60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 5. Relações Internacionais

CHINA E ÍNDA: COOPERAÇÃO E COMPETIÇÃO NO SUDESTE ASIÁTICO

Helena Lobato da Jornada1
Marco Aurélio Chaves Cepik2, 1

1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2. Orientador


INTRODUÇÃO:
À medida que a hegemonia americana é freqüentemente contestada e a idéia de unipolaridade do Sistema Internacional (SI) é confrontada, teoriza-se sobre a possível ascensão do leste e sudeste asiáticos como contraponto a essa configuração. Nesse sentido, já é clichê argumentar que “os olhos do mundo” estão voltados para o Oriente, especialmente para a China e para a Índia, dois dos países que vêm apresentando melhor desempenho econômico na última década. Desde os anos 1950, quando os “cinco princípios da coexistência pacífica” foram assinados, as relações diplomáticas entre Índia e China nunca foram tão prósperas, mesmo que seus interesses nunca tenham sido tão conflitantes. A sucessão de encontros bilaterais do alto-escalão dos dois governos nos últimos tempos comprova que esforços estão sendo feitos para que as relações entre os dois países se dêem em bases mais harmônicas. É fato que os dois países possuem muito em comum, como civilizações milenares, sua população, seu tamanho, e princípios como respeito pela não-intervenção e pela soberania guiando sua política externa, além de uma fronteira de 3.500 quilômetros de extensão. Não obstante, o que chama mais a atenção de todos é o crescimento econômico contínuo e acelerado dos dois países e a forma com que vêem se posicionando no cenário internacional. A relação Sino-Indiana progrediu bastante em muitos aspectos, especialmente no que tange às questões econômicas, diplomáticas e militares. Entretanto, devido ao crescimento econômico acelerado dos dois países, a busca por recursos energéticos que sustentem seu crescimento é uma das principais questões que afeta sua relação. O ambiente de desconfiança atinge também pontos mais cruciais da relação, como a questão da modernização militar que ocorre nos dois países, e promove uma espécie de corrida armamentista no continente. Os testes nucleares realizados pela Índia em 1998 são um marco nesse aspecto. O alcance do poder diplomático na região também é motivo de competição entre Índia e China. Ambos procuram projetar seu poder e expandir sua esfera de influência em detrimento do outro. A orientação da política externa indiana de “Olhar para o Oriente” aproximou a Índia de países que originalmente estavam muito mais próximos à China, como Vietnã e Cingapura, e além disso, a Índia vem desenvolvendo um relacionamento estreito com os EUA, o que é confirmado com o acordo de transferência de tecnologia nuclear para usos pacíficos assinado pelos dois países, o que é uma fonte de preocupação para o governo chinês. O futuro do relacionamento entre China e Índia influi diretamente na estabilidade de todo o continente asiático, e esses problemas também podem ser observados em sua atuação nas Organizações Regionais. Nesse contexto, o Fórum Regional da ASEAN é um excelente exemplo, dado que Índia e China possuem interesses conflitantes em países do Sudeste Asiático, como Vietnã e Myanmar, e buscam dentro dessa organização aumentar sua capacidade de influência. Porém, até que ponto esse fórum, pouco institucionalizado, pode efetivamente coordenar esse relacionamento? Quais são suas implicações para o reposicionamento estratégico do continente? Sendo que Índia e China são o centro do crescimento asiático, o objetivo da pesquisa é compreender como a interação desses dois países pode afetar a estabilidade na região, especialmente no Sudeste Asiático, assim como a distribuição do poder no Sistema Internacional.

METODOLOGIA:
Inicialmente será realizada uma revisão bibliográfica sobre a política externa e a diplomacia de segurança indianas e chinesas. Essa revisão é complementada através da coleta e análise de dados conjunturais a partir da observação de mídias locais e internacionais.

RESULTADOS:
O resultado esperado com o desenvolvimento da pesquisa é confirmar o caráter pragmático das relações entre Índia e China, que é bastante competitiva em alguns setores e cooperativa em outros. Espera-se também demonstrar que o Sudeste Asiático é uma região chave nessa relação dual, e que o modelo proposto pelo Fórum Regional da ASEAN para coordenação diplomática regional pode ser uma ferramenta de concertação entre os dois países.

CONCLUSÕES:
A conclusão esperada é verificação da centralidade das relações entre China e Índia para a estabilidade regional e a distribuição de poder no Sistema Internacional.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Índia, China, Segurança Internacional

E-mail para contato: helena.jornada@ufrgs.br