60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social

VIOLÊNCIA: FATORES E REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS NAS FAMÍLIAS ARACAJUANAS

Laize Fonseca Oliveira2, 3
Fernanda de Oliveira Nunes2, 3
Missilene Menezes Mota2, 3
Dalitha da Hora Mendonça2, 3
Taiane Alves2, 3
Marlizete Maldonado Vargas2, 3

2. Profa. Dra. Marlizete Maldonado Vargas UNIT - Orientador
3. Instituto de Tecnologia e Pesquisa - ITP


INTRODUÇÃO:
A questão da violência no Brasil se configura como um dos mais sérios problemas da saúde pública. Segundo relatório da OMS de 2002, as taxas brasileiras de homicídio, que representam apenas a ponta do iceberg dos problemas da violência social são superadas somente pelas da Colômbia e El Salvador. Esse vertiginoso aumento da violência ocorrido nas últimas duas décadas ampliou a percepção e a discussão sobre os problemas sociais existentes e o impacto que provocam na qualidade de vida e saúde da população, denominados de custos sociais e políticos da violência e criminalidade. Para se compreender o fenômeno da violência, que é multifacetado, se faz necessária a realização permanente de estudos multidisciplinares que o focalize a partir das especificidades locais, articuladas com a análise dos fatores mais gerais do sistema globalizado. Desta forma, este projeto tem por objetivo: caracterizar os fatores envolvidos nos atos de violência nos âmbitos familiar de Aracaju e suas repercussões psicossociais.

METODOLOGIA:
O desenho metodológico adotado nesta pesquisa é de natureza mista: quantitativa e qualitativa. A opção pelas duas abordagens se baseia no interesse em levantar de forma mais ampla o fenômeno da violência em Aracaju caracterizando-o e, na compreensão da complexidade de um fenômeno que decididamente não se limita a dados estatísticos. Numa primeira etapa foram levantados documentos e informações sistematizadas que tratam do tema. Como sujeitos participaram 67 famílias de classe média a partir do método de coleta “bola de neve”, no qual uma família participante da pesquisa indica outras três para participarem também. Responderam às perguntas disparadoras: O que significa violência para você e sua família? Alguém da família sofre (u) algum tipo de violência? Qual? Alguém da família comete (u) algum tipo de violência? Qual? As respostas foram analisadas em unidades de significados e agrupadas em unidades temáticas, definindo-se os temas que serão apresentados de acordo com a maior freqüência de respostas e discutidos a seguir.

RESULTADOS:
Resultados parciais apontaram que: violência é significada como agressão (física), cujas principais causas encontram-se no comportamento individual (falta de respeito ao próximo) em detrimento do social e político (falta de oportunidades) e suas conseqüências foram medo e insegurança. A maioria delas disse ainda que ninguém da família sofreu (70%) / cometeu (96%) algum tipo de violência, relacionando-a mais uma vez à agressão física, voluntariamente.

CONCLUSÕES:
O conteúdo da violência atribuído pela maioria das famílias entrevistadas foi bastante concreto sendo explicitado enquanto tapas, roubos e assaltos. As respostas, bastante diversificadas, principalmente as relacionadas ao significado da violência evidenciaram percepções mais particularizadas que se sobrepõem à representação mais geral do grupo. Com isto, pôde-se atribuir a dificuldade dos sujeitos em organizar uma definição mais abrangente da violência frente a mobilização que o tema provoca. Os sujeitos relacionaram as características pessoais dos agressores como um dos principais fatores causais da violência e atribuíram pouca relação desta com os fatores sócio-econômicos e culturais (naturalização). Possivelmente, as vivências enquanto pertencentes à classe média aracajuana distanciem as famílias de uma compreensão das múltiplas faces que adquirem a violência, principalmente dos fatores relacionados ao que Costa, J. F. (apud COSTA, 1999) aponta como os efeitos perversos da ganância capitalista, do lucro fácil que induz à busca da superação de dores e angústias através do consumo a qualquer preço, subvertendo regras, tornando assim, mais vulneráveis os membros de classes sociais mais desfavorecidas. Outro ponto que chama atenção é a baixa freqüência de respostas relacionadas ao sofrimento (30%) e ou autoria (4%) de algum tipo de violência, pois a mídia, apoiada em pesquisas e levantamentos de opinião, mostra um alto crescimento do fenômeno nas classes .

Instituição de fomento: CNPQ / PIBIC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Violência, Família

E-mail para contato: laize_fonseca@yahoo.com.br