60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 9. Psicologia Experimental

EFEITO DA INDUÇÃO DE HUMOR SOBRE A DESVALORIZAÇÃO PELO ATRASO EM SITUAÇÕES AVERSIVAS

Yolanda Marques Mazzaro1
Fábio Leyser Gonçalves2

1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCBS (IC)
2. Prof. Dr. - Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCBS (Orientador)


INTRODUÇÃO:
Ao longo dos anos foram realizados inúmeros estudos experimentais referentes a procedimentos e técnicas de indução de humor, condizentes tanto a elação quanto a depressão, demonstrando dessa forma o elevado interesse da Psicologia por emoções e suas influências sobre diferentes processos psicológicos. A principal hipótese destes estudos é que estados emocionais exercem influência no controle dos mais diversos comportamentos. Há também experimentos que destacam a importância da interferência de inúmeras variáveis, dentre as quais encontra-se o humor, sobre o comportamento de escolha entre reforçadores imediatos de menor magnitude e atrasados de maior magnitude, ou seja, o que influencia a escolha do individuo entre gastar seu dinheiro com algo que lhe faça bem hoje ou guardá-lo durante anos para adquirir um bem maior. Para analisar a relação entre atraso e magnitude das escolhas um dos métodos utilizados é o método conhecido como Desvalorização pelo Atraso (Delay discounting). O objetivo do presente estudo é investigar a interferência da indução de depressão e elação do humor sobre a desvalorização pelo atraso em situações aversivas.

METODOLOGIA:
Participaram da pesquisa 30 estudantes universitários de 18 a 25 anos, de ambos os sexos. A coleta de dados consistiu em um procedimento de indução do humor, em que foram utilizadas 30 fotos com pessoas apresentando expressões faciais alegres, 30 fotos com pessoas apresentado expressões faciais tristes e 30 fotos com pessoas apresentando expressões neutras. Uma escala analógica de humor (VAS) foi utilizada para avaliar o efeito da indução de humor. A tarefa de desvalorização pelo atraso consistiu em uma série de escolhas hipotéticas entre valores em dinheiro que deveriam ser pagos pelo sujeito imediatamente ou após um período de tempo (atraso). Os sujeitos escolhiam entre um valor fixo de R$ 1.000,00 com atraso (1 semana, 1 mês, 6 meses, 1 ano, 3 anos, 5 anos, 10 anos e 25 anos) e um valor imediato que variava entre R$ 1,00 e R$1.000,00. Os dados obtidos com a VAS foram comparados em função da medida pré e pós-indução de humor a fim de avaliar se o procedimento de indução de humor foi eficaz. Os pontos de indiferença obtidos no procedimento de desvalorização pelo atraso foram transformados em medidas de área do gráfico e comparados entre grupos através de Análise de Variância Multivariada.

RESULTADOS:
Após análise dos resultados, observou-se que, em relação ao fator ansiedade, a Análise de Variância revelou diferenças significativas entre os grupos [F(2,27) = 3,775; p < 0,05]. Múltiplas comparações, utilizando o ajuste de Bonferroni, revelaram que a diferença se deu apenas entre o grupo Elação e o grupo Depressão (p<0,05). Para o fator sedação física, a Análise de Variância não revelou diferenças significativas entre os grupos [F(2,27)=1,444; NS]. Para o fator sedação mental, a Análise de Variância não revelou diferenças significativas entre os grupos [F(2,27)=1,910; NS]. Já para o fator outros sentimentos e atitudes, a Análise de Variância revelou diferenças significativas entre os grupos [F(2,27) = 6,690; p < 0,01]. Múltiplas comparações, utilizando o ajuste de Bonferroni, revelaram que a diferença se deu entres os grupos Elação e o grupo Depressão e entre os grupos Depressão e Neutro (p<0,05). Em relação ao procedimento de Desvalorização pelo Atraso, os valores obtidos tanto na área total quanto na análise dos segmentos não demonstraram diferença significativa entre os três grupos, indicando que, em geral,os três grupos apresentam um mesmo padrão de desvalorização. Entretanto, o grupo elação apresenta uma leve valorização para os maiores valores de atraso.

CONCLUSÕES:
Através das análises dos dados, pôde-se observar que o procedimento de indução de humor alterou o estado emocional dos sujeitos, porém não exerceu influência sobre o comportamento de escolha, durante o procedimento de Desvalorização pelo Atraso. A partir deste resultado observou-se que o procedimento de indução de humor foi eficaz para os fatores de ansiedade e outros sentimentos e atitudes e não para os fatores de sedação física e mental. Assim, observou-se que o procedimento de indução de humor, tanto depressão quanto elação se mostrou eficaz, principalmente relacionado aos fatores de ansiedade e outros sentimentos e atitudes. Pôde-se concluir que o procedimento de indução de humor é considerado eficaz, porém não influenciou os resultados do procedimento de Desvalorização pelo Atraso. A partir destes resultados, duas hipóteses podem ser levantadas. A primeira hipótese é de que não haja realmente relação entre humor e desvalorização pelo atraso em situações aversivas. Essa hipótese seria consistente com a idéia de que o valor de estímulos aversivos seria pouco afetado por outras variáveis. A segunda hipótese que pode ser levantada é de que o procedimento de desvalorização pelo atraso seja pouco sensível a variáveis transitórias como o humor.

Instituição de fomento: PIBIC Mackenzie/MackPesquisa

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  indução de humor, controle aversivo, desvalorização pelo atraso

E-mail para contato: yolanda.mazzaro@gmail.com