60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas

A MODIFICAÇÃO DA REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE INSULINA EM CÉLULAS Β-PANCREÁTICAS DE RATOS OBESOS É IRREVERSÍVEL?

Renato Chaves Souto Branco1, 2
Ricardo Caio Ávila Gomes1
Sabrina Grassiolli1, 2
Dionízia Scomparim1, 2
Clarice Gravena1, 2
Paulo Cezar de Freitas Mathias1, 2, 3

1. Universidade Estadual de Maringa´
2. Departamento de Biologia Celular e Genetica
3. Orientador - Prof. Dr.


INTRODUÇÃO:
A obesidade é um problema que afeta grande parte da população mundial. Doenças crônico-degenerativas, como a diabetes e hipertensão, são desenvolvidas em indivíduos obesos. O sistema nervoso central (SNC), mais especificamente o hipotálamo, atua como o regulador da homeostase energética. Alterações em áreas hipotalâmicas induzem o desenvolvimento da obesidade. Os mecanismos de instalação da obesidade vem sendo relacionados a um desequilíbrio entre ingestão, armazenamento e queima de calorias. Roedores neonatos tratados com glutamato monossódico (MSG) apresentam lesões no núcleo arqueado hipotalâmico (ARC) e desenvolvem obesidade. Esses animais aos 90 dias de idade são hiperinsulinêmicos e apresentam grande acúmulo de gordura; todavia, não apresentam hiperglicemia e nem hiperfagia. Além da resistência periférica a insulina, os roedores obesos-MSG mostram que suas células β pancreáticas secretam grandes quantidades de insulina quando estimuladas por glicose; portanto mostrando uma alteração na regulação da secreção deste hormônio. Essas alterações quando estabelecidas parecem não ser mais reversíveis pois fazem parte de uma modificação do metabolismo iniciada na fase de lactação, considerada um período crítico para o desenvolvimento do SNC. Para testar a hipótese de que as injúrias causadas na célula β pancreáticas seriam permanentes. O presente trabalho se propôs a observar se ilhotas dos ratos obesos, as quais secretam muita insulina, transplantadas para um rato diabético poderiam corrigir com mais eficácia a hiperglicemia.

METODOLOGIA:
Nos 5 primeiro dias de vida, ratos machos Wistar receberam injeções subcutâneas de MSG (4mg/g de peso corporal), o grupo controle recebeu salina equimolar. Após 21 dias os animais foram desmamados e aos 90 dias foram sacrificados. As gorduras perigonadal e retroperitoneal foram isoladas e pesadas. A insulinemia e a glicemia de jejum foram avaliadas. Ilhotas de ratos MSG foram isoladas pela técnica da colagenase e transplantadas em ratos de 90 dias tratados (via intravenosa) com estreptozotocina (STZ) na dose de 50 mg/kg. Depois de 4 dias os animais STZ que apresentaram uma glicemia acima de 350 mg/dl foram selecionados como receptores para receber as ilhotas. Entre 1000 e 1200 ilhotas foram implantadas nos ratos STZ através da veia porta-hepática. Os animais foram divididos em: Ratos STZ falsamente operados (STZ), ratos controle falsamente operados (Controle), ratos transplantados com ilhotas de MSG (T-MSG) e ratos que receberam ilhotas de ratos controle (T-Controle). Esses animais tiveram a glicemia monitorada durante 4 dias após o transplante.

RESULTADOS:
O tratamento neonatal com MSG foi eficaz na indução da obesidade. O acúmulo das gorduras perigonadais e retroperitoneais foram 54% (0.0171) e 50% (0.01745) maiores em relação aos animais magros (0.01168 g/100g de peso corporal), p<0.05. O índice de Lee dos ratos obesos foi 7,5% (340.5) maior quando comparado aos animais do grupo Controle (316.9),p<0,05. A evolução da glicemia dos animais transplantados foi avaliada até o terceiro dia após o dia da cirurgia. No dia do transplante a glicemia dos grupos T-Controle, T-MSG e STZ não foram diferentes entre si; porém, foram superior ao Controle (199,3 mg/dl) em pelo menos 244%, p<0.05. T-Controle (336.5 mg/dl) e T-MSG (370.6 mg/dl) baixaram suas glicemias no primeiro dia após o transplante em pelo menos 50%, p<0,05. Ambos os grupos mantiveram valores próximos até o terceiro dia após o transplante, não apresentando diferença entre si, mas mantendo-se diferentes do Controle e STZ. No dia do sacrifício, em jejum, o grupo STZ (449.3 ± 42.03 mg/dl) manteve os altos valres glicêmicos, pelo menos 248% maior quando comparado aos grupos: T-Controle (93.25 ± 16.46 mg/dl); T-MSG (185.7 ± 64.39 mg/dl); Controle (108.1 ± 15.79 mg/gl), p<0,05. Os dados mostram que em jejum, T-Controle baixou seus valores de glicemia a valores próximos do Controle, o que não foi observado com o grupo T-MSG.

CONCLUSÕES:
O transplante intraportal de 1100 ilhotas pancreáticas isoladas de ratos magros foi capaz de normalizar a glicemia de jejum de ratos diabéticos. Apesar de uma queda considerável na glicemia de ratos diabéticos, provocada pelo transplante de ilhotas originárias de ratos obesos-MSG, a quantidade de insulina secretada não foi suficiente para normalizar a glicemia. O transplante de ilhotas, de ambos os grupos, ratos magros e obesos-MSG, também não foi eficaz para reverter a hiperglicemia dos animais diabéticos alimentados. Assim, provavelmente, a função da célula β pancreática de ratos obesos-MSG pode ser parcialmente restaurada na medida em que a obesidade seja abolida.

Instituição de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  obesidade, diabetes, transplante de ilhotas pancreáticas

E-mail para contato: renatocsb@gmail.com