60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal

DISPONIBILIDADE RUMINAL DE CÁLCIO EM BRACHIARIA BRIZANTHA E PANICUM MAXIMUM CV. MOMBAÇA

Bruna Nunes Marsiglio1
Fernanda Fereli1
Sabrina Marcantonio Coneglian1
Daniel Suzigan Mano1
Roman David Castañeda Serrano1
Antonio Ferriani Branco1

1. Universidade Estadual de Maringá


INTRODUÇÃO:
Pesquisas ao longo dos anos vêm demonstrando, que a ingestão de minerais limita severamente a produção animal em ruminantes. Forragens tropicais freqüentemente contêm concentrações inadequadas dos minerais requeridos pelo animal. O reflexo da deficiência mineral das forrageiras tropicais vem do fato de que a grande maioria de nossos rebanhos é criada em sistemas extensivos, muitas vezes tendo o pasto como única fonte alimentar. A quantidade ingerida de um determinado elemento mineral é uma informação absolutamente necessária, mas ainda não é suficiente, pois somente a parte realmente absorvida fica à disposição do animal para satisfazer as necessidades do seu organismo. As forragens que possuem baixa digestibilidade da matéria seca não possuem necessariamente, baixos coeficientes de disponibilidade mineral.

METODOLOGIA:
O projeto foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi, e as análises feitas no Laboratório de Análises de Alimentos e Nutrição Animal, ambos do Departamento de Zootecnia/Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Maringá. Foram utilizados seis bovinos cruzados fistulados no rúmen, pesando em média 400 kg. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, onde o fornecido em matéria seca foi de 2% em relação ao peso vivo. A dieta utilizada era composta por silagem de milho (70% da MS da dieta) e um concentrado (30% da MS da dieta) e foi formulada para atender as exigências de manutenção dos animais (NRC, 1996). As gramíneas estudadas foram os capins Mombaça (Panicum maximum) e Brizanta (Brachiaria brizantha), os quais foram colhidos com 60 dias de idade no período das águas (dezembro). A degradabilidade ruminal da MS e a disponibilidade ruminal do cálcio das forrageiras foram estimadas pela técnica in situ das bolsas de náilon. As dimensões das bolsas eram de 10 x 17 cm, com diâmetro de poros de 53 m. Antes da incubação as amostras foram moídas em peneira com crivos de 5 mm. Aproximadamente sete gramas de amostra (base na MS) foram colocados em cada bolsa de náilon. Foram incubadas duas bolsas de cada gramínea por animal, por horário. Os tempos de incubação tiveram a duração de 0, 3, 6, 9, 12, 24, 36, 72, 96, 144 horas. Após a remoção, as bolsas foram rapidamente lavadas em água corrente. As amostras do tempo zero foram colocadas em banho-maria a 39ºC por 60 minutos e depois lavadas. Após serem lavadas, as bolsas foram submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada, a 55ºC, por 72 horas, para obtenção do resíduo em cada tempo. A matéria seca foi determinada segundo AOAC (1990); as curvas de degradabilidade da MS e de disponibilidade do cálcio foram calculados através da equação descrita por Mehrez & Orskov (1977); os parâmetros não lineares a, b e c foram estimados pelo programa SAEG (1983).

RESULTADOS:
Os valores obtidos com relação a degradabilidade efetiva (DE) da matéria seca nas taxas de passagem (k) 0,02; 0,05 e 0,08 foram respectivamente de 43,277; 30,378 e 26,079 no Mombaça e de 42,000; 29,00 e 24,667 no Brizanta. A DF do cálcio nas taxas de passagem 0,02; 0,05 e 0,08 foram respectivamente de 50,28; 30,52 e 22,58 no Mombaça e de 53,00; 35,85 e 29,19 no Brizanta. Os parâmetros da degradação ruminal da matéria seca da porção prontamente solúvel no rúmen (a) foi de 17,48 para o Mombaça e de 16,00 para o Brizanta; da fração insolúvel, mas potencialmente degradável (b) é de 77,39 para o Mombaça e de 78,00 para o Brizanta e a taxa constante de degradação da fração b (c) foi de 0,01 para o Mombaça e para o Brizanta. Os parâmetros da degradação ruminal do cálcio da porção prontamente solúvel (a) no rúmen foi de 4,00 para o Mombaça e de 14,09 para o Brizanta; da fração insolúvel, mas potencialmente degradável (b) foi de 92,00 para o Mombaça e de 82,00 para o Brizanta e a taxa constante de degradação da fração b (c) foi de 0,02024 para o Mombaça e de 0,01806 para o Brizanta. A curva de degradação ruminal da matéria seca dos capins Mombaça e do Brizanta apresentaram tendência semelhante. Os capins apresentaram valores muito próximos para todos os parâmetros. A fração a variou de 16 a 17,5%, a fração b de 77,4 a 78%, e c foi igual a 0,01 nas duas gramíneas. Para todas as taxas (k) consideradas, o capim Mombaça apresentou valores de DE mais altos. A degradabilidade efetiva variou de 24,7% a 0,08 (Brizanta) a 43,3% a 0,02 (Mombaça). O cálcio está associado de forma significativa com a parede celular, principalmente a grupos carboxílicos livres das pectinas, e satura a maioria desses sítios, necessitando de maior tempo de fermentação ruminal para a máxima liberação. No Mombaça a liberação de cálcio foi negativa até seis horas, provavelmente em função de uma fase lag, mas após 24 horas de incubação teve uma curva semelhante a Brizanta Na curva de degradação ruminal de cálcio do capim Mombaça, ocorre uma contaminação por microorganismos ruminais nos tempos 3 e 6hs de incubação. A DE foi muito semelhante nas duas gramíneas em todas as taxas de passagem. E variou de 22,6% com k de 0,08 (Mombaça) a 53% com k de 0,02 (Brizanta).

CONCLUSÕES:
Apesar da maioria das forrageiras tropicais apresentarem teores de cálcio acima das exigências, principalmente para gado de corte, faz-se necessário estudar mais detalhadamente a liberação deste elemento no rúmen, pois como visto no presente trabalho, mesmo em taxas de passagem baixa (0,02) sua liberação ruminal é pouco superior a 50%.

Instituição de fomento: Universidade Estadual de Maringá

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  disponibilidade mineral, liberação de minerais

E-mail para contato: nunesbrunam@hotmail.com