60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

A EDUCAÇÃO FORMAL NO CENÁRIO MATO-GROSSENSE NA ERA VARGAS: A TRAJETÓRIA DE PROFESSORAS PRIMÁRIAS EM CUIABÁ.

Messias Ferreira2

2. Instituto de Educação/ UFMT


INTRODUÇÃO:
Nesta pesquisa foram abordadas as dificuldades encontradas pelas mulheres para ingressarem no ensino primário em Cuiabá durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), visto que à época era grande a oposição da família quanto à freqüência de suas filhas na escola. Em 1910 e 1930 foram criadas duas escolas de Curso Normal, em Cuiabá e Campo Grande respectivamente, contando, portanto, com dois cursos direcionados à formação de professores. Porém, no ano de 1937, o interventor Júlio Muller incorpora a Escola Normal ao Liceu Cuiabano, e introduz, em substituição ao Curso Normal, o curso complementar especializado para o magistério primário. A partir de 1942, restabelece-se o Ensino Normal, com a criação das escolas Pedro Celestino e Joaquim Murtinho, nos moldes da Lei Orgânica do Ensino Normal. A instrução pública em Mato Grosso até o final da década de 30 era de responsabilidade do Estado. Após o período de intervenções, os municípios, juntamente com o Estado, assumiram o Ensino Primário, minimizando o grande obstáculo de desenvolvimento do Estado: o analfabetismo. A criação da Escola Normal na capital do Estado, bem como a luta da classe feminina, muito contribuiu para a inserção das mulheres no campo de trabalho, especificamente no magistério.

METODOLOGIA:
Nessa pesquisa, a utilização da fonte oral é imprescindível, pois se acredita que esta possibilita captar a vivência das pessoas, na reconstrução de suas história e nesse sentido, a contribuição das profissionais investigadas permite a reconstituição de suas práticas docentes no processo educacional do Estado. Sendo assim, nesse universo, objeto da pesquisa, é natural que se usem pessoas cujos testemunhos ainda possam ser recolhidos. Desta forma, ficou definido como principal instrumento de pesquisa as histórias de vida e depoimentos, em que ambos se inserem na amplitude da história oral, em que fazem parte as entrevistas, as autobiografias e as biografias. Prioriza-se também nesta, os fatos documentais, em especial o Regulamento da Instrução Pública do estado, dos períodos de 1930, 1931, 1939, 1942, 1943 e 1948, Relatórios, Livros de Registros e Atas, Ofícios, Jornais, dentre outros. Será feita uma análise, levando-se em conta a natureza essencialmente qualitativa, tendo como pano de fundo pressupostos teóricos que indiquem a memória como instrumento da reconstituição da identidade.

RESULTADOS:
Obtiveram-se já alguns resultados, que foram apresentados: no VII seminário nacional de estudos e pesquisas: história sociedade e educação no Brasil, realizado em Campinas-SP na forma de comunicação oral nos dias 10 a 13 de julho de 2006, com o título “A calvária trajetória de professoras primárias em Cuiabá na era Vargas”; na VI Jornada da Pedagogia e III Mostra Científicas Pratas da Casa, realizado pela UNEMAT na cidade de Cáceres, sob o título “A trajetória de professoras primárias em Cuiabá na era Vargas”; no Seminário Educação 2006, realizado na UFMT, com o título “Mulheres e o ensino primário em Cuiabá na era Vargas (1930 – 1945)” e no VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação da Região Centro-Oeste, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT. Esses resultados não são quantificáveis, pois se trata de uma pesquisa documental centrada nesse primeiro momento na educadora Dunga Rodrigues. O projeto tem como objeto de estudo a trajetória de professoras primárias em Cuiabá na era Vargas.

CONCLUSÕES:
Logo ao início desta pesquisa, na leitura de obras diversas, pude constatar o que para mim sempre esteve imperceptível: o tamanho da discriminação sofrida pela classe feminina no decorrer dos tempos. É de uma barbaridade tamanha imaginar famílias impedindo suas filhas de saciarem sua sede na fonte do saber. Mais ainda trazerem-nas escravas do sexo oposto, e prisioneiras de seu próprio lar. A pesquisa “A educação formal no cenário mato-grossense na era Vargas: A trajetória de professora primárias em Cuiabá na era Vargas” mostra a árdua luta dessas mulheres para alcançarem um lugar ao sol, apesar dos obstáculos encontrados. Mostra-nos, também, a força exercida pela política na área da educação em nosso estado (e em todo o país), dificultando e impedindo, na maioria das vezes, aquele progresso tão sonhado e almejado por essa mesma classe. Ao se comparar os dias atuais com o período pesquisado, nota-se que quase nada mudou em relação ao ensino no país, porém, a classe feminina é hoje uma classe vitoriosa, uma vez que com bravura e muita luta conseguiu sua emancipação, passando a ser reconhecida na sociedade e podendo exercer seus direitos de cidadã de forma paralela com aqueles que sempre a oprimiu.

Instituição de fomento: Trabalho Desenvolvido com apoio do CNPq/PIBIC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Educação, Escola Normal, Trajetória

E-mail para contato: messiasufmt@yahoo.com.br