60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica

PARTICIPAÇÃO DO VEGF NA REDUÇÃO DA NEFRINA EM UM MODELO QUE COMBINA HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS

Rodrigo de Almeida Sanita1
Roberto Bleuel Amazonas1
José Butori Lopes de Faria1

1. Universidade Estadual de Campinas


INTRODUÇÃO:
Em humanos e modelos experimentais a principal manifestação da doença renal diabética é o aumento da permeabilidade do capilar glomerular e conseqüente aparecimento de níveis anormais de albuminúria. Portanto, a compreensão dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento de albuminúria no diabetes mellitus (DM) são de crucial importância. Observações recentes sugerem que proteínas como a nefrina e a podocina são fundamentais para a manutenção da integridade da parede do capilar glomerular no DM. A hipertensão arterial é o principal fator secundário para o desenvolvimento e progressão da nefropatia diabética (ND). Além disso, o VEGF (vascular endothelial growth factor), um potente estimulador da angiogênese, proliferação e migração de células endoteliais, também está relacionado ao aumento da permeabilidade vascular, o que pode levar ao aumento da permeabilidade glomerular a filtração de proteínas circulantes. No sentido de melhor compreender a interação predisposição/ hipertensão arterial e DM no desenvolvimento das lesões renais, nosso laboratório tem estudado ratos geneticamente hipertensos (SHR) com DM induzido por estreptozotocina e os efeitos do tratamento anti-hipertensivo. Observamos que em ratos geneticamente hipertensos (SHR) a indução do DM foi acompanhada de albuminúria e redução na expressão glomerular de nefrina, e que o tratamento anti-hipertensivo normalizou a albuminúria e a expressão renal de nefrina.

METODOLOGIA:
A indução do DM foi realizada nos animais WKY e SHR, com 4 semanas de idade, através da injeção endovenosa de 60mg/Kg de estreptozotocina. O grupo controle recebeu injeção endovenosa de tampão citrato. Após a determinação da glicemia pelo método enzimático colorimétrico, os animais SHR com glicemia ≥ 270 mg/dl foram randomizados para receberem: captopril (300mg/l) ou losartan (200mg/l) ou terapia tríplice (hidralazina 100mg/l, reserpina 4 mg/l e hidroclorotiazida 50 mg/l). Os animais foram sacrificados 20 dias após a indução de DM e a glicemia foi confirmada 2 dias antes. A pressão arterial sistólica foi determinada utilizando-se pletismógrafo. A albuminúria foi avaliada pelo método de imunodifusão radial simples. A expressão de nefrina foi avaliada de forma indireta através de imunofluorescência (IF), sendo que o resultado de cada animal expressa a média da análise visual da intensidade da fluorescência de 20 glomérulos em uma escala de 0 a 4; e por ensaios de Western Blot (WB), sendo a intensidade das bandas quantificadas com densitômetro computadorizado. Para detecção da nefrina utlizou-se um anticorpo monoclonal e outro policlonal anti-nefrina de rato (doação do Dr. H. Kawashi, Nigata University School of Medicine, Japan ) para IF e WB, respectivamente. A expressão de VEGF foi avaliada por ensaio de Western Blot, sendo a intensidade das bandas quantificadas com densitômetro computadorizado. Para detecção do VEGF utlizou-se um anticorpo policlonal de coelho anti-VEGF (Santa Cruz).

RESULTADOS:
A expressão de nefrina glomerular foi significativamente menor nos animais hipertensos SHR diabéticos em relação ao seu grupo controle não diabético (p<0,05). Não houve diferença siginificativa entre os animais normotensos WKY controles e diabéticos. O tratamento da hipertensão arterial corrigiu a expressão de nefrina nos animais hipertensos SHR diabéticos. A expressão do VEGF glomerular não apresentou diferença entre os animais normotensos WKY controles e normotensos WKY diabéticos. Entretanto, ao contrário do esperado a expressão de VEGF nos animais hipertensos SHR apresentou-se diminuída nos diabéticos em relação aos seus controles (p<0,05). O tratamento anti-hipertensivo não corrigiu a expressão de VEGF nos animais SHR diabéticos.

CONCLUSÕES:
A expressão de nefrina era semelhante nos ratos WKY e SHR controles. Após a indução do DM houve redução significativa na expressão de nefrina apenas nos ratos SHR, sugerindo um efeito adicional da hipertensão arterial na redução da expressão de nefrina no DM. Entretanto houve significativa elevação na albuminúria tanto em ratos diabéticos WKY como em ratos SHR. É possível que a redução da nefrina esteja envolvida no mecanismo responsável pela albuminúria nos ratos SHR diabéticos. O tratamento anti-hipertensivo, independente da droga utilizada, é uma manobra efetiva para normalizar a albuminúria provavelmente restaurando a expressão de nefrina. A expressão do VEGF glomerular não apresentou diferença entre os animais normotensos WKY controles e normotensos WKY diabéticos. Entretanto, ao contrário do esperado a expressão de VEGF nos animais hipertensos SHR apresentou-se diminuída nos diabéticos em relação aos seus controles. O tratamento anti-hipertensivo não corrigiu a expressão diminuída de VEGF nos animais SHR diabéticos, o que demonstra que possivelmente a expressão de nefrina não é regulada via expressão de VEGF nesses animais.

Instituição de fomento: Fapesp e Cnpq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Nefropatia diabética, Diabetes mellitus, VEGF

E-mail para contato: sanita.rodrigo@gmail.com