60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

EFEITO DOS INDUTORES DE RESISTÊNCIA AGARICUS BLAZEI, LENTINULAS EDODES E ACIBENZOLAR-S-METIL NO CONTROLE PÓS-COLHEITA DA ANTRACNOSE (COLLETOTRICHUM GLOEOSPORIOIDES) EM MARACUJÁ AMARELO (PASSIFLORA EDULIS SIMS F. FLAVICARPA DEG.)

Danila Souza Oliveira1
Carlos Bernard Moreno Cerqueira-Silva2
Alanna Cibelle Fernandes Pereira3
Armínio Santos4
Antonio Carlos de Oliveira5

1. Mestranda em Biotecnologia, UFSC, Florianópolis/BA
2. Mestrando em Genética & Biologia Molecular, UESC, Ilhéus/BA
3. Graduanda em Ciências Biológicas, Departamento de Ciências Naturais, UESB
4. Professor, Laboratório de Fitopatologia, UESB
5. Professor/Orientador, Laboratório de Biologia Geral, Departamento de Ciências N


INTRODUÇÃO:
O maracujazeiro-‘amarelo’ (Passiflora edulis f. flavicarpa) é acometido por várias doenças, sendo que a antracnose causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides é considerada a mais importante em pós-colheita (VIANA, 2003). A indução de resistência pode ser uma alternativa para controle desta doença uma vez que confere proteção a planta contra patógenos (KUHN, 2006). O Agaricus blazei (Ab) e Lentinulas edodes (Le) têm sido testados no controle de doenças contra fitopatógenos. Em frutos de laranja, extratos de Ab e Le induziram resistência contra C. gloeosporioides (TOFFANO, 2005). Já em frutos de mamão, não mostraram eficientes na redução da antracnose (CIA, 2005). O Acibenzolar-S-Metil (ASM) é um indutor de origem abiótica que tem promovido controle de doenças em diversas culturas (BENELLI, 2004). Em mamão o uso de ASM resultou em uma redução significativa da antracnose (DANTAS, 2004). Porém, frutos de P. edulis tratados com ASM 100ppm não apresentaram redução desta doença (ALMEIDA, 2005). Objetivou-se neste trabalho avaliar as ações (i) indutora de resistência em frutos e (ii) anti-fúngica sobre a germinação e crescimento micelial de eliciadores de Ab, Le e ASM no controle de C. gloeosporioides, causador da antracnose em maracujá-‘amarelo’.

METODOLOGIA:
Efeito na proteção de frutos: Avaliado, para Ab e Le, via DBC [5 tratamentos (aspersão; imersão; deposição de fécula a 3% e 6% e controle) e 3 blocos (concentrações=20%, 40% e 60% dos indutores), com 4 frutos/tratamento]. Para ASM, utilizou-se diferentes sub-ensaios sob DIC {I: 3 tratamentos (ASM 75ppm; ASM 150ppm e água) com 6 repetições cada; II e III (frutos aspergidos ou imersos com/em solução de ASM, respectivamente): 2 tratamentos (ASM 100ppm e água) com 9 frutos cada. Para todos os ensaios, após os tratamentos os frutos foram desafiados com o fungo e mensurou-se o índice de velocidade de crescimento lesão (IVCL) da antracnose nos frutos. Efeito in vitro : Avaliado, para Ab e ASM, via DIC [5 tratamentos (Ab 5%; Ab 15%; Ab 25%; ASM 100 ppm e água) com seis placas de Petri cada], mensurando-se o índice de crescimento micelial (ICM). Para Le, foi avaliado o seu efeito sobre a germinação de conídios do fungo via DIC [5 tratamentos (água; meio BDA; meio BDA+Le 10%; meio BDA+ Le 20% e meio BDA+ Le 40%)] com 6 tubos de ensaio/tratamento. Após 12 horas, avaliou-se a porcentagem de conídios germinados/total e os dados foram submetidos a transformação angular arcsen raiz x. Análises estatísticas: Resultados médios dos ensaios foram submetidos a ANOVA e/ou ao teste de comparação de médias Scott-Knott (αalpha; =0,05).

RESULTADOS:
Não se detectou diferença significativa entre IVCL dos tratamentos Ab e Le em frutos com relação ao controle [Ab (p = 0,21 e 0,54; 8 e 12 dias após inoculação (DAI), respectivamente; e Le (p = 0,76; 0,74 e 0,54; 4, 8 e 12 DAI, respectivamente, exceto para Ab (fécula 3%) aos 4 DAI (p = 0,035]. Logo, infere-se que Ab e Le não resultaram efeito indutivo em frutos de P.edulis. O aumento crescente das concentrações dos eliciadores (20%, 40% e 60%) não resultou em médias de IVCL estatisticamente diferentes entre si (p ≥ 0,15). Para o ASM, também não foi detectada diferença estatisticamente significativa entre os resultados médios do IVCL em frutos tratados com ASM e controle (p = 0,057; bootstrap=0,13)] e diferentes formas de aplicação de ASM [imersão (p = 0,14; bootstrap = 0,34) e aspersão (p = 0,39; bootstrap = 0,41)]. Na avaliação da ação antifúngica, foi detectado efeito significativo para Ab e ASM sobre o crescimento micelial in vitro do patógeno (p < 0,01), distinguindo-se três clusters de ICM [a: Ab 15% (2,01±0,11), 25% (1,95±0,26) e 5% (1,61±0,19) b: ASM 100 ppm (2,37±0,11) e c: controle (3,66±0,05)]. Para o Le, embora detectada diferença estatística significativa (p <0,001), detectou-se a germinação de conídios.

CONCLUSÕES:
Alguns trabalhos que têm reportado a utilização de aspersão/pulverização e imersão de frutos em soluções de indutores apresentaram diferenças significativas quando comparados com o controle, diferente do que foi observado neste trabalho. Quanto a ineficiência do ASM em induzir resistência em maracujá-amarelo ao C. gloeosporioides, outros relatos já haviam sido feitos, porém nos ensaios aqui realizados, foram avaliadas concentrações diferentes de ASM, além de comparar diferentes métodos de aplicação do mesmo, sendo obtidos resultados similares daqueles apresentados na literatura. Com relação a ensaios in vitro, há relatos de que extratos de Ab não apresentam efeito sobre o crescimento micelial de C. Lagenarium (antracnose em pepino), já outros mostram atividade inibitória sobre a germinação de conídios do C. sublineolum (antracnose em sorgo). As evidências experimentais geradas no presente trabalho sugerem que os elicitores A. blazei, L. edodes e ASM não são efetivos na indução de resistência ao C. gloeosporioides em frutos de maracujá-‘amarelo’ em pós-colheita. Entretanto, tais elicitores apresentaram um efeito direto sobre o fungo, seja reduzindo o crescimento micelial ou inibindo a germinação dos conídios de C. gloeosporioides.

Instituição de fomento: FAPESB

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Antracnose, indução de resistência, pós-colheita

E-mail para contato: bionilas@yahoo.com.br