60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 1. Fundamentos do Planejamento Urbano e Regional

OBRAS PÚBLICAS NA CIDADE DE SÃO PAULO NO SÉCULO XIX: O CEMITÉRIO DO ARAÇÁ, O MATADOURO DA VILA MARIANA E O NOVO MERCADO MUNICIPAL

Clarice Barbieri Shinyashiki1
Ivone Salgado1
Daniely Sabino1

1. Pontifícia Universidade Católica de Campinas


INTRODUÇÃO:
O objetivo da pesquisa é o de analisar a cultura urbanística existente na cidade de São Paulo na segunda metade do século XIX através do estudo das ações do corpo de engenheiros/arquitetos responsáveis pelas obras públicas a partir de preocupações com a higiene pública. O trabalho apresenta uma proposta de estudos de caso das novas obras públicas construídas na segunda metade do século XIX quando foram considerados inadequados o funcionamento do cemitério público, do matadouro público e do mercado público, todos construídos na metade do século XIX. Esta pesquisa dá continuidade a estudos anteriores que puderam observar quando os primeiros equipamentos públicos da cidade de São Paulo pautados em preocupações com a saúde pública estavam obsoletos (Cemitério Público da Consolação, Matadouro Público da Rua Humaitá e Mercado Público da rua 25 de Março), construíram-se outros, ou para substituí-los (os casos do matadouro e do mercado) ou para ampliar a sua ação (o caso do cemitério público). O estudo das obras do novo Matadouro Público da Vila Mariana do engenheiro Alberto Kuhllman, do novo Mercado Municipal projetado por Ramos de Azevedo e do novo Cemitério Público do Araçá, permite esclarecer como a questão da implantação destes equipamentos evoluiu na cidade de São Paulo no final do século XIX e como foi a atuação dos profissionais - engenheiros e arquitetos - responsáveis pelas suas obras.

METODOLOGIA:
Quanto à metodologia, a pesquisa foi desenvolvida a partir do levantamento e análise documental e bibliográfica. Além dos estudos acadêmicos reunidos em livros, periódicos, dissertações e teses, constituem objeto de análise trabalhos e documentos editados ao longo do período em foco como as atas da Câmara Municipal e os Relatórios Provinciais. Como a equipe maior de pesquisa se propõe à constituição de um “Acervo Documental do Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico da Cidade de São Paulo” esta pesquisa contribuirá para a realização da catalogação de parte das obras estudadas ao longo do período em foco considerando a documentação secundária e de referência. Em relação à documentação primária, a proposta e a de identificar, catalogar e analisar a produção do corpo técnico (engenheiros e arquitetos) envolvido nas obras estudadas.

RESULTADOS:
Em termos de produção teórica, este projeto pretende proporcionar condições para um significativo aprofundamento dos debates entre profissionais que têm refletido sobre a cidade, como historiadores, antropólogos e urbanistas, contribuindo para a configuração de um sólido campo conceitual para discussão e entendimento das realidades urbanas em formação. O Matadouro Municipal foi implantado, a margem da Estrada de Santo Amaro. Foi aberto um novo concurso para que se escolhesse o autor do projeto. Alberto Kulhmann vence. O Matadouro levou a essa área de Santo Amaro novos caminhos e conexões com a cidade e após a construção a chegada da linha de ferro. O novo Cemitério Municipal, ficou conhecido como Cemitério do Araçá, foi inaugurado como Cemitério Municipal em 1897. O cemitério se encontra próximo ao Hospital de Isolamento. Em 1910, um terreno de 18.190m2 foi destinado a ampliação do cemitério. Hoje o Cemitério tem 300.000m2. O Mercado Municipal foi para substituir o Mercado do Anhangabaú e o Mercado da 25 de Março junto com outros que eram próximos dessa área. A escolha desse local foi baseado em estratégicas: a presença do terminal ferroviário e o tramway. O projeto definitivo foi organizado pelo engenheiro Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo, satisfazia as exigências estéticas e higiênicas. Seu projeto esta dividido em três partes: o mercado propriamente dito, a parte administrativa que funciona em um dos prédios ao lado e o frigorífico.

CONCLUSÕES:
Em São Paulo, quando as epidemias ameaçaram a saúde pública o governo se apoiou muito nos médicos sanitaristas elaborando Posturas Municipais para dar diretrizes para a cidade e para a construção de edifícios públicos que eram considerados insalubres para a sociedade por exalarem odores pútridos (miasmáticos). Para a construção dos primeiros edifícios públicos executados com preocupações higiênicas, muitos engenheiros estrangeiros vieram ao Brasil, entre eles, Carlos Abraão Bresser, que construiu o primeiro matadouro público de São Paulo, Carlos Frederico Rath, que projetou o Cemitério da Consolação, e Newton Bennaton que projetou o Mercado da 25 de Março. A pesquisa, neste momento, analisa como estas obras públicas foram saturadas e quais os parâmetros para a construção das novas obras. Por exemplo, no caso do Matadouro da Rua Humaitá, investiga-se quais foram os problemas nele encontrado e a partir daí, procura-se explicar os procedimentos técnicos necessários para a construção do novo Matadouro, analisando seu autor, os critérios da escolha da área, as comissões de vistoria e de obras, as reclamações da população, enfim como se deu a construção dessa nova Obra Pública que veio para substituir a antiga que se encontrava saturada ou obsoleta

Instituição de fomento: CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  higienismo, urbanismo sanitarista, saúde pública

E-mail para contato: cla_shinyashiki@yahoo.com