60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal

RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS DE BALEIAS-JUBARTE, MEGAPTERA NOVAEANGLIAE (BOROWSKI, 1781; CETACEA: MYSTICETI), SUBMETIDAS À MARCAÇÃO COM TRANSMISSORES SATELITAIS

Natália dos Santos Mamede1, 2
Luiz Cláudio P. de Sá Alves2
Paulo César Simões-Lopes3
Sérgio C. Moreira2
Artur Andriolo1, 2

1. Departamento de Zoologia, ICB, Universidade Federal de Juiz de Fora, MG
2. Instituto Aqualie - Projeto Monitoramento de Baleias por Satélite, RJ
3. Departamento de Ecologia e Zoologia, CCB, Universidade Federal de Santa Catarina


INTRODUÇÃO:
A telemetria por satélite vem sendo utilizada como uma importante ferramenta no estudo dos movimentos de migração de diversas espécies animais há mais de 30 anos. O possível impacto das atividades de marcação de baleias com transmissores satelitais vem sendo amplamente discutido. O estudo de freqüência respiratória é importante na avaliação do bem-estar animal, especialmente em espécies para as quais os registros de outras variáveis fisiológicas é difícil, como é o caso dos grandes cetáceos. Para respeitar essa condição é importante o estabelecimento de protocolos para esse processo. Observações do comportamento das baleias durante o processo de marcação podem auxiliar a caracterizar tais impactos. Nosso objetivo foi avaliar as possíveis perturbações provocadas nas baleias-jubarte pelo procedimento de marcação.

METODOLOGIA:
Estudos comportamentais foram realizados durante operações de marcação de baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) com transmissores satelitais na costa brasileira (Banco dos Abrolhos). A marcação é feita com o uso de uma haste, quando o marcador, a bordo de um bote inflável, está posicionado entre 3-5m de distância dos animais. As observações utilizaram o método do animal focal, onde todas as ocorrências de borrifos (expiração) e comportamentos de um animal em cada grupo foram registradas, desde o início da perseguição até após a marcação, quando possível. Os comportamentos como resposta à marcação foram denominados comportamentos agudos. Foi realizada a análise de regressão da freqüência respiratória, em intervalos de 5min.

RESULTADOS:
A freqüência respiratória aumentou de acordo com o aumento do tempo de perseguição tanto para animais marcados quanto para animais não marcados.Os comportamentos mais freqüentes observados, após o início da perseguição foram: mudança de rota (23,07%), mudança de estado de descanso para natação rápida (23,07%), e aceleração (23,07%). Os seguintes comportamentos: a passagem de descanso para natação lenta, sem mudança de comportamento, natação circular e fim do comportamento aéreo apresentaram a mesma freqüência (7,69%). A marcação ocasionou respostas comportamentais como aceleração, batida de nadadeira caudal e submersão rápida, denominadas de comportamentos agudos, apenas em 45% dos animais no momento da marcação. Após a marcação 60% dos animais apresentaram uma rota de fuga retilínea, 10% não apresentaram mudança de rota, 20% aceleração e 10% redução de velocidade.

CONCLUSÕES:
As operações de marcação com transmissores de telemetria satelital implantáveis causam perturbação e possível estresse nos animais envolvidos, contudo não são consideradas de alta intensidade. Observou-se que a reação à perseguição e manobras dos botes são mais evidentes do que a marcação em si. Conclui que a redução do tempo de perseguição pode contribuir de maneira significativa para a condição de bem-estar dos animais. Como acontece com a freqüência cardíaca, um aumento na taxa respiratória poderia ser uma resposta a uma situação observada pelo indivíduo, ou apenas um reflexo de maior atividade ou ainda uma das prováveis respostas à perturbações.

Instituição de fomento: Shell do Brasil e UFJF

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  baleia-jubarte, frequência respiratória, bem-estar

E-mail para contato: nataliamamedebio@gmail.com