explorar esse domínio, como um dos determinantes na produção de conhecimento e cultura. Estabelecendo uma reconstrução de um olhar mecânico para um olhar crítico e apreciativo das informações visuais com as quais nos relacionamos. Com o objetivo de estudar a percepção de imagens da natureza veiculadas por meio de anúncios publicitários impressos, pesquisas como estas representam a busca de novos paradigmas da construção do saber.

METODOLOGIA:
Essa investigação lida com interpretações e com um universo de significados, sendo assim, a melhor forma de alcançarmos nosso objetivo é optar pelo método qualitativo e olhar fenomenológico de Merleau-Ponty, pois, parte da compreensão do mundo vivido. Portanto, foi selecionado um anúncio, conforme a presença de atributos naturais, já que se pretendia estudar as imagens do natural em revista de circulação nacional, neste caso, a Veja. Este foi apresentado aos participantes da pesquisa, selecionados conforme o critério de representatividade qualitativa através de amostras intencionais. As entrevistas foram abertas. As análises dos anúncios selecionados para este trabalho são realizadas com base nas obras de diversos autores, mas na descrição especialmente Joly (1996). Assim uma interpretação pode desempenhar-se apoiada na descrição, onde se traduz as percepções visuais em forma de um texto. Interpreta-se ainda a composição e as formas. Descrevem-se os elementos e suas relações com o todo por contigüidade. A mensagem lingüística, onde se define: a tipografia das palavras, sua cor e sua disposição na página. E por fim o conteúdo lingüístico é onde finalmente analisamos o conteúdo da legenda e o tipo de relação que mantém com o resto do anúncio e com seu contexto de surgimento.

RESULTADOS:
Foram realizadas cinco entrevistas abertas, onde a propaganda selecionada constituía o ponto de partida na conversa. Por fim, os depoimentos foram transcritos e interpretados, de forma a integrar o olhar da pesquisadora e dos envolvidos. O anúncio do produto – Sorriso Herbal, se apresenta em uma página inteira da revista Veja de 21 de março de 2007. Onde num primeiro momento, identificamos visualmente muitos elementos ricos em significações, bem comuns e reconhecíveis, por sua forma, cor e tamanho, como as folhas e o creme dental. Na medida em que, outros efeitos de contexto são atribuídos aos produtos através da natureza e elementos naturais, os entrevistados relacionaram com efeitos de comparabilidade, as ervas presentes no anúncio ao produto em questão. Neste, parte do conteúdo das imagens do meio ambiente é relacionado ao produto, emprestando características e adjetivações, como o “natural” e “saudável”. Fortalecendo a afirmação da natureza perfeita e exterior a nós. Além disso, consolida outro mito de que somos um país imenso, de riquezas naturais inesgotáveis e exploráveis ao mesmo tempo. A palavra proteção é utilizada para a saúde bucal e para natureza, utiliza-se do clichê “proteger a natureza” que figura boa parte da locução televisiva e é muito conhecida pelo público.

CONCLUSÕES:
A partir do momento que a mídia passou a exercer uma função de transmissora de saberes, as atividades educacionais, e a Educação Ambiental está inclusa nesse processo, pode reconhecer e considerar a manipulação dos conteúdos na mídia. Pois, se os comerciais da televisão, os anúncios publicitários, mostram a grandiosidade e infinitude da natureza, como pode a educação escolar modificar a assimilação dessas mensagens? Portanto, uma reconstrução da percepção sobre meio ambiente é muitas vezes prejudicada por imagens estereotipadas. Esse tipo de imagem só reforça a visão antropocêntrica de natureza. Discutir a sedução dos anúncios se torna uma forma de entender como podemos construir a possibilidade de também nós seduzirmos nossos alunos para o bem, na intenção de que possamos deixar de lado a atração pelo desastre e cativá-los pela beleza e pelo poder da natureza. A fala dos entrevistados demonstra claramente que a ambiente e consumo estão interligados. Por conseguinte, a manifestações de idéias, permitem a expressão do pensamento imagético e cria melhores condições para a aprendizagem abrindo caminho para o acréscimo de saberes e reconstrução do olhar para os meios, indo além das influências e considerando a forma reflete nossas aspirações.

Instituição de fomento: Capes



Palavras-chave:  Educação, Meio ambiente, Mídia

E-mail para contato: andreia.esilvas@gmail.com