60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 21. Economia Industrial

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES TECNOLÓGICAS EM FILIAIS BRASILEIRAS DE EMPRESAS MULTINACIONAIS: ESTUDO DE CASO DA INDÚSTRIA QUÍMICA E PETROQUÍMICA

Milene Simone Tessarin1
Rogério Gomes1, 2

1. Departamento de Economia/UNESP - Araraquara
2. Prof. Dr. / Orientador


INTRODUÇÃO:
O setor químico e petroquímico é muito importante para o desenvolvimento dos países. Além de ser o maior setor da indústria de transformação brasileira, é uma área chave para o crescimento, uma vez que fornece insumos para todos os segmentos industriais. A sua importância estratégica na economia também se revela através do seu forte grau de encadeamento com outros setores industriais. Os produtos advindos deste setor proporcionam uma melhora na qualidade de vida e padrão de consumo geral da população, pois eles são substitutos de muitos produtos de custo mais elevado e menor eficiência. Dado o ambiente competitivo em que vivemos, e lembrando que o setor é intensivo em capital e tecnologia, as empresas necessitam integrar suas atividades geograficamente dispersas e, em particular, as atividades tecnológicas, principalmente a pesquisa e desenvolvimento (P&D). Tal atividade passa a ser planejada em escala global na busca de melhores desempenhos, novos ativos e, antes de qualquer coisa, da sua sobrevivência. O trabalho tem como objetivo avaliar o panorama atual das atividades de P&D realizadas por filiais de empresas multinacionais do setor químico e petroquímico no Brasil, por meio de caracterização e identificação dos fatores mais relevantes na atração de P&D para o país.

METODOLOGIA:
Para a elaboração do panorama das atividades de P&D realizadas por filiais brasileiras de multinacionais, elaborou-se um survey eletrônico que foi enviado a 11 empresas presentes no mercado nacional, que são representantes de todos os segmentos do setor classificado como “Química, petroquímica e plástico”. Por questões de sigilo, seus nomes não podem ser revelados. O citado survey se constitui de duas etapas e uma terceira de avaliação. Na primeira buscou-se levantar informações sobre a empresa em relação à sua atividade de pesquisa. A segunda parte visava encontrar quais fatores a empresa considera de importância para a realização de atividades de P&D no Brasil. A terceira etapa se refere à relevância das questões, na visão dos respondentes, permitindo assim às empresas manifestarem sua opinião na adequação do questionário ao tema. Ademais, foram feitas entrevistas presenciais nas empresas da amostra, a fim de complementar as informações obtidas. A partir das respostas do survey, foram examinadas as condições necessárias à atração e a tendência de ampliação da atividade de pesquisa e desenvolvimento dessas filiais no Brasil. Complementarmente, foi avaliada a relação com os outros setores da amostra.

RESULTADOS:
A partir da análise dos dados, foi possível observar que o setor segue à indústria em geral, ou seja, o número de anos que a atividade é realizada no país e o tipo de atividade são similares, exceto algumas exceções. As empresas do setor se instalaram no Brasil há mais de 20 anos e pouco menos de um quarto delas fazem P&D no país durante estes anos. Porém a tendência a aumentar sua intensidade fica aquém da maioria da amostra. Enquanto as empresas em geral declaram que irão aumentar as suas atividades, as da “Química, petroquímica e plástico” afirmam que permanecerão inalteradas. O percentual de fracasso admitido nas pesquisas segue a média nacional, que não ultrapassa muito o intervalo de 1% a 10% do orçamento para P&D. Em relação a proporção da receita disponibilizada pela corporação para atividades inovativas, o segmento “Química, petroquímica e plástico” é inferior ao da amostra (entre 1% e 5%), pois apenas uma empresa afirmou ter disponível 5% da parcela destinada a este fim, enquanto as demais declaram gastos até 1%. Dentre os 16 fatores considerados de maior importância para atrair P&D, os cinco primeiros são “Propriedade intelectual”, “Tamanho do mercado”, “Crescimento do mercado”, “Segurança jurídica e patrimonial” e “Infra-estrutura básica”, respectivamente.

CONCLUSÕES:
Através das opiniões registradas no questionário eletrônico, podemos tomar como regra o fato de que não existe um plano específico traçado à P&D; essa atividade migra conforme as oportunidades, custo-benefício, capacitação e riscos de médio e longo prazo de cada economia. Por meio deles também concluímos que a internacionalização da P&D e, principalmente, a tendência dessa atividade no Brasil dependem muito das especificações do setor que se está considerando (somado a um conjunto complexo de fatores). No caso da “Química, petroquímica e plástico”, o Brasil está entre os primeiros da lista nas estratégias de internacionalização da P&D, comparativamente aos outros setores. Quanto aos fatores de atração de investimento produtivo, possivelmente, a ordem de importância está relacionada aos movimentos de reestruturação que ocorre no setor, uma vez que essa dinâmica é inerente a esta indústria e muitos desses movimentos são feitos visando não apenas expansão da capacidade produtiva, mas também a apropriação de novas tecnologias. O mais importante, segundo as próprias empresas analisadas, é que políticas públicas visando atração de investimento de qualidade (P&D) não são condições únicas e suficientes, mas sem dúvida, são muito necessárias para concretizar o recebimento desses recursos.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  indústria química, pesquisa e desenvolvimento, atração de investimento

E-mail para contato: mi_tessarin@yahoo.com.br