60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 1. Artes do Vídeo

SENSORES DE MOVIMENTO: DESLIMITES NA INTERAÇÃO DANÇARINO-IMAGEM

Maruzia de Almeida Dultra1
Ivani Lúcia Oliveira de Santana2

1. Faculdade de Comunicação/ UFBA
2. Profa. Dra. - Escola de Dança/ UFBA - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A cultura digital propicia novos recursos e formas ao fazer artístico. Através de dispositivos diversos, são possíveis transformações através da manipulação de dados, processados computacionalmente. Neste estudo, sensores de movimento foram utilizados como elemento mediador da relação entre dançarino e imagem. Quando postos em ação, a partir do movimento do dançarino, os sensores de movimento enviam sinal analógico, que é transformado em digital no circuito montado por computador e outras interfaces conversoras do tipo de sinal. Uma vez conformado para uma arquitetura específica, o sinal enviado pelo sensor pode ser entendido pelo software de interação, no qual estão configuradas as modificações desejadas para a imagem. Esta pesquisa objetivou a construção de interatividade no sistema dançarino, sensores e imagem, tendo acoplado, ao corpo dos dançarinos ou a objetos manuseados em cena, os aparatos sensoriais artificiais.

METODOLOGIA:
O escopo teórico da pesquisa foi organizado em três âmbitos: Artes do Vídeo (DUBOIS, 2004) ; Sistemas interativos (COUCHOT, 2003); e Arte Telemática (PRADO, 2003). Desta forma, foi possível elucidar aspectos da imagem estudada, sua relação com os dançarinos, além da comunicação entre pontos remotos feita através desse sistema. O estudo técnico abarcou as possíveis formas de utilização dos sensores de movimento pelos dançarinos para causar alterações na imagem computacional. Para a montagem deste circuito, foram necessários: sensores sem fio de flexão e acelerômetros 2D; Interface Kroonde/ MIDI (Musical Instrument Digital Interface); e o programa computacional Isadora, utilizado pelo grupo em pesquisa anterior. Os laboratórios de dança-imagem feitos para o desenvolvimento da pesquisa tiveram como perspectiva a concepção de obras artísticas. Os relatórios diários de investigação foram registrados em logs de trabalho e disponibilizados em blog criado para este fim.

RESULTADOS:
Os autores adotados nesta pesquisa contribuíram para o entendimento das especificidades espaço-temporais do vídeo, um elemento híbrido em sua própria natureza. Através da análise historiográfica da convergência entre as telecomunicações e a arte, foi possível avaliar experiências artísticas anteriores. Com isso, foram propostas formas de ação que abarcassem recursos próprios deste momento histórico, como por exemplo a sofisticação cada vez maior das imagens médicas produzidas de forma cada vez menos invasiva. Como aplicação, a pesquisa resultou na concepção de três obras artísticas: a performance multimídia “digi_ssecação”; e o videodança “(des)forma”, que compôs uma videoinstalação interativa. O domínio das possibilidades técnicas de uso dos sensores de movimento/ software de interação possibilitou a criação destas obras articulando dançarinos, imagem e sensores. A utilização de blog específico permitiu a divulgação na internet de todo o estudo dos sensores e espaço para interação com pessoas interessadas no tema, sejam elas artistas, acadêmicos ou usuários da web.

CONCLUSÕES:
À luz das vertentes teóricas estudadas e da experiência em conceber obras interativas, foi possível concluir que a configuração do programa é limitada por condições sensório-motoras dos dançarinos, como flexibilidade articular, alongamento muscular e estatura corporal. Além disso, constatou-se novas noções de profundidade e conhecimento de corpo que emergem com as tecnologias digitais: o acesso imagético ao interior do corpo humano é, hoje, cada vez mais profundo, cognicível e indolor, a exemplo do mapeamento genético. A partir do domínio das possibilidades técnicas de utilização dos sensores de movimento , espera-se investigar, numa etapa seguinte, formas de subversão da funcionalidade dos aparatos tecnológicos (MACHADO, 2007). Para tanto, pretende-se extrapolar a estrutura cênica e inserir novos elementos no sistema interativo: agentes autônomos (robôs), interface web e usuários desta.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  sensores, interatividade, imagem

E-mail para contato: maruzia@yahoo.com.br