60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Embora as estatísticas brasileiras sobre parasitoses intestinais transmitidas por alimento sejam bastante precárias, acredita-se que a incidência das mesmas em nosso país seja bastante elevada. Alimentos mal manipulados tornam-se uma fonte de contaminação para diversas doenças, sejam elas causadas por bactérias, fungos, protozoários e helmintos. Assim, o cozimento inadequado ou armazenamento impróprio dos alimentos podem ocasionar em desconfortos intestinais devido à presença dos microorganismos patogênicos. No entanto, poucos trabalhos têm avaliado o índice de parasitoses intestinais entre manipuladores de alimentos no Brasil. Neste trabalho, investigou-se o índice de parasitoses intestinais entre os horticultores da Feira do Produtor do município de Patos de Minas (MG).

METODOLOGIA:

Foi elaborado um termo de consentimento e um questionário para investigação de fatores ambientais. Além disso, foi entregue para cada horticultor um coletor universal de fezes com formol a 10% para conservação das mesmas. Os horticultores foram instruídos a coletar as fezes em dias alternados durante os meses de agosto e setembro de 2007. As amostras de fezes foram encaminhadas para análise no Laboratório de Parasitologia. Os procedimentos consistiam de soluções com água com poucas gramas de fezes para serem filtradas, descansadas, sedimentados e depois colocadas em lâminas para análises.

RESULTADOS:

Foram analisadas 30 amostras fecais dos horticultores. Deste total 12 (40%) apresentaram resultados positivos ao exame parasitológico para um ou mais parasitas e/ou comensais e 18 (60%) apresentaram resultados negativos. Das 12 (40%) amostras positivas apenas 3 (25%) encontrava-se poliparasitadas e 9 (75%) encontravam-se monoparasitadas, sendo que em 8 (67 %) das amostras observou-se apenas comensais e 4 (33%) parasitos. Nas 12 amostras positivas para um ou mais parasito e ou comensal observou–se uma percentagem de 3,5% para Giardia lamblia, 7,0% para Entamoeba histolytica, 13,0% para Entamoeba coli, 13,0% para Endolimax nana e 3,5% para Ascaris lumbricoides. No presente estudo constatou-se a presença de protozoários como a Entamoeba histolytica e Giardia lamblia, parasitando os horticultores indicando a contaminação direta dos vegetais. A maioria dos horticultores mora na zona rural, onde produzem ou cultivam seus produtos de comércio, tendo um maior contato com a terra e/ou fezes de animais. Tal fato, juntamente com o hábito de lavar as mãos e alimentos apenas com água pode justificar o grande número de resultados positivos para parasitos e/ou comensais nas amostras analisadas.

CONCLUSÕES:

Conclui-se que as verduras comercializadas diretamente por horticultores podem transmitir protozoários e helmintos patogênicos aos consumidores, observando uma alta porcentagem (40%) de resultados positivos entre os mesmo, sendo necessário que a vigilância sanitária além de fiscalizar as feiras livres, também fiscalize a água, o solo e as folhagens, bem como os produtores diretos destes alimentos, o que impediria o fechamento do ciclo de vários protozoários encontrados (36,5% no total) e de helmintos (3,5%). Portanto, faz-se necessário que as autoridades de saúde pública, juntamente com as associações de horticultores desenvolvam medidas para tratamento, prevenção e orientação para diminuir a proliferação das parasitoses.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Enteroparasitas, horticultores, Feiras Livres

E-mail para contato: guizaocaetano@hotmail.com