60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina

LESÃO INTRA-EPITELIAL CERVICAL E CÂNCER DE COLO UTERINO EM SERVIÇO DE SAÚDE DA MULHER EM MARINGÁ-PR

Fernando Hideki Assakawa1
João Paulo de Oliveira Branco Martins1
Yandara Keiko Yamashita1
Mariângela Palozi Diniz1
Nelson Shozo Uchimura2
Taqueco Teruya Uchimura3

1. Departamento de Medicina / UEM
2. Prof. Dr./ Orientador
3. Prof. Dra. / Co-orientadora


INTRODUÇÃO:
No período de 1995 a 1999, estimou-se que o câncer do colo do útero teria no Brasil taxa de incidência de 18,86/100.000 mulheres e mortalidade de 4,31/100.000 mulheres. O tratamento precoce da neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) reduz significantemente o risco de progressão para câncer invasor. O declínio na incidência do câncer invasor do colo uterino em países desenvolvidos pode ser atribuído principalmente a um aumento na detecção e tratamento das lesões precursoras. Isto está sendo alcançado mediante exames preventivos de colpocitologia oncológica (CO) seguido de colposcopia com biópsia dirigida nas pacientes com exames alterados. Firmado o diagnóstico com base na colpocitologia oncológica, na colposcopia e em alguns casos na biópsia, o tratamento das lesões encontradas pode ser feito por seguimento clínico, aplicação de ácido tricloro acético e cauterização. No campo da cirurgia pode ser feito cirurgia de conização por alta freqüência (CAF), amputação (Cone clássico) e histerectomia. Tem-se também a opção no caso de um câncer invasor de cirurgia de Werthem-Meigs, radioterapia e quimioterapia. O objetivo deste trabalho é verificar os principais tratamentos utilizados em uma clínica de referência de saúde da mulher em Maringá.

METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo transversal, retrospectivo e analítico de mulheres atendidas na Clínica da Mulher da Secretaria de Saúde do município de Maringá, sendo esta referência para as mulheres de 30 municípios da região noroeste do Paraná. Ao todo foram avaliados os prontuários médicos de 197 mulheres com idade entre 16 e 73 anos e que receberam atendimento no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2006. Foram incluídas no trabalho todas as pacientes com colpocitologia oncótica alterada no primeiro atendimento no período supracitado. Os critérios de exclusão foram: pacientes histerectomizadas e pacientes com somente uma citologia alterada e/ou biópsia e sem consultas subseqüentes,. Considerou-se lesão intra-epitelial de baixo grau (LIEBG) as lesões de HPV e NIC I; e lesão intra-epitelial de alto grau (LIEAG) as NIC II e NIC III, conforme a classificação de Bethesda. Os diagnósticos definitivos foram obtidos após análise de colposcopia, citologia oncótica e biópsia. Os tratamentos utilizados e listados foram: seguimento clínico, cauterização, cirurgia de alta freqüência (CAF), amputação cônica, histerectomia, cirurgia de Wertheim-Meigs, radioterapia (RT) e quimioterapia (QT).

RESULTADOS:
As citologias alteradas encontradas foram 66(34,7%) ASCUS/AGUS(atipia celular escamosa/glandular indeterminada), 39(20,5%) LIEBG, 82(43,2%) LIEAG e 3(1,6%) câncer invasor.Com relação ao diagnóstico definitivo: 40% apresentavam colo normal, 13% LIEBG, 40% LIEAG e 7% câncer. Nas LIEBG os tratamentos realizados foram seguimento clínico, cauterização e CAF. Sabemos que a NIC I é considerada lesão precursora do câncer cervical, porém muitas destas lesões regridem espontaneamente. Em estudos com seguimentos longos observa-se que apenas cerca de 11% das NIC I progridem para NIC II ou III e assim as mulheres que receberam cauterização e CAF é devido ao maior risco de desenvolver NIC II ou III. Nas LIEAG os tratamentos realizados foram seguimento, cauterização, CAF, amputação e histerectomia. Pela literatura a excisão da zona de transformação é o tratamento de eleição, tanto para tratamento da NIC II ou III quanto para detecção de microinvasão ou lesões glandulares.A realização de seguimento nestas pacientes foi devido a ausência de lesão colposcópica, necessitando de melhor avaliação em exames subseqüentes. Para o câncer invasor foram realizados cirurgia de Werthem-Meigs, radioterapia e quimioterapia, sendo estas as modalidades de tratamento mais utilizadas para o câncer de colo uterino.

CONCLUSÕES:
A LIEAG (83/197) foi mais prevalente que o LIEBG (39 /197) por ser um serviço de referência onde são encaminhadas aquelas com citologias alteradas em pelo menos 2 episódios com intervalo de 6 meses. A ocorrência do câncer de colo uterino foi 7,1% (14 /197) sendo 7 (50%) diagnosticado pela lesão visível macroscopicamente. O diagnóstico tardio de câncer de colo infelizmente continua uma realidade no nosso meio. É imperiosa a urgente conscientização dos profissionais de saúde no diagnóstico precoce das lesões pré-neoplásicas, tendo em vista que o tratamento é menos agressivo e a probabilidade de cura, bem maior. A terapêutica criteriosa e adequada ministrada com categoria é de suma importância para a obtenção de sucesso, porém é fundamental o médico esclarecer suas pacientes quanto à evolução e o prognóstico dessas lesões. O seguimento das lesões tratadas é de primordial importância pois podem ocorrer recidivas nestas pacientes. O sucesso de um programa de câncer de colo uterino beneficia não apenas em âmbito pessoal como social.

Instituição de fomento: Universidade Estadual de Maringá

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  neoplasia intra-epitelial cervical, câncer de colo uterino, tratamentos

E-mail para contato: ferassakawa@hotmail.com