60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A utilização de plantas medicinais com finalidade terapêutica acompanha o homem através dos tempos. Embora um número considerável de espécies tenha sido estudado cientificamente, para muitas ainda não são conhecidas as atividades farmacológicas e sua toxicidade. Espécies do gênero Vernonia, entre elas Vernonia tweediana e Vernonia cognata, são abundantes na Região Sul do Brasil e pouco estudadas. A espécie V. tweediana Baker é utilizada pela população para o tratamento de doenças respiratórias, especialmente gripes, bronquites e tosses, patologias que possuem estreita relação com o sistema imunológico. Assim, neste projeto, foi avaliada a ação de macerados hidroetanólicos sobre o sistema imune de camundongos.

METODOLOGIA:

Após secas por 10 dias à sombra, as drogas foram maceradas em etanol 80°GL por 7 dias. A torta foi remacerada, unindo os extratos, concentrados no evaporador rotatório e ressuspensos em DMSO 1%. Na avaliação da atividade no sistema imune utilizaram-se camundongos machos Swiss, com 31g em média, do Instituto de Pesquisas Biológicas, com dieta padrão, água ad libitum e temperatura e luminosidade regulada (22°C, 12hs claro/escuro), segundo recomendações do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal. Usou-se 4 grupos: nativo (n=6, salina por via retro-orbital e vo); imunizado (n=8, hemáceas de carneiro por via retro-orbital e salina vo); tweediana (n=8, hemáceas de carneiro por via retro-orbital e 500 mg/kg de extrato de V. tweediana vo) e cognata (n=8, hemáceas de carneiro por via retro-orbital e 500 mg/kg de extrato de V. cognata vo). Após imunizados e tratados, por 4 dias, os animais foram anestesiados com éter e eutanasiados por deslocamento cervical, definindo a massa corporal, retirada de órgãos (fígado, rins, baço e timo) e avaliação da celularidade do baço – feito após divulsão, lavagem de células, tratamento com tampão de lise, lavagem subseqüente e contagem em câmara de Neubauer. Os resultados foram avaliados estatisticamente (ANOVA/Duncan), com significância de 0,05.

RESULTADOS:

A avaliação dos órgãos linfóides (baço e timo), fígado e rins é utilizada como indicadora de imunotoxicidade, pois são vulneráveis a estressores, tóxicos, entre outros. Quanto à massa do fígado e rins, não houve diferença estatística, sugerindo que os extratos das espécies, na concentração testada, não causam toxicidade. Quanto à massa dos órgãos linfóides, indicadores da ação no sistema imune, para o baço não foi verificada alteração. Já no timo, houve diferença estatística que poderia significar supressão da imunidade celular, mas essa variação pode ter sido determinada pelas limitações da técnica de dissecação, limitando a análise. A celularidade do baço indica a ativação do sistema imune humoral e complementa a análise da massa dos órgãos linfóides. Assim, analisando os resultados na qual houve diferença estatística nos grupos, pode-se afirmar a validade do experimento já que a imunização dos camundongos com hemáceas de carneiro ativou o sistema imune, notado pela diferença estatística entre os grupos nativo e imunizado. Em ambos os extratos houve imunossupressão, já que houve redução estatística de células esplênicas, observada na V. cognata cuja contagem de células aproximou-se do grupo controle não imunizado, embora não haja diferença estatística entre as espécies.

CONCLUSÕES:

O fato dos extratos suprimirem o sistema imunológico pode indicar sua utilidade no tratamento de patologias em que há exacerbação patológica desse sistema, tais como doenças reumáticas, alergias, incluindo aquelas ligadas ao trato respiratório como asma e bronquite. Os resultados obtidos na avaliação da atividade imunomoduladora, sugerem que a referida utilização popular dessas espécies, em doenças alérgicas do trato respiratório merece estudos mais aprofundados, tendo em vista estes resultados preliminares sobre o sistema imune e sua baixa toxicidade.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: plantas medicinais, extração, sistema imune

E-mail para contato: mizeifert@yahoo.com.br