60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

A GEOGRAFIA NO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO INTERDISCIPLINAR NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Daniel Ladeira Almeida1
Jairo de Araújo Lopes2

1. Daniel Ladeira Almeida - Centro de Ciências Sociais Aplicadas / PUC-Campinas
2. Prof. Dr./Orientador Jairo de Araújo Lopes


INTRODUÇÃO:
Vários autores defendem o currículo integrado para a educação básica, mas sabem das dificuldades de sua implantação em curto prazo, por diversos motivos. No entanto, posicionam-se a favor de um novo tratamento para os conteúdos de ensino apoiados num princípio básico: a aprendizagem significativa. Evidenciam-se os termos ensino e pesquisa, ensino com pesquisa, práticas interdisciplinares, ensino por projetos, entre outros, utilizados por autores como Cascino (2000), Martins (2005), Hernández (1998), Nogueira (2001) e Santomé (1998). Na área do ensino de Geografia, surgem os nomes de Oliveira (2002), Vesentini (2004), e Pontuschka (1994), e de tantos outros que produzem pesquisas com foco na educação básica e formação de professores de Geografia. A interface com a educação ambiental coloca em evidência outros tantos autores, como Mendonça (2002), Porto-Gonçalves (2000) e Reigota (1998). Diante da evidência da Geografia como uma área de natureza interdisciplinar, esta pesquisa tem a seguinte pretensão: por meio da análise dos obstáculos didáticos, conceituais e estruturais que permeiam o desenvolvimento de práticas interdisciplinares na escola, efetuar um levantamento de ações que devem ser contempladas na formação do professor de Geografia.

METODOLOGIA:
Houve consentimento de uma escola estadual situada na região da Grande São Paulo ao grupo de pesquisa ICCON – Interdisciplinaridade e Construção do Conhecimento, para realizar uma análise do desenvolvimento de projetos interdisciplinares pretendido pela escola durante o 2º semestre de 2007 e início de 2008. Utilizou-se o diário de campo para anotações de natureza pedagógica discutidos e decididos nos Horários de Trabalho Pedagógico Coletivo. A análise das informações se apoiou nos referenciais teóricos e em pesquisa documental. Motivaram o desenvolvimento do trabalho na escola: 1. A cidade, embora possua área de proteção de manancial, vem detectando a diminuição da mata ciliar aos redores da Represa Billings, e uma educação escolar deveria despertar a consciência crítica e estimular ações para amenizá-los ou resolvê-los; 2. Os programas de capacitação continuada oferecidos, como o Ensino Médio em Rede, não resultaram, segundo os docentes que deles participaram, em avanços para as suas práticas; 3. Há falta de consciência ambiental dos habitantes do entorno da escola e ausência do poder público em propostas de Educação Ambiental; 4. Os problemas sociais e a falta de planejamento territorial contribuem para a constituição de uma cultura de insensibilidade ambiental.

RESULTADOS:
O estudo pretendido pela escola contaria como apoio de material de movimentos ecológicos e sócio-ambientais locais. Com isso discutir-se-iam questões ecológicas com os alunos, que em sua maioria, vivem em bairros localizados na área de proteção de manancial. Constatações: somente a Secretaria de Habitação e Meio Ambiente da cidade dispõe de um departamento direcionado ao desenvolvimento de propostas de Educação Ambiental; barreiras burocráticas limitaram a possibilidade de planos de natureza pedagógica já programados – os docentes propusessem, como um fator básico, o entendimento da alternância da dinâmica existente tanto na paisagem preservada quanto na paisagem modificada, embasado sempre nos conceitos de organização e produção do espaço; projetos relacionados ao meio ambiente propícios à Geografia, deram lugar à preparação dos alunos para o SARESP visando à melhoria do índice de rendimento escolar; os Jogos Escolares também tiveram prioridade em relação aos de temática ambiental. Em 2008, o projeto São Paulo faz Escola da Secretaria Estadual de Educação, novamente se sobrepôs à autonomia da escola. Assim, o professor não tem um direcionamento quanto às questões pedagógicas, recaindo sobre ele tarefas não programadas que descaracterizam o projeto elaborado pela escola.

CONCLUSÕES:
Dessa trajetória, é possível concluir: 1. As políticas educacionais não levam em consideração a realidade na qual a escola está inserida, mas na impossibilidade de um trabalho interdisciplinar, podemos assumir que ainda cabe aos professores de cada disciplina, e principalmente o de Geografia, se encarregar de impelir em suas aulas discussões no âmbito da educação ambiental. 2. A escola, por sua organização, é considerada a instituição com maior possibilidade de reverter um quadro ambiental drástico visível em seu entorno ou apresentado pela imprensa e em congressos nos últimos vinte anos; ela trabalha hoje com as crianças e jovens que poderão ser os elaboradores e executores de projetos futuros e, portanto, ela não deve abrir mão dessa tarefa. 3. Na visão dos docentes, projetos como São Paulo faz Escola e trabalho com o livro didático não são convenientes para se atingir os objetivos educacionais por eles propostos no planejamento por não desenvolverem a criticidade do aluno perante fatos concretos. Portanto será necessário um maior interesse por parte do conselho pedagógico da escola e do poder público municipal e estadual com as questões ambientais locais para que a população construa um referencial de sustentabilidade desde os primeiros anos do ensino básico.

Instituição de fomento: PIBIC / CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Prática pedagógica, Interdisciplinaridade, Educação Ambiental

E-mail para contato: ladeira@puccampinas.edu.br