60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

DENGUE E ENSINO DE CIÊNCIAS: LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO A RESPEITO DA DENGUE E A VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM BIOINSETICIDA NO CONTROLE DO MOSQUITO AEDES AEGYPTI.

Samara Ernandes1
Elaine Beatriz Lahoz Rinaldi2
Josiê Silvestre de Moraes da Silva2
Iracema de Oliveira Moraes3
Vanildo Luiz Del Bianchi3
Renata Pantaleão Borges Viscardi2

1. Profª Drª - UNILAGO e CSA - São José do Rio Preto - SP
2. Colégio Santo André - CSA - São José do Rio Preto - SP
3. IBILCE - UNESP - São José do Rio Preto - SP


INTRODUÇÃO:
A dengue é uma das principais endemias que acomete o Brasil, vitimando pessoas na quase totalidade do território, com ênfase à epidemia atual na cidade do Rio de Janeiro. A maior parte da população conhece o seu papel no controle da dengue, evitando o acúmulo de água em recipientes potenciais como criadouros do mosquito Aedes aegypti, principal vetor da dengue. Conhece também o controle químico, amplamente empregado pelas instituições responsáveis pelo controle de endemias. Por outro lado, desconhece que, em casos extremos, uma medida alternativa, o controle biológico por meio de um bioinseticida microbiano, segura, inócua à saúde e ao ambiente pode ser adotada. Sendo assim, este trabalho divulgou para estudantes do Ensino Fundamental II, de maneira simples e clara, o controle biológico de mosquitos vetores, através de bioinseticida bacteriano, produzido localmente, através de resíduos agroindustriais poluentes (Ernandes, 1998; Ernandes, 2004), os quais proporcionam ausência de custos, viabilizando, assim, a sua execução, já que é fato a sua não interferência no ambiente e a sua não toxicidade ao homem e demais animais. Além disso, o trabalho visou a constatação, por meio de entrevistas realizadas por estudantes, do nível de conhecimento da população sobre a dengue e demais variáveis relacionadas.

METODOLOGIA:
O trabalho envolveu estudantes de sete turmas da 6ª série do Ensino Fundamental, do Colégio Santo André, São José do Rio Preto-SP, orientados por suas respectivas professoras de Ciências e uma coordenadora. As etapas foram as seguintes: - Lançamento, em sala de aula, de idéias sobre a dengue e metodologia de controle, a fim de se verificar o grau de envolvimento dos alunos a um possível projeto relacionado a este tema. - Apresentação do projeto aos alunos, no intuito de levantamento, de forma lúdica, de pré-requisitos com relação à dengue e seu modo de controle, através de material impresso. - Trabalho de entrevista com a população, utilizando-se formulário impresso, contendo dez questões. - Tabulação dos dados obtidos na entrevista. - Trabalho de pesquisa sobre impacto ambiental dos inseticidas na água e vantagens e desvantagens do uso de bioinseticidas. - Atividade prática: utilização de bioinseticida para o controle de Aedes aegypti, na qual copinhos com água contendo larvas do mosquito foram submetidos à quantidade pré-determinada de bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis israelensis (Bti). As larvas foram fornecidas pela Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN) e o bioinseticida foi produzindo na UNESP de São José do Rio Preto, através de grupo de pesquisa já constituído e cedido para experiências com os estudantes.

RESULTADOS:
Como resultado da pesquisa empregada com cerca de 490 pessoas, constatou-se que cerca de 90% das pessoas sabia como era transmitida a dengue. Quanto ao nome do mosquito transmissor, esta mesma porcentagem foi obtida. No que se refere à identificação das características morfológicas do mosquito, 77% demonstrou reconhece-lo. Sobre a maneira de evitar a dengue, 95% afirmou que conhecia o método de controle do mosquito. Cerca de 95 % disse conhecer os principais sintomas da doença. Quando questionados sobre o tipo de microorganismo causador da doença, 75% respondeu corretamente, ou seja, os vírus como os causadores da doença, contra 23% e 2%, respectivamente, que respondeu serem as bactérias e os fungos os agentes causadores. 73% acreditava que os inseticidas utilizados para controlar a proliferação do mosquito prejudicavam os seres vivos e o ambiente, porém, apenas 50% disse conhecer as maneiras pelas quais agiam nos seres vivos e interferiam no ambiente. Quando questionados a respeito da existência de algum produto caseiro para a eliminação das larvas do mosquito, 73% respondeu que conhecia. A última questão dizia respeito ao conhecimento no meio de cada um, de alguma pessoa que pegou a dengue, no que 65% admitiu conhecer. Concernente à atividade prática, foi possível verificar, após algumas horas, a mortalidade de 100% das larvas.

CONCLUSÕES:
Foi possível evidenciar, por meio de levantamento diagnóstico de pré-conceitos, que os alunos interessam-se por assuntos que dizem respeito à sua saúde e à maneira de evitar doenças, caso exista uma prevenção baseada em atitudes pessoais e coletivas, como é o caso da dengue. Predispõem-se a participar de projetos e campanhas informativos e educativos. As entrevistas realizadas geraram dados que foram tabulados e plotados em gráficos, os quais foram triados e apenas um de cada questão presente no formulário foi considerado para efeito de participação deste projeto. No entanto, todos eles foram considerados e avaliados pelos professores responsáveis. Relativo a eles, cabe ressaltar a dificuldade da população em identificar o agente causador da dengue, bem como o tipo de dano causado ao ambiente pelo inseticida químico usual. A atividade prática utilizando-se o bioinseticida despertou a curiosidade dos alunos quanto à veracidade da eficácia de ação de um inseticida formulado a partir de bactérias e também os motivou no que diz respeito à pesquisa científica em laboratório, visto que o trabalho demandou visitas periódicas a este espaço. Em sala de aula, cada item da entrevista, após análise dos gráficos, bem como o resultado da atividade laboratorial foi discutido e, como conclusão, delineado o grau de conhecimento de uma parcela da população de São José do Rio Preto, sobre a dengue e suas variáveis.

Instituição de fomento: FAPESP



Palavras-chave:  Dengue, Bioinseticida, Trabalho educativo

E-mail para contato: samara.ernandes@uol.com.br