60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 49. Arquitetura e Urbanismo

RELAÇÕES PESSOA-AMBIENTE COMO SUBSÍDIO AO PROCESSO DE PROJETAÇÃO ARQUITETÔNICA

Cíntia Camila Liberalino1
Gleice Virgínia Medeiros de Azambuja Elali2

1. Autora- UFRN / Departamento de Arquitetura
2. Orientadora- UFRN / Departamento de Arquitetura


INTRODUÇÃO:
O projeto em questão está inserido na área de Psicologia Ambiental, na qual se estuda as relações bidirecionais entre o comportamento humano e o ambiente, conhecimento que pode repercutir significativamente nas decisões e resultados de projetos arquitetônicos. Esta pesquisa, cujo universo correspondeu aos estudantes de Arquitetura e Urbanismo que concluíram o curso da UFRN entre 2002 e 2006, o objetivo do trabalho do bolsista foi analisar a presença da figura humana nos Trabalhos Finais de Graduação (TFG’s), verificando em que condições a imagem humana é representada graficamente no projeto e discutida no texto monográfico que explica e justifica a proposta.

METODOLOGIA:
O trabalho desenvolvido se insere em um projeto de pesquisa mais amplo que visa analisar TFGs produzidos nos últimos cinco anos em 10 universidades brasileiras e, em termos de coleta da dados, corresponde ao estudo realizado no pré-teste dos instrumentos. A atividade teve inicio a partir da leitura e apresentação de seminários pelos bolsistas de iniciação científica e pesquisadores da base PROJETAR, consubstanciado como embasamento teórico sobre metodologia de projeto arquitetônico e, nesse caso específico, a influência das relações pessoa-ambiente em sua realização. O segundo passo foi a construção de um banco de dados (PROJEDATA) e dos instrumentos para avaliação dos TFG’s (ficha de cadastro geral e ficha de avaliação completa), processo nos qual todos os bolsistas participaram ativamente, cada um mais direcionado para seu objetivo específico - no caso aqui apresentado, a representação (gráfica e textual) da figura humana nos projetos de edificações avaliados, o que ocorreu a partir da análise detalhada de cada TFG selecionado e preenchimento da respectiva ficha avaliativa.

RESULTADOS:
De modo geral verificou-se pouca preocupação na definição do público alvo das propostas, pois, como projetistas os estudantes centraram-se na definição das diferentes categorias, necessidades e preferências dos usuários de cada edifício, abordando pouco (ou omitindo) aspectos como condições sócio-econômicas e psicológicas dos usuários, quantidade de freqüentadores e variação no uso por turno ou época. Nas discussões sobre acessibilidade e usos, detiveram-se mais às ligações entre os ambientes internos do que externos, preocupando-se em descrever as atividades desenvolvidas em cada ambiente, mas não as relações da edificação com o entorno. As áreas de uso comunitário também foram pouco exploradas, e os aspectos de visibilidade menos ainda, restringindo-se às paisagens que podem ser vistas do interior para o exterior dos edifícios. No que se refere às decisões projetuais, a maioria das propostas aparentou preocupar-se com a relação pessoa-ambiente, principalmente no que se refere a aspectos de funcionamento interno, como fluxo de acessos, dimensionamento dos cômodos, elementos de conforto ambiental e indicações paisagísticas. Já a definição de elementos estéticos, estruturais, de instalações prediais e a escolha de materiais ocorreram unicamente função do projeto. A representação da figura humana apresentou-se freqüente nos desenhos, nas plantas-baixas, cortes, fachadas e volumetrias. Aquelas representadas em movimento se encontravam circulando, e as estacionárias, desempenhando funções associadas ao tipo do edifício, em atitude contemplativa ou interagindo com outras figuras. Os resultados também mostram que há pouca preocupação dos alunos em inovar em suas representações de figuras humanas. Os blocos utilizados, em grande parte, são selecionados nas bibliotecas comuns do software AutoCAD e utilizados adequadamente, de acordo com o ambiente.

CONCLUSÕES:
Vários dos resultados obtidos já eram previstos, uma vez que nesta etapa foram trabalhados os TFG’s da UFRN, já conhecidos pelos pesquisadores da base PROJETAR. Um aspecto positivo em relação à representação da figura humana é a sua freqüência nas propostas analisadas, embora seja essencial mais criatividade no desenho ou na busca de imagens nas bibliotecas CAD. Também se esperava uma caracterização mais aprofundada dos usuários, considerada requisito essencial para o desenvolvimento do projeto arquitetônico, sobretudo quanto a sua quantidade e à freqüência de utilização do local. Os aspectos de visibilidade também se mostram pouco explorados, embora bem menos do que os aspectos relativos à acessibilidade e usos. Tal tipo de constatação demonstra a necessidade de ampliar a ênfase do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN nos aspectos mais humanizantes da projetação em arquitetura, de modo a formar profissionais mais voltados para essa esfera. Uma etapa subseqüente do trabalho, e que já está em andamento, é sua ampliação para a avaliação dos TFG’s de outras escolas.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Figura Humana, Trabalho Final de Graduação, Projeto de Arquitetura

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