60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social

COMO PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS VÊEM A INTER-RELAÇÃO DA ESCOLA, FAMÍLIA E AMOR COMO EXPRESSÕES DE VIOLÊNCIA DA CRIANÇA E ADOLESCENTES EM SEU COTIDIANO ESCOLAR?

Eliana de Lourdes Candido1
Marineide Silva1
Maria Augusta Rondas Speller1

1. Universidade Federal de Mato Grosso


INTRODUÇÃO:
“Violência segundo professores e funcionários de uma escola pública de Cuiabá-MT”, que investigou os professores e funcionários de uma escola pública da cidade de Cuiabá, Mato Grosso, estudo que se concentrou em dar voz aos sujeitos para saber o que eles pensam sobre a violência escolar. A relevância do trabalho está na importância de realizar uma discussão acerca dos temas e subsidiar reflexões da prática pedagógica e do cotidiano escolar. O presente trabalho vai focar somente a parte da pesquisa que investigou os professores e funcionários por meio do Grupo Operativo, objetivando buscar suas percepções sobre as manifestações de violência percebidas em sua prática educacional e subjetividade.

METODOLOGIA:
A pesquisa teve como objetivo investigar o que professores e funcionários pensam sobre a violência, sobre as configurações familiares atuais, sobre o amor, bem como as formas de violência gerada pela cultura escolar, considerando sua temática no campo da subjetividade, educação e psicanálise. A técnica do Grupo Operativo, permitiu que o grupo comparecesse com sua história pessoal consciente ou inconscientemente, isto é, com sua verticalidade. E na medida em que os sujeitos sentiam necessidades de compartilhar as informações em função da tarefa cria-se uma nova história, resultante da coletividade, que é a horizontalidade..A tarefa permite aos sujeitos discutirem assuntos que talvez nem imaginem ou tenham espaços dentro da escola para falar. É por isso, que nesse momento da pesquisa cada integrante esclarece sua própria complexidade, e também passam a perceber as definições e conceitos, antes pré-concebidos e estereotipadas acerca da violência. A pesquisa teve abordagem qualitativa. A bibliografia utilizada abarcou referências relativas à violência escolar e à literatura psicanalítica relacionada com a educação. Os procedimentos utilizados foram: grupos operativos, totalizando 10 reuniões, de uma hora cada, sempre no mesmo horário, dia e local. Os professores se reuniam às terças feiras, 11h às 12h, os funcionários as quintas feiras 10h às 11h; aplicação de questionário e entrevistas semi-estruturadas. A amostra teve como base 5 funcionárias e 5 professores de uma escola pública

RESULTADOS:
“Violência” foi a palavra que norteou o discurso dos sujeitos pesquisadas. Os participantes da pesquisa reconhece a escola como um espaço de circulação da palavra, propiciando importantes trocas para a transformação pessoal e profissional. Além disso, muitas foram as angústias, as incertezas e as queixas que os professores e funcionários revelaram em seus depoimentos. Em síntese: alguns depoimentos mostraram profissionais angustiados em relação às manifestações de violência do aluno, dos funcionários, dos professores; a família do aluno e a falta de amor são fatores que determinam a violência do aluno, a indisciplina é vista como violência pelos sujeitos; os entrevistados puderam expor as manifestações de violência sofridas e cometidos relatando as histórias de suas próprias vidas. Os sujeitos também reclamam da falta de um espaço na escola que possa propiciar a circulação da palavra, falar e poder ser escutado; destacam a importância de projetos que tenham como objetivos minimizar a violência no cotidiano escolar; porém afirmam que suas situações financeiras, a falta de tempo e o stress são causas que podem conduzi-los à violência. Estes profissionais que atuam na educação, percebem ainda que a visão geral da sociedade sobre o tema violência na escola é empobrecedora e não favorece uma discussão e reflexão mais elaborada do assunto, ao contrário das discussões no grupo operativo com os professores e funcionários, cujo resultado permite uma interessante análise sobre a cultura da violência na escola..

CONCLUSÕES:
É necessário que a escola crie mecanismos que propicie aos profissionais, alunos e pais dar vazão à voz contida da educação, possibilitando a circulação desta por toda a sociedade a fim de minimizar a distância que há entre a escola, a sociedade e os poderes públicos responsáveis pelo sistema educacional brasileiro. Um destes mecanismos poderia ser a criação de um espaço na escola específico para o segmento da educação que pudesse atuar de maneira integrada, promovendo a circulação da palavra e de discussões proveitosas, projetos e oficinas que sirvam para tirar a escola desse sistema de dormência em que se encontra. Desta maneira os sujeitos poderiam opinar, refletir, discutir, ser ouvido e se ouvir, e assim, teriam a oportunidade de participar democraticamente do processo que constrói a educação escolar.



Palavras-chave:  Educação. Violência. Subjetividade

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