60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A pesquisa propõe examinar publicações didáticas de História, a fim de compreender de que maneira tem se reproduzido o olhar lançado por renascentistas e iluministas sobre a civilização medieval. A partir da perspectiva foucaultiana, a pesquisa opera com o conceito de “dispositivo de medievalidade”, concebido como um conjunto de práticas discursivas e não discursivas, que estabelecem verdades e qualificam/validam modos de olhar para o passado medieval. As representações constantes nos livros didáticos, num primeiro exame, se mostram através de generalizações, permeadas de anacronismos não compassadas aos avanços recentes da historiografia medievalista.

METODOLOGIA:

A metodologia de análise dos livros didáticos contempla de que forma os mesmos reproduzem parâmetros de negatividade, continuidade e falta de dinamismo e singularidade no período histórico medieval, através de representações diretas e indiretas em textos, jogos de imagens, curiosidades, exercícios, títulos ou cores. Nesse sentido, o bolsista organiza um catálogo das publicações segundo categorias definidas pela pesquisa, realiza fichamentos teóricos e ensaia análises conceituais.

RESULTADOS:

Com diversos resultados obtidos, foi possível perceber que, na atualidade, apesar dos autores estudados não estarem totalmente alheios à historiografia contemporânea, eles ainda mantém preconceitos e generalizações, tal como a elevação da peste à categoria de representação modelo do medievo, reproduzindo uma visão depreciativa daquela civilização. Além, em uma análise retrospectiva, foram estudados dois momentos da produção didática brasileira – anos 30/40/50 e anos 80/90. Comparando as valorizações da Igreja católica, marcadas no primeiro recorte por uma engajada defesa e no segundo com fortes críticas ao papel da mesma, foi possível delimitar os limites referenciais do dispositivo, compreendendo de melhor forma sua operabilidade prática.

CONCLUSÕES:

O dispositivo de medievalidade foi, ao longo da pesquisa, mais operativo ao analisar as publicações dos recortes temporais passados. Nestas (anos 30/40/50 e anos 80/90), os mecanismos de subjetivação são mais claros, e em muitos momentos aproximam da noção clássica de "Idade das Trevas". Já na análise dos livros atuais, é perceptível um duplo movimento: ao mesmo tempo que a historiografia medievalista penetra com força, procurando singularizar a experiência medieval, ainda encontram-se subjetivações iluministas ao período.

Instituição de fomento: BIC - UFRGS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: ensino de história, medievalismo, dispositivo de medievalidade

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