60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

CONTEÚDO E ASSINATURA ISOTÓPICA DE NITROGÊNIO EM ESPÉCIES ARBÓREAS DAS FLORESTAS DE RESTINGA E OMBRÓFILA DENSA DAS TERRAS BAIXAS, NÚCLEO PICINGUABA, PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR, UBATUBA/SP, BRASIL.

Marcos Pereira Marinho Aidar1, 2
Carlos Alfredo Joly2
Marina Merlo Sampaio de Campos1
Renato Belinelo2
Sabrina Ribeiro Latansio-Aidar1, 2

1. Instituto de Botânica/SMA/SP
2. Departamento de Botânica IB/UNICAMP


INTRODUÇÃO:
O domínio da Mata Atlântica inclui um amplo complexo de ecossistemas, dentre eles a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas/FODTB e a Floresta de Restinga/FR (ecossistema associado). Na encosta nordeste da Serra do Mar no estado de São Paulo, a altitude influencia a riqueza e diversidade de espécies caracterizando uma diversidade funcional entre elas. A disponibilidade de nitrogênio nos solos aparece como um fator essencial no controle da diversidade vegetal da maioria dos ecossistemas terrestres, também na dinâmica das populações vegetais e processos ecológicos como ciclagem de carbono e nutrientes no solo e produtividade. A Floresta Ombrófila Densa normalmente apresenta solos ácidos e distróficos e as formações vegetais sobre as restingas (planície litorânea arenosa), ou Floresta de Restinga, são condicionadas pelo regime hídrico do solo, além da baixa disponibilidade de nutrientes típica dos solos arenosos. O estudo das características foliares das espécies que ocorrem em determinado ambiente, tais como o conteúdo e a assinatura isotópica de nitrogênio e a razão carbono/nitrogênio, pode indicar o nível de disponibilidade desse elemento no solo e ainda sugerir quais são os principais processos e padrões envolvidos na sua ciclagem.

METODOLOGIA:
Após levantamento fitossociológico previamente realizado na FODTB e na FR do Núcleo Picinguaba no PESM (1 ha em cada área), foram escolhidas 40 espécies (160 indivíduos) com maior IVI (índice de valor de importância) em cada área amostrada. A coleta de material foliar foi realizada pela manhã, na estação chuvosa de 2007. A determinação das concentrações de C e N totais e da abundância natural dos seus isótopos estáveis foi realizada em amostras de folhas secas a 50oC, moídas e mensuradas através de Analisador elementar (Carlo Erba EA 1110 CHNS, CE Instruments) e espectrometria de massas para razões isotópicas (Delta Plus, ThermoQuest-Finnigan) do Laboratório de Ecologia Isotópica do CENA/ESALQ/USP.

RESULTADOS:
A FODTB apresentou valores médios mais elevados nos seguintes parâmetros foliares analisados, quando comparados aos valores apresentados na FR: conteúdo de nitrogênio foliar (NF) de 2,46 ± 0,75% para FODTB e de 1,95 ± 0,65% para FR; del15N foliar de 2,88 ± 1,50‰ para FODTB e - 0,86 ± 1,72‰ para FR. Por outro lado, o valor médio obtido para relação carbono/nitrogênio na FR (27) foi maior do que aquele obtido para FODTB (19,9). O NF e o C/N indicaram claramente que a FODTB pode ser considerada como um ambiente onde há considerável disponibilidade de nitrogênio no solo, sendo que os valores apresentados pelas espécies podem ser considerados relativamente altos quando comparados com outros ecossistemas, inclusive com aqueles considerados mais ricos. Este aspecto, somado aos valores fortemente positivos para o del15N foliar, sugere que o processo de mineralização da matéria orgânica está ativo e é importante para a disponibilização de nitrogênio para a vegetação. No caso da FR, a situação é inversa, pois o NF pode ser considerado baixo, sugerindo baixa disponibilidade desse elemento no solo da restinga. Os valores negativos para del15N sugerem que há um processo de perda de N do sistema, provavelmente decorrente da presença de lençol freático próximo à superfície, favorecendo a sua lixiviação.

CONCLUSÕES:
- A FODTB apresenta considerável disponibilidade de N no sistema, apesar da visão geral de que a Floresta Tropical apresenta normalmente solos pobres. - É provável que a disponibilidade de N no solo da FODTB seja decorrente diretamente da mineralização da matéria orgânica, sem que este elemento seja incorporado à estrutura do solo; - A FR apresenta solos pobres e bastante lixiviados, com perda considerável de N do sistema.

Instituição de fomento: Financiada pelo Programa BIOTA/FAPESP, Projeto Temático Gradiente Funcional (03/12595-7). Autorização COTEC/IF 41.065/2005 e IBAMA/CGEN 093/2005.



Palavras-chave:  Floresta Ombrofila Densa, Floresta de Restinga, Nitrogênio

E-mail para contato: maidar@uol.com.br