60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 3. Instituições Políticas

GÊNERO, REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E VISIBILIDADE MIDIÁTICA: UMA ANÁLISE DAS REVISTAS VEJA E ÉPOCA

Cleiton Euzébio de Lima1, 2
Flávia Biroli1, 2, 3

1. Universidade de Brasília - UnB
2. Instituto de Ciência Política - IPOL
3. Orientadora


INTRODUÇÃO:
Este projeto busca analisar a relação entre os campos da mídia, política e gênero, com enfoque na visibilidade das mulheres políticas, em duas das mais importantes revistas semanais do país: Veja e Época. A sub-representação feminina nos espaços de decisão é percebida ao se analisar os baixos percentuais de mulheres com cargos nos três poderes institucionalmente constituídos: legislativo, executivo e judiciário. A busca uma representação política igualitária em termos de gênero, se tornou ma das mais importantes bandeiras do movimento feminista. Destaca-se neste sentido as discussões e a efetiva implementação de políticas de cotas para as mulheres na política. Nas sociedades modernas, a mídia detém importante papel na produção de capital político, portanto a (re)produção da exclusão feminina e dos estereótipos ligados à participação de mulheres no campo político, deve levar em conta as percepções transmitidas pelo campo midiático, da presença/ausência das mulheres na política.

METODOLOGIA:
O pesquisa consistiu nas seguintes etapas - coleta do material: revistas semanais Veja e Época, publicadas em dois períodos: agosto a outubro de 2006 e janeiro a março de 2007. - mapeamento do material selecionado por meio de fichas de leitura elaboradas pela orientadora, permitindo comparar a presença de mulheres e homens nas diferentes seções. Deu-se ênfase às matérias ligadas à política brasileira. - inserção dos dados em software estatístico apropriado; - análise quantitativa e qualitativa dos resultados obtidos; - análise de amostra dos textos selecionada a partir do mapeamento prévio, por meio de estratégias e referencial teórico fornecido pela Análise do Discurso de linha francesa;

RESULTADOS:
Foi obtido com esta pesquisa um mapeamento da presença de políticas (candidatas ou não) em período eleitoral e nos meses iniciais de 2007. Observou-se uma ampla exclusão das mulheres em termos quantitativo nas reportagens em geral. A exclusão se acentua quando se leva em consideração apenas reportagens como temática ligada à política. Em termos de condições de visibilidade como aparecer em fotos, com voz direta nas reportagens, os dados em relação às mulheres apresentaram que sua visibilidade se dá de maneira um pouco menos favorável em relação à visibilidade dos homens. Observou-se ainda, com a análise qualitativa dos dados, manutenção/reprodução de estereótipos de gênero, sobretudo com essencialização de características femininas como sensibilidade e vaidade. Ou ainda, em alguns casos, tentativas de enquadrar as mulheres a características ditas do mundo masculino, hegemônico na política.

CONCLUSÕES:
A política ainda é um campo marcado por profundas desigualdades em termos de gênero, e a mídia, como importante campo de difusão de representações sociais, tem contribuído para a manutenção destas desigualdades.O enquadramento que a mídia tem dado ao campo político é desfavorável à construção da carreira política das mulheres, visto que, em boa medida elas são silenciadas, ou ainda, quando detêm certa visibilidade, esta visibilidade tem se dado de forma estereotipada, colocando às mulheres em uma posição de agentes “estranhos” ao campo político. Assim, somente a ampliação quantitativa da participação das mulheres na política, não significa seguramente dar voz, a este grupo historicamente discriminado, barreiras simbólicas e culturais necessitam ser derrubadas para que se alcance uma efetiva participação feminina na política.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  gênero, representação política, mídia

E-mail para contato: cleiton@unb.br