60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 1. Língua Portuguesa

LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NA COMUNIDADE ACADÊMICA DA UESB-JEQUIE.

Elem Oliveira Pitombo1
Cleide Meira Rocha da Silva1
Giseli Novais da Silva1
Adriana Maria de Abreu Barbosa2

1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
2. Profª. Drª. - Departamento de Ciências Humanas e Letras - UESB - Orientadora
3. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia


INTRODUÇÃO:
O Ensino de Língua Portuguesa tem se preocupado especialmente com a dificuldade que alunos de diferentes áreas do saber apresentam para realizar tarefas que exijam as competências de leitura e escrita. Desse modo, ao ensinar Português, o professor foca a atenção no trabalho com o texto. Este, resultado de um ato de comunicação produzido por um sujeito explícito, deixa de ser mero encadeamento de sentenças organizadas e se torna um todo significativo cujas ações lingüísticas, cognitivas e sociais convergem entre si (KOCH:2002). Neste trabalho, investigamos a prática de leitura e de produção textual na comunidade discente da UESB-Jequié. Verificamos a postura do aluno frente ao texto e a significação deste para aquele. Discutimos a forma como a modalidade escrita da Língua é ensinada nas Áreas de Saúde e Ciências Biológicas a fim de encontrar respostas para certa resistência dos alunos quanto à produção de textos. Esta pesquisa se reveste de importância por propormos uma análise contundente do modo como o texto é apresentado e recebido na graduação. No primeiro momento, limitamo-nos ao curso de Biologia/UESB cujos dados, analisados e discutidos, culminaram num artigo intitulado “Leitura e Produção Textual na graduação: o que é e como se faz”, publicado no II SEDIPPE/ Edições Uesb.

METODOLOGIA:
Na primeira etapa a pesquisa teve como corpus 32 alunos do curso de Ciências Biológicas, sendo 13 em final de curso, 8º semestre, e 19 alunos iniciando a graduação, 2º semestre, ano de 2006. Aplicamos um questionário contendo 5 questões subjetivas. O estudo se propôs a ouvir também cinco professores da referida Área. Neste caso, realizamos entrevistas individuais com perguntas similares às feitas aos discentes. Estas, gravadas e posteriormente transcritas, nos permitiu comparar a necessidade dos alunos, quanto à leitura e à produção de textos, com a expectativa dos professores. Este projeto piloto, aprimorado e em fase de expansão, atualmente analisa e discute teoricamente os dados obtidos junto aos graduandos dos cursos de Educação Física, Enfermagem e Fisioterapia. Nesta etapa, o questionário foi revisto e ampliado para quatorze perguntas subjetivas dirigidas ao público discente de Fisioterapia e Enfermagem do 1º, 4º e 8º períodos do ano letivo de 2007, e Educação Física, ano letivo de 2008. O corpus consta de 45 alunos de Enfermagem, 45 de Fisioterapia e 68 alunos de Educação Física. A discussão teórica se baseia nas concepções de texto apresentadas por Bakhtin (2002), Geraldi (1997), Koch (2002) entre outros.

RESULTADOS:
Observamos, na primeira etapa do projeto dirigida aos alunos de Ciências Biológicas, que embora eles reconheçam a importância da leitura e da escrita, um considerável percentual revela dificuldades ou desinteresse por atividades referentes à produção de textos. Notamos também que, ao longo do curso, os alunos se desprendem de leituras gerais, apoiando-se tão somente nas leituras específicas relacionadas ao curso. Questionamos então, se demais leituras não os ajudariam a desenvolver melhor a produção textual, questão, aliás, abordada pelos professores entrevistados. Acreditamos que ao produzir um texto o sujeito aciona mecanismos lexicais, gramaticais e semânticos que facilitam a intelecção entre autor e leitor, ao mesmo tempo permite o uso consciente da Língua. Percebemos que nos cursos aqui pesquisados tal função da Língua não é reconhecida pela maioria dos alunos. Isso nos leva a questionar se a forma como ela é ou foi ensinada no ensino médio e, como é revista pela disciplina Português Instrumental (única disciplina dos cursos cuja ementa trata da leitura e da produção textual) favorece tal conceito, o que, por sua vez, leva os discentes a limitarem o uso da escrita apenas à execução dos trabalhos solicitados.

CONCLUSÕES:
Ancorados nos dados que a pesquisa tem nos apresentado, perguntamos para que se lê? Para que e para quem se escreve na Academia? Qual a legitimidade desses textos frente à sociedade. Acreditamos que, antes de se inserir no mundo da leitura e da escrita, o aluno deverá ser orientado a criar sentido para ambos. Desse modo, ele irá ao texto para perguntá-lo, escuta-lo, usa-lo e/ou frui-lo. Ao mesmo tempo, ele tomará consciência dos diversos gêneros textuais que estão ao seu dispor para uso. Ao nosso ver, urge mostrar ao publico discente que a apropriação do texto é antes uma reescritura, um exercício de “fertilização” provindo das diversas leituras não só de textos, mas, principalmente, de mundo. Diante dos primeiros resultados da pesquisa, que nos impulsionaram a expandi-la, parece-nos imprescindível levar à luz da consciência crítica os conceitos de leitura e produção textual a todos os envolvidos no processo (professores e alunos) de formação acadêmica, intuindo fomentar a prática da escrita como ferramenta de transformação social nas diferentes áreas do saber.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Leitura, Escrita, Sociedade

E-mail para contato: elemolipo@hotmail.com