60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 71. Comunicação

PRÁTICAS DO JORNALISMO CÍVICO NO JORNAL ESTADO DE MINAS

Laiana Meira Menezes1
Marcus Antônio Assis Lima3

1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
3. Prof. Dr. - Departamento de Filosofia e Ciências Humanas - UESB- Orientador.


INTRODUÇÃO:
O jornalismo cívico, segundo Luiz Martins (2006), foi criado por David Merrit em 1990 nos Estados Unidos da América. Depois que editor-chefe do Wichita Eagle percebeu que a crise que os jornais enfrentavam naquela época era devido ao distanciamento com que os jornalistas tratavam os assuntos da comunidade. No Brasil, o jornalismo cívico está nascendo com características próprias e sem nenhuma intenção de criar uma nova categoria. O presente trabalho tem como objetivo identificar as práticas do jornalismo cívico no jornal Estado de Minas e tentar enquadrar as notícias analisadas na Escala de Visibilidade da Informação Pública (EVIP), proposta por Martins (2006), para, assim, observar como os jornalistas estão praticando o jornalismo cívico no Brasil.

METODOLOGIA:
Cinco exemplares on-line (03 a 07 de dezembro de 2007) do jornal mineiro Estado de Minas foram analisados. Após a coleta dos dados e análise do conteúdo, todas as matérias consideradas como “jornalismo cívico” foram selecionadas, independentemente das editorias e dos temas propostos. Depois de identificar as matérias tentou-se enquadrá-las na tabela desenvolvida pelo professor Luiz Martins (2006), a Escala de Visibilidade da Informação Pública (EVIP). A tabela é dividida em sete estágios: estágio 1 (opacidade): ocorre quando a divulgação de algum fato for considerada negativa, dessa maneira a empresa tentará ocultá-lo; estágio 2 (classificação): o fato é admitido, entretanto, estrategicamente só será divulgado os dados que beneficiem a empresa; estágio 3 (informação): não ocorre nenhuma tentativa demasiada em ocultar ou divulgar o fato; estágio 4 (serviço): são informações úteis e que não gerarão polêmica, por serem consideradas funcionais; estágio 5 (advogacy): sua principal característica é a parcialidade, neste caso a empresa de comunicação será publicamente a favor a determinado ponto de vista; estágio 6 (promoção): a intenção do veículo de comunicação é promover o debate; estágio 7 (mobilização): o meio de comunicação realiza ou apóia alguma campanha.

RESULTADOS:
Foi encontrada em todos os exemplares analisados uma editoria denominada Indicadores Econômicos, contendo informações sobre o mercado financeiro, e outra chamada Meteorologia, trazendo a previsão do tempo de Minas Gerais e a temperatura das capitais do Brasil. Ambas foram enquadradas no estágio 4, por conterem informações funcionais, segundo Martins (2006) a principal característica deste estágio é o da informação que tem valor de serviço e a qualidade de ser indiscutivelmente útil. Nos 5 jornais analisados as seguintes notícias foram consideradas como jornalismo cívico: “União de governos diminui a miséria”, que se encontra no estágio 2, pois as fontes admitem o problema, entretanto apresentam apenas os dados que lhes interessam. A notícia enquadra-se, também, no estágio 3 devido à necessidade que as fontes têm de publicarem a grande quantidade de dados presentes no texto; “Partido milionário na pequena Juatuba”, “Nova tarifa será menor”, estão no estágio 2, já que, possuem características como omissão e manipulação, que são comuns a esse estágio; A notícia “Fim das obras na Região Leste”, “A matrícula deve ser restituída”, “Roteiro” e a relação dos aprovados no vestibular, estão no estágio 4 por trazerem informações úteis que, provavelmente, ajudarão no dia-a-dia do leitor.

CONCLUSÕES:
Depois de analisar as matérias foi possível perceber que a Escala de Visibilidade da Informação Pública (EVIP), proposta pelo professor Luis Martins (2006) não é pura. Assim, uma notícia pode se encaixar em mais de um estágio, como foi o caso da matéria intitulada “União de governos diminui a miséria”. Foi observado que a maioria das matérias analisadas pertenceu ao estágio 4, acredita-se que como os assuntos dessas notícias são de natureza consensual o repórter sente-se mais a vontade para publicá-las, já que, como não são notícias polêmicas não irão acarretar nenhum prejuízo para a empresa jornalística, nem tão pouco para o jornalista. Devido a pouca quantidade de notícias encontradas foi possível observar que o jornalismo cívico ainda encontra-se tímido no Brasil.

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  jornalismo cívico, notícia

E-mail para contato: laianameira@yahoo.com.br