60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica

ANÁLISE DO POLIMORFISMO M235T DO GENE DO ANGIOTENSINOGÊNIO (AGT) E SUA ASSOCIAÇÃO COM A DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) E A SÍNDROME METABÓLICA EM AFRO-DESCENDENTES DO ESTADO DA BAHIA

Larissa Oliveira Guimarães1
Ricardo Bonfim Silva2
Jandson Souza Santos1
Domingos Lázaro Souza Rios3

1. Graduandos do Curso de Ciências Biológicas – UESB
2. Bacharel em Ciências Biológicas – UESB
3. Departamento de Ciências Biológicas – UESB


INTRODUÇÃO:
A síndrome metabólica (SM), assim como a doença arterial coronariana (DAC), é uma doença complexa. Caracteriza-se pela reunião de algumas doenças metabólicas: obesidade abdominal, resistência à insulina, altos níveis de triglicérides plasmáticos, baixos níveis de colesterol HDL, altos níveis de pressão sanguínea e alteração na homeostase da glicose no sangue. Um fator de alta freqüência nos indivíduos com síndrome metabólica é a hipertensão arterial. Polimorfismos que codificam proteínas do Sistema renina-angiotensina (RAS) são genes candidatos para explicarem a hipertensão. Ele tem grande importância na homeostase cardiovascular. O angiotensinogênio, polipeptídio chave neste sistema, é, portanto, um dos componentes que pode estar atuando na patogênese da DAC e síndromes associadas. O gene do AGT localiza-se no cromossomo 1q 42-43. A variante M235T está localizada no éxon dois do gene, é uma transição de aminoácidos de metionina para treonina na posição 235 da proteína madura e é denominada de T235. Diversos estudos encontraram correlação entre as patologias descritas e o polimorfismo, porém, outros não. Assim, esta pesquisa pretende investigar a associação do polimorfismo M235T do gene do AGT com a SM em uma amostra de pacientes coronariopatas do estado da Bahia.

METODOLOGIA:
A amostra é composta de 841 indivíduos que procuraram o serviço de Hemodinâmica do Hospital Santa Isabel em Salvador-BA para a realização de exames devido a sintomas relacionados à DAC. Destes, 500 apresentaram lesões ateroscleróticas significantes e 341 não apresentaram lesões visíveis ao exame. Na identificação da SM foram utilizados os parâmetros do NCEP III (Programa Nacional de Educação para o Colesterol (2001) dos EUA), que consideram as medidas de BMI (índice de massa corpórea), triglicérides, colesterol HDL, pressão arterial e glicemia. Realizou-se extração salina do DNA nas amostras de sangue dos pacientes. Identificou-se 700 indivíduos para o polimorfismo M235T no gene do AGT com amplificação por PCR – RFLP (enzima Tth 111I), eletroforese em gel não-desnaturante de poliacrilamida e coloração com brometo de etídio. Os dados foram inseridos no programa para análise estatística SPSS. Analisou-se freqüências gênicas e genotípicas - comparadas entre os grupos utilizando teste do X2, regressão logística multivariada (estimativas dos odds ratios associados aos genótipos e correção para os efeitos das variáveis ambientais avaliadas no estudo) e comparou-se as variáveis quantitativas entre os grupos e os genótipos usando-se o teste T.

RESULTADOS:
As freqüências genotípicas do polimorfismo estão em Equilíbrio de Hardy-Weinberg. A freqüência do alelo 235T foi maior nos controles afro-descendentes (62,2%) quando comparados aos controles caucasóides (51,4%; p=0,003) - separando-se os indivíduos por etnia. Em caucasóides, a freqüência do alelo 235T nos indivíduos com SM foi de 54,4% e nos controles de 51,4% (diferenças não significantes). De forma similar não foram observadas diferenças significantes entre casos de SM (60,4%) e controles (62,2%) em afro-descendentes. Para Mondry et. al (2005), o genótipo TT do polimorfismo M235T confere um risco diminuído significativamente para a hipertensão em alemães; Say e cols. (2005) observaram na Malásia, que a variante está significativamente associada à hipertensão; um estudo referente à DAC não encontra associação entre o polimorfismo e a doença, fato considerado contraditório (Araújo et. al, 2005). Em holandeses com a diabetes melitus tipo 2, observa-se que o alelo T associa-se com elevados níveis de albumina excretada na urina e retinopatia – sintomas da patologia (Van Ittersum et. al 2000). A divergência de resultados pode ser explicada por etnia, variações na padronização de casos e controles, tamanho amostral e exposição a diferentes fatores ambientais.

CONCLUSÕES:
A relação observada entre o polimorfismo M235T do gene do AGT, seus produtos protéicos, vias metabólicas e fenótipos de DAC e síndrome metabólica, sugerem que neste estudo, o polimorfismo M235T do AGT não se associa ao risco aumentado de síndrome metabólica e DAC na amostra analisada.

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Polimorfismos genéticos, DAC

E-mail para contato: laragenetica@yahoo.com.br