60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia

CONTRIBUIÇÃO DA MACRÓFITA AQUÁTICA PONTEDERIA CORDATA NA QUALIDADE DA ÁGUA EM UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO NÃO CONVENCIONAL

Ana Luisa Colin Talavera1
Raimundo Leite Cruz1, 2

1. Departamento de Engenharia Rural/ FCA-UNESP/ Botucatu
2. Prof. Dr. / Orientador


INTRODUÇÃO:
O instinto e a necessidade que levam o homem a se fixar próximos às fontes de energia e muitas vezes transportá-las, não lhe mostram tão importante no momento da necessidade de afastar ou condicionar seus resíduos. Nota-se um comodismo natural que possibilita um contato próximo com essas fontes e os resíduos humanos, decorrendo em um consumo das fontes de energia cada vez mais impuras tornando-se inadequadas à vida. A água é uma das fontes de energia fundamentais e de maior preocupação atualmente. Essa preocupação tem como objetivo a desorganização do ciclo natural de reposição das águas ocasionado pelas necessidades da população, da industrialização, de energia e de alimentos resultando na contaminação dos rios e lagos o que causará futuras crises devido a sua insuficiente disponibilidade perante a necessidade de quantidades cada vez maiores de água de boa qualidade no mundo. Macrófitas aquáticas são amplamente utilizadas no tratamento de efluentes, atuando na redução e remoção de nutrientes, compostos tóxicos, metais pesados e organismos patógenos, ou seja, podem apresentar melhorias na qualidade da água. O trabalho aqui proposto tem como objetivo apresentar a contribuição de uma macrófita aquática na qualidade da água em uma estação de tratamento de esgoto não convencional.

METODOLOGIA:
O trabalho foi implantado na Estação Experimental de Tratamento de Efluente Doméstico, localizada na Fazenda Experimental Lageado/ FCA-UNESP/ Botucatu, na qual vem sendo utilizado o sistema fito-pedológico responsável pela coleta e tratamento do esgoto de uma colônia de funcionários, constituída por 12 casas e uma população de cerca de 53 pessoas. Todo efluente doméstico captado foi conduzido para 3 caixas de cimento, interligadas entre si, com capacidade de 1000 litros cada, cuja finalidade era de reter e promover a decantação do material mais grosseiro existente na água de esgoto. Após passar por uma peneira, situada na última caixa de decantação, o esgoto era lançado em um repartidor de fluxo o qual era responsável pela distribuição da água, de maneira uniforme, para as caixas contendo pedra britada e posteriormente para os leitos filtrantes com a macrófita Pontederia cordata. Foram coletadas amostras de águas antes e depois de passarem pelas caixas contendo as macrófitas, sendo analisadas em 4 períodos diferentes de acordo com o desenvolvimento e proliferação das plantas. Logo após foram encaminhadas ao Laboratório de Recursos Hídricos/ Depto.de Engenharia Rural/ FCA-UNESP/ Botucatu onde foram analisadas variáveis como pH, condutividade elétrica, turbidez, ferro e nitrato.

RESULTADOS:
As macrófitas aquáticas foram colocadas nas caixas em novembro de 2006 e em fevereiro de 2007 foi realizada a primeira coleta das amostras de água que resultou em um aumento das variáveis pH e ferro, e uma diminuição da condutividade elétrica, turbidez e nitrato, comparada as da amostra que não passou pelo tratamento. Nesta fase as plantas apresentaram uma ótima adaptação e mostraram um ótimo desenvolvimento radicular. A segunda coleta realizada em maio de 2007, resultou em um aumento de todas as variáveis nas amostras que passaram pelo tratamento comparadas as que não passaram. As plantas apresentaram um crescimento na área foliar e iniciaram seu período de floração. Na terceira coleta, realizada em julho de 2007, houve um aumento de pH e redução de condutividade elétrica, turbidez, ferro e nitrato. As plantas apresentaram um crescimento bem significativo e notável multiplicação. Na última coleta, realizada em outubro de 2007, as plantas encontravam-se com uma área radicular e foliar muito desenvolvida e bem multiplicada, preenchendo toda a área da caixa. As análises apresentaram um aumento de pH e redução de condutividade elétrica, turbidez, ferro e nitrato, comparadas as da amostras que não passaram pelo tratamento com a macrófita Pontederia cordata.

CONCLUSÕES:
Em todas as amostras que passaram pelo tratamento da Pontederia cordata, o valor do pH aumentou em relação as que não passaram pelo tratamento, apresentando valores que tendiam a neutralidade, o que comprova a eficiência na redução de acidez da água. Houve queda na condutividade elétrica, turbidez e nitrato na maioria das análises, porém em meados da segunda coleta ocorreram muitas chuvas no local ocasionando uma maior vazão de água nas caixas, o que diminui a eficiência do tratamento. Para ferro nas duas primeiras análises não houve redução, devido ao período de chuvas e pelas plantas não estarem totalmente desenvolvidas na caixa. Conclui-se então que a macrófita aquática Pontederia cordata foi eficiente no tratamento do efluente coletado na Estação de Tratamento de Esgoto não convencional, reduzindo vários fatores importantes que comprometem a qualidade da água. Além de ser um método eficiente no tratamento de efluentes, este sistema é indicado para produtores rurais que não possuem tratamento de esgoto em sua propriedade, pois além de ser um método de tratamento de esgoto de baixo custo, contribui com o meio ambiente, pois a água que passou por este tipo de sistema poderia ser utilizada na irrigação de plantas perenes, por exemplo, e não ser despejadas em rios e lagos.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial - PET AGRONOMIA

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Macrófitas Aquáticas, Tratamento de Água, Qualidade da Água

E-mail para contato: alctalavera@fca.unesp.br