60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Gilmar de Carvalho Cruz1, 2
Jeane Barcelos Soriano3, 4

1. Departamento de Educação Física - Universidade Estadual do Centro-Oeste
2. Programa de Pós-Graduação em Educação - Universidade Estadual de Ponta-Grossa
3. Departamento de Educação Física - Universidade Estadual de Londrina
4. Programa de Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Estadual de Londrina


INTRODUÇÃO:
Nos debates acadêmicos e profissionais sobre a inclusão escolar de pessoas com necessidades especiais a formação dos professores é destacada de modo recorrente. A formação em nível de ensino superior do professor que atua na educação básica apresenta necessidade de aprimoramento contínuo com o intuito de oferecer o devido suporte aos profissionais da educação. Ter isso em mente é importante para que se desvincule a idéia da formação continuada/permanente/em serviço, como sendo redentora de uma formação superior deficiente, ou mesmo como encarregada de preencher as lacunas observadas nessa formação. A noção de que a graduação oferece uma formação profissional inicial, que continua se processando ao longo da vida profissional, é fundamental para que a constante aproximação de estudos e experiências mais recentes não seja negligenciada. Objetivos: a) analisar como professores do componente curricular Educação Física lidam em suas aulas com a proposta de inclusão escolar de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais; b) propor um programa de formação continuada que aprimore o instrumental do professor de Educação Física com vistas à elaboração de respostas às provocações lançadas por uma perspectiva educacional inclusiva.

METODOLOGIA:
A pesquisa apoiou-se em pressupostos metodológicos do grupo de focalização. Dela participaram vinte professoras da rede básica pública de ensino de Irati, responsáveis pelo desenvolvimento de conteúdos relacionados ao componente curricular Educação Física. Elas constituiram Grupo de Estudo/Trabalho com foco nas questões relativas à intervenção em ambientes escolares inclusivos. Foram convidadas a participar do Grupo de Estudo/Trabalho, voluntariamente, professoras do Ensino Fundamental que atendiam simultaneamente alunos com e sem deficiência pertencentes às 31 escolas da rede municipal de ensino da cidade de Irati-PR. Ao longo dos anos de 2006 e 2007 foram efetuados encontros mensais de 4 horas cada um (de manhã e à tarde, para viabilizar o ajuste de horários de trabalho das participantes) com a realização de entrevistas coletivas registradas em gravador digital. A transcrição e a análise das respectivas informações resultaram em um conjunto de respostas das participantes da pesquisa, organizados a partir de um tema disparador. O conteúdo bruto das informações, referente às entrevistas foi transcrito e analisado linha a linha. Na seqüência, foram destacadas (iluminadas) as expressões que aparecerem com freqüência, sugerindo certa redundância, ao longo da análise.

RESULTADOS:
A efetivação do Grupo de Estudo/Trabalho merece destaque à medida que a participação das professoras se deu voluntariamente. Neste sentido, é possível observar o Grupo como um espaço que contribui para intensificar o diálogo com os pares de modo sistematizado. O funcionamento do Grupo girou em torno de conteúdos que transitaram da prática para a prática, a despeito do interesse e necessidade sinalizados, pelo próprio Grupo, de também recorrer a conteúdo de natureza teórica. As entrevistas coletivas efetuadas com as participantes da pesquisa permitiram que as reflexões realizadas se dessem com foco nas intervenções profissionais cotidianas nas escolas. Foi possível acompanhar junto às participantes da pesquisa que questões específicas relacionadas às peculiaridades de alunos que no âmbito das necessidades especiais apresentam algum tipo de deficiência, não se fazem presentes desgarradas das dificuldades enfrentadas para atender alunos que não apresentam deficiência. As participantes da pesquisa indicam a falta de estágio específico com alunos que apresentam necessidades especiais, além da pequena carga horária oferecida pelas instituições de ensino, como fator importante para a definição de uma formação fragilizada para a intervenção profissional em ambientes inclusivos.

CONCLUSÕES:
No processo de formação vivenciado pelo Grupo, o conteúdo prático das discussões ganhou destaque. A partir dos dados coletados pode-se depreender a contradição manifesta na busca de formação/informação garantidora da intervenção profissional almejada. Se em alguns momentos o conhecimento teórico foi reivindicado, noutro foi exatamente a experiência reveladora de um conhecimento mais prático que se mostrou capaz de atender aos anseios das participantes do Grupo. A reflexão sobre a inclusão em ambiente escolar conduziu a apontamentos sobre a qualificação profissional, apoiados em questionamentos e percepções angustiantes, compartilhados pelas participantes da pesquisa. Ao se perceberem como protagonistas desse cenário, as professoras demonstraram responsabilidade profissional, ao admitirem o despreparo frente a uma perspectiva educacional que se pretende inclusiva, com preocupação sobre a qualidade do processo de escolarização oferecido aos alunos inseridos em contextos educacionais inclusivos. Os processos de formação profissional das participantes da pesquisa não contribuíram para que se sentissem preparadas para atuar em um contexto educacional inclusivo. A superação dessa situação passa pelo incremento de programas de formação continuada com características mais relacionais.

Instituição de fomento: Fundação Araucária



Palavras-chave:  Formação Continuada, Política Educacional, Inclusão Escolar

E-mail para contato: gilmar@irati.unicentro.br