60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 1. Fundamentos do Planejamento Urbano e Regional

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO VERTICAL DE SÃO PAULO E SUA PUBLICAÇÃO NA REVISTA ACRÓPOLE

Aline Simões Ollertz Silva1
Abilio da Silva Guerra Neto2

1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - FAU (IC)
2. Prof. Dr. - Universidade Presbiteriana Mackenzie - FAU (Orientador)


INTRODUÇÃO:
Esse trabalho é parte constitutiva da produção geral do grupo de pesquisa “O desenho da cidade e a verticalização: São Paulo de 1940 a 1957”, liderado pela Prof. Dra. Nadia Somekh, que busca reunir dados e levantamentos sobre a verticalização do período de 1940 a 1957, de forma a gerar um banco de dados, para essa e para futuras pesquisas. O objetivo deste artigo é o estudo do processo de verticalização de São Paulo juntamente com as transformações que vinha sofrendo o centro da cidade no período de 1940 a 1957. A intenção é esboçar um quadro histórico dessa verticalização apontando seus agentes promotores, incentivadores ou inibidores dentro do cenário que se desdobrava no centro da cidade e, ainda apontar quais foram os edifícios que se destacaram nesse período. Em um segundo momento pretendeu-se investigar como esse processo de verticalização se espelhou no mais importante meio de comunicação dos arquitetos e engenheiros paulistanos do período – a revista Acrópole, de forma a investigar o que ela nos mostra sobre aqueles aspectos a serem analisados e quais momentos e inflexões históricas ela nos revela.

METODOLOGIA:
A metodologia do trabalho se dividiu em sete fases: 1. A de leitura da bibliografia sobre o assunto de verticalização e do processo de formação e transformação do centro da cidade de são Paulo; 2. O levantamento de dados, que foi realizado a partir de pesquisas em publicações (de livros, revistas, entre outros) que nos trouxeram esclarecimentos sobre a construção de edifícios e sobre a criação de leis de regulamentações urbanísticas no período de 1940 a 1957; 3. O levantamento da revista Acrópole, onde as revistas foram examinadas em todos os seus fascículos de 1940 a 1957. Nessa fase, foi produzida uma tabela em que constavam os dados mais importantes sobre o material de interesse da pesquisa; 4-Após essa etapa foi feito um extenso trabalho de reprodução de cada matéria e de tratamento das imagens, de forma que pudéssemos montar o banco de dados desejado; 5. O levantamento de ícones, verticalizados, da arquitetura do período e que não foram publicados pela revista; 6. Investigação do material levantado, com a produção de gráficos e cruzamentos de dados daquilo que lemos nas bibliografias e aquilo que levantamos; 7. Balanço daquilo que levantamos e produção do artigo final.

RESULTADOS:
A verticalização da cidade de São Paulo iniciou seu período de grande ascendência a partir da década de 1940, os primeiros edifícios verticalizados surgem num cenário de modernização do centro velho e no processo de formação do centro novo. Aspectos de cunho tecnológico, como a nacionalização dos elevadores e a produção do cimento nacional e de cunho social, como a atuação dos Institutos de Previdência, a criação do papel do incorporador, o boom Imobiliário do pós-guerra influenciaram o processo de verticalização em São Paulo, onde a propriedade imobiliária se tornou campo favorito de investimentos dos lucros oriundos da indústria, do comércio e da exportação. É nesse fervoroso crescimento da cidade que surge a Revista Acrópole (1938), que como objeto de nossa pesquisa mostrou-nos, a partir dos 134 registros de edifícios verticalizados no perímetro adotado, momentos de inflexão na história, como o surgimento de leis e regulamentações de construção, o desenvolvimento da importância do arquiteto na sociedade e do papel do Estado e agentes privados nas construções. Hoje a revista Acrópole é uma preciosa fonte documental da arquitetura e urbanismo do período de 1938 a 1971, época em que foi publicada.

CONCLUSÕES:
O processo da verticalização vem entrelaçado à própria história da urbanização e modernização da cidade de São Paulo. De fato as leis atuais de regulamentação de coeficientes de aproveitamento, taxa de ocupação, inibem a verticalização e incentivam a periferização. Percebemos que o período recorte era um momento em que se podia ter um alto coeficiente de aproveitamento, permitindo que houvesse uma maior possibilidade de se densificar o centro. Isso gerou para a cidade de São Paulo uma oportunidade de cenário de densidades comparadas às das cidades européias. No entanto, notamos que isso não ocorreu por todos os fatores estudados:a figura imperativa do único proprietário até a década de 50, os altos custos de um empreendimento como esse, a falta de tecnologia com preços acessíveis, o emprego do concreto que naquela época não permitia construções tão altas e até mesmo da falta de cultura de se morar em prédios. Portanto, não bastava a liberdade legal de se poder verticalizar, pois a forma como os edifícios eram produzidos não permitiam essa máxima exploração da verticalização. Fato é que, todos esses fatores sofreram mudanças no período de 1940-1957, mas quando todos eles tomam novos rumos surge a primeira lei de limitação do coeficiente de aproveitamento, inibindo tal processo.

Instituição de fomento: PIBIC Mackenzie

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  crescimento vertical, Centro de São Paulo, revista Acrópole

E-mail para contato: li_ollertz@yahoo.com.br